Mais da metade da população não sabe o que fazer com o lixo eletrônico

Por Lizandra Vilela

Dados apontam que o volume de lixo eletrônico tem aumentado no mundo ao longo dos anos. No Brasil, não é diferente. Desde 2010, está em vigor a lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Tendo como objetivo a prevenção e redução do descarte de resíduos eletrônicos em lixos comuns, a lei propõe uma prática de hábitos de consumo sustentável. Com o preocupante aumento desses resíduos no solo, a PNRS também destaca a importância da reciclagem e reutilização de resíduos sólidos, buscando uma melhor conscientização por parte dos brasileiros. Pesquisas mostram que os números são alarmantes. Cerca de 60 % dos resíduos eletrônicos no Brasil são jogados no lixo comum, acarretando graves malefícios ao solo. Um dos motivos de reclamação e, consequentemente, justificativa por parte das pessoas, é o escasso número de postos de coleta especializados.

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Foto: Cybele Coelho

Em enquete realizada em Pelotas foram ouvidas cerca de 20 pessoas a respeito do descarte do lixo eletrônico. No resultado foi comprovado que ainda temos muito para aprender quando se trata da reciclagem e um melhor destino de resíduos sólidos.

Com a pergunta: “O que você costuma fazer com o seu lixo eletrônico?”, a enquete teve como objetivo descobrir o destino desses resíduos após o uso descartado. Grande parte das pessoas ouvidas, 61%, disse que, normalmente, não sabe o que fazer com estes lixos eletrônicos. E este fato se agrava quando, a maioria destas pessoas, ao não saber, acaba descartando estes resíduos junto com o lixo comum. Russein Franchini conta que nem ao menos sabe onde há postos de coleta na cidade de Pelotas. Já Tainã Silveira diz que sempre acaba jogando no lixo comum, nunca tendo cogitado a opção de procurar um ponto de coleta especializado.

Porém, a mesma enquete comprova que a consciência humana está melhorando gradativamente. Quando questionados, 23% dos entrevistados disseram que procuram centrais de recolhimento de lixos especializados, mesmo não havendo muitos postos de coletas. “Como trabalhei em eletrônica por muito tempo, procuro centrais de recolhimento especializadas. Claro que aqui em Pelotas não temos essa grande empresa especializada, mas sempre é possível dar um melhor destino para esses resíduos.”, conta Wellington Paranhos. João Cruz alertou sobre os riscos que esses resíduos causam, quando acabam no solo. “Eu já assisti uma palestra onde foi dito sobre o nível de poluição desses objetos quando descartados em lugares impróprios. Por isso, sempre procuro dar um melhor destino para os lixos eletrônicos”, conta o paulista que ainda completa dizendo que em sua cidade há poucas centrais de postos de recolhimento, porém, a própria prefeitura aceita esses resíduos, servindo de posto de coleta.

A PNRS também alerta sobre a importância dos fabricantes recolherem esses resíduos após o descarte. A estudante de Gestão Ambiental pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense, Jennifer da Silva Vahl, acredita que ainda falta uma maior conscientização, principalmente, por parte das empresas. “Postos de coletas realmente são pontos complicados de encontrar. Os fabricantes deveriam ser mais comprometidos com essa questão, principalmente, com a Logística Reversa. Da mesma forma que deveria haver mais pontos de coleta de sobras de remédios, de pilhas, entre outros, deve haver essa preocupação com o descarte eletrônico”, aponta a estudante, que também enfatiza o fato de que os empreendedores não terceirizarem essas atividades é agravante, pois, os postos apenas recebem esses resíduos, tendo que enviar para uma empresa de reciclagem.

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Foto: Reprodução (http://goo.gl/DR8Q33)

Esta dificuldade de conscientização dos fabricantes foi comprovada na enquete realizada já que, dos entrevistados, apenas 15% já encontraram em fabricantes um meio de descartar os resíduos. Rafaela Amaral conta que, em Santa Vitória do Palmar, as próprias lojas que vendem os produtos eletrônicos os recolhem quando estes estragam. “Lembro que em algumas lojas a pessoa até mesmo ganha desconto quando há essa troca”, relata a estudante. A enquete ainda aponta que 30% das pessoas, apesar de não saberem o que fazer com esses lixos, não descarta resíduos sólidos em lixos comuns. Acabam guardando até encontrar um posto de coleta. “Estou passando por este problema agora. Como não encontro nenhum anúncio ou uma “page” no facebook que possa me instruir nesse caso, tenho guardado vários resíduos para que, quando surgir algo, eu possa descartá-los de maneira adequada”, diz o estudante Alexandre Gonçalves.

A mesma enquete ainda mostrou que, apesar do que é dito, ao não saber o que fazer com esses resíduos sólidos, algumas pessoas ainda procuram utilizá-los, apenas descartando estes, de fato, quando não possuem mais conserto ou serventia.
Para saber mais sobre a PNRS, basta acessar o site do Palácio do Planalto do Governo Federal.

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