Impactos e prejuízos: saiba mais sobre o apagão do Facebook que marcou a última semana

Instabilidade global dos serviços deixou os usuários offline por mais de seis horas

Facebook, Whatsapp e Instagram foram afetados pelo apagão. Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Por Helena Schuster/Em Pauta

A última segunda-feira (4) ficou marcada pelo “apagão” dos serviços do Facebook, que contempla as redes sociais mais populares do mundo: Facebook, Whatsapp e Instagram. Segundo a empresa, a queda global das plataformas, que durou mais de seis horas, foi causada por alterações de configuração nos roteadores que coordenam o tráfego de rede entre os centros de dados. Em outras palavras, a falha no tráfego afetou a forma com que os dados “conversam” entre si, causando a interrupção da conexão das plataformas com a internet. A empresa também esclareceu que não houve nenhum ataque criminoso ou perda de dados dos usuários.

Entretanto, o tempo que os serviços permaneceram fora do ar foi suficiente para mudar a rotina dos mais de três bilhões de usuários no mundo. Alguns dos mais afetados pela queda foram aqueles que utilizam as redes sociais como ferramenta de trabalho. No Brasil, elas são importantes aliadas de micro e pequenas empresas. Segundo dados do Sebrae, 70% dos pequenos negócios utilizam as redes sociais para vender seus produtos – e a maioria utiliza os serviços fornecidos pelo Facebook.

Pesquisa aponta a importância das redes para os pequenos negócios. Imagem: Helena Schuster/Em Pauta

Para a designer e criadora de conteúdo Natália Pereira, que possui uma loja virtual e também presta serviços de social media para outras empresas, a chave para lidar com o dia offline foi a organização. Ela conta que, sem a possibilidade de levantar dados e fazer postagens, utilizou o tempo para trabalhar em outros pontos dos projetos e buscou conversar com seus clientes. “O papo daquele dia era a queda [dos serviços], e os posts dos meus clientes não iam ter um bom desempenho, então conversei com eles e nós optamos por postar no outro dia. Acredito que a organização e a compreensão de que as coisas iriam voltar fizeram com que eu não ficasse tão perdida”, explica.

Para a Agência Brasil, o presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e dos Empreendedores Individuais (Conampe), Ercilio Santinoni, declarou que todos os pequenos negócios sofreram com o problema do apagão, embora ainda não seja possível mensurar os danos.

Aplicativos rivais saíram no lucro

Seja para lazer ou trabalho, a estratégia foi migrar para outras formas de comunicação durante o apagão – e as concorrentes saíram ganhando com a ausência das gigantes do Facebook, conforme apontam os dados da Sensor Tower, agência de análises do mercado mundial de aplicativos. Um dos parâmetros da agência é o tempo gasto pelos usuários. Para os concorrentes Snapchat, Telegram, Signal, Twitter e TikTok, este número cresceu. Já para os serviços do Facebook, o tempo gasto diminui em todas as plataformas.

Concorrentes ficaram em destaque na ausência dos serviços do Facebook. Imagem: Helena Schuster/Em Pauta

No entanto, foi a disputa por um “substituto” para o Whatsapp que provocou a maior movimentação no mercado dos apps. Uma estimativa preliminar da Sensor Tower apontou que os aplicativos de mensagem Telegram, Viber e Signal obtiveram picos de adesão de usuários. O mais popular foi o Telegram, que registrou 6,3 milhões de downloads na segunda-feira, equivalente a uma alta de 530% em relação ao dia anterior. Já o Viber saltou de 137 mil downloads para quase 1 milhão, com um aumento de 630%, e o Signal registrou 881 mil downloads, número quase doze vezes maior do que o dia anterior.

Queda dos serviços também trouxe danos ao Facebook

O apagão global das redes do Facebook não afetou apenas os usuários. Segundo uma estimativa da Netblocks, organização de rastreamento à cibersegurança, o Facebook sofreu um forte impacto financeiro. Somente no Brasil, a empresa pode ter perdido até 24,7 milhões de dólares em função da queda dos serviços. O prejuízo do Facebook no país pode ser ainda maior por conta de uma notificação feita pelo Procon de São Paulo. O órgão de defesa do consumidor pediu explicações sobre a falha e afirmou que a empresa pode ser responsabilizada e penalizada com multas superiores a R$ 10 milhões.

Quem também saiu perdendo foi o co-fundador e principal acionista do Facebook, Mark Zuckerberg. O apagão se somou a uma outra polêmica envolvendo a empresa: as denúncias e o vazamento de documentos de uma ex-funcionária. Frances Haugen era gerente de produto na equipe de desinformação cívica da empresa e, agora, acusa o Facebook de priorizar o lucro em detrimento da segurança dos usuários. Após as polêmicas, as ações da empresa registraram queda de quase 5% no início da semana, custando cerca de 6 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 33 bilhões na cotação atual) da fortuna de Zuckerberg.

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