Não é chuva de verão

Evento climático extremo no Litoral Norte de São Paulo assola inúmeras famílias brasileiras

Chuvas acima da média e ocupação irregular provocaram tragédia

Yasmin Arroyo/ Da Hora

Enquanto o Brasil se embalava no ritmo carnavalesco, o Litoral Norte de São Paulo era inundado pelo que não podemos chamar de chuva de verão. Cerca de 682 milímetros de chuva em 24 horas levaram casas, comércios e vidas.

Embora a crise climática seja um alerta à sociedade em décadas, ainda é um assunto, majoritariamente, ignorado. O professor e ativista ambiental Geraldo Majela suplica “É urgente. Vamos nos atentar. Não dá mais para que vidas e sonhos sejam feridos. Se a negligência governamental já foi freada, agora é nossa vez”.

Durante a tragédia, algumas manchetes pontuaram a situação como “Evento Natural” o que abalou os ambientalistas e os fizeram desassociar o termo “natural” ao que apontam como “emergência climática”.

A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, está defendendo a possibilidade de decretar estado de emergência em áreas de risco e também afirma “Não é chuva de verão”.

Até o momento, o número de mortes causadas pela tragédia está em 65, sendo 64 em São Sebastião e uma em Ubatuba, outra cidade da região afetada pelo temporal que devastou o Litoral Norte de SP.

57 vítimas foram identificadas e liberadas para o sepultamento. Segundo o governo estadual, são 21 homens adultos, 17 mulheres adultas e 19 crianças. De acordo com o último boletim estadual, divulgado às 18h deste domingo, são 1.109 desalojados e 1.172 desabrigados na cidade.

Um levantamento feito pelo G! mostra que parte das mortes na Vila do Sahy ocorreu em locais onde a prefeitura de São Sebastião permitiu a ocupação de casas irregulares que desabaram com os deslizamentos. A gestão municipal restringiu a área permitida para ocupação em 2009, prometendo urbanizá-la em dois anos. Aí não cumpriu. Em 2016, a medida foi oficializada em lei e foi estabelecido um perímetro para a ampliação permitida dos imóveis. Ao menos 15 pessoas morreram na região e outras seis vítimas moravam próximo.

A tragédia que devastou o Litoral Norte de São Paulo completou uma semana neste domingo

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