Festa italiana no Masters 1000 de Monte Carlo

Fognini comemora o primeiro Masters de sua carreira. Imagem: Divulgação/Ranking ATP

Por Luís Artur Janes Silva

Neste domingo (21), tivemos a final do Masters 1000 de Monte Carlo, o terceiro torneio desta série na temporada, que inaugura o circuito europeu das quadras de saibro (ou terra batida), que atingirá o auge no final de maio e início de junho, quando teremos Roland Garros, o segundo Grand Slam de 2019. Numa decisão inesperada, o italiano Fabio Fognini bateu o sérvio Dusan Lajovic por dois sets a zero, com parciais de 6-3 e 6-4.

Fognini, 31 anos de idade, conquistou o seu nono título no circuito mundial do tênis e, de quebra, arrematou o troféu mais importante de sua carreira, marcada pela inconstância de um jogador talentoso, mas também bastante temperamental, que muitas vezes entregou jogos ganhos ao desconcentrar-se com facilidade.

 

DESTAQUES DO MASTERS 1000 DE MONTE CARLO

O Masters 1000 de Monte Carlo é disputado desde 1897, e faz parte do circuito principal do tênis, desde a profissionalização do esporte, ocorrida em 1968. Dentre os seus vencedores, cabe destacar o romeno Ilie Nastase e o sueco Bjorn Borg, ídolos nos anos 1970 e que abocanharam a láurea máxima no Principado em três oportunidades, mesmo número de vezes que o austríaco Thomas Muster, que foi destaque nos anos 1990. O Brasil já venceu duas vezes em Mônaco, com o mito Gustavo Kuerten, campeão do torneio em 1999 e 2001.

Mas o maior de todos os campeões no saibro de Monte Carlo é o espanhol Rafael Nadal, o grande tenista das quadras de terra na história do esporte das raquetes. Nadal conquistou 11 títulos em doze finais que participou. Foram oito canecos consecutivos entre 2005 e 2012, arrematando esta série com mais três troféus consecutivos (2016, 2017, 2018). Rei do saibro, Rafa defendia o título em quadras monegascas.

Assim, o Masters de Monte Carlo foi disputado por 56 tenistas, que participaram de seis fases. Oito atletas entraram direto no segundo momento do campeonato, fato que não garantiu o título para nenhum destes jogadores. Na primeira fase, duas desclassificações chamaram a atenção dos torcedores do tênis. O jovem canadense Denis Shapovalov perdeu para o alemão Jan-Lennard Struff e o francês Jo-Wilfried Tsonga, que tenta reviver os seus tempos áureos, teve que desistir durante sua disputa com o estadunidense Taylor Fritz.

Na segunda fase, três dos cinco cabeças de chave que estrearam na competição foram derrotados e despediram-se prematuramente das quadras de Monte Carlo. O decadente croata Marin Cilic perdeu para o argentino Guido Pella (campeão do Brasil Open), e que vem atuando em alto nível na temporada. Já o japonês Kei Nishikori caiu diante do excelente duplista Pierre-Hugues Herbert. E, finalmente, o jovem russo Karen Khachanov sentiu a “maldição da estreia”, caindo diante do italiano Lorenzo Sonego, que veio do torneio qualificatório, disputado antes da chave principal do Masters.

O destaque positivo da segunda rodada entre os cabeças de chave foi o alemão Alexander Zverev, número três do mundo, que arrasou o ascendente Félix Auger-Aliassime, aplicando dois sets a zero, com parciais de 6-1 e 6-4.

A partir das oitavas de final, Fognini e Lajovic começaram a mostrar o seu tênis vencedor. O italiano venceu Alexander Zverev, com dificuldades no set inicial (7-6), mas “patrolando” na parcial derradeira (6-1). Enquanto isso, Lajovic foi soberano diante do austríaco Dominic Thiem, vencedor de Indian Wells, e considerado o segundo melhor tenista da atualidade no saibro. O sérvio aplicou dois sets a zero, com duplo 6-3.

Nas quartas de final, Lajovic bateu a surpresa italiana Lorenzo Sonego, enquanto Fognini tomou um susto no set inicial contra o croata Borna Coric, perdendo por 6-1, mas teve cabeça para virar o jogo e garantir vaga entre os quatro melhores do torneio. Nesta fase, Nadal de forma discreta e eficiente eliminou Guido Pella, mas o grande jogo desta etapa reuniu Daniil Medvedev e o número um do planeta, o sérvio Novak Djokovic. Estagnado e sem vibração depois da conquista do Australian Open, Djokovic parou diante do russo Medvedev, que conquistou a sua vigésima vitória na temporada, garantindo o posto de maior vencedor de 2019 (20 jogos).

Na fase semifinal, Lajovic não deu chances ao algoz de Djokovic, ganhando por dois sets a zero (7-5, 6-1). Enquanto isso, Fognini foi gigante diante do mito do saibro, o espanhol Rafael Nadal. O italiano venceu por dois sets a zero (6-4, 6-2) e garantiu seu lugar na final.

 

A FINAL

A final acabou sendo relativamente tranquila para o experiente tenista da Itália, que atuou com a segurança de quem havia eliminado o segundo e o terceiro lugar do ranking mundial durante a competição. Assim, Fognini respeitou o adversário, que já havia despachado o belga David Goffin e o austríaco Thiem, especialista no saibro, mas soube impor seu jogo ao sérvio.

No set inicial, no terceiro e quarto game da disputa, cada tenista havia conseguido uma quebra de saque. Como num jogo de damas, decidido nos detalhes, na quebra seguinte, o italiano Fognini soube controlar as ações e garantir seu primeiro triunfo.

Na parcial seguinte, cada tenista teve uma quebra nos dois primeiros games do set. Mas Fabio Fognini foi paciente e na próxima quebra de saque que impôs ao sérvio conseguiu controlar a partida até o seu término. A única nota de drama neste enredo foi o incômodo que o italiano sentiu na coxa no decorrer da segunda parcial, mas nada que impedisse a sua conquista. Com o troféu em mãos, o italiano passará do 18º para o 12º lugar no ranking mundial do tênis. Enquanto isso, Lajovic saltará da 48ª para a 24ª posição na tabela de classificação dos jogadores.

 

MASTERS 1000 DE MONTE CARLO PARA OS BRASILEIROS

A participação brasileira em Monte Carlo teve os onipresentes Bruno Soares, Marcelo Melo e o gaúcho Marcelo Demoliner, duplistas que disputam com assiduidade o circuito mundial do tênis.

Com a desclassificação prematura da dupla cabeça de chave número um do torneio, formada pelos franceses Nicolas Mahut e Pierre-Hugues Herbert, a esperança de título para o Brasil cresceu, já que a dupla de Marcelo Melo era a número 2 da chave principal, enquanto o duo de Bruno Soares ocupava o posto 3 entre os cabeças de chave. Mas o caneco não veio, pois Bruno Soares e o britânico Jamie Murray acabaram eliminados nas semifinais pelos holandeses Robin Haase e Wesley Koolhof. Antes disso, Marcelo Melo e seu parceiro, o polonês Lukasz Kubot foram batidos nas quartas de final pelos croatas Franko Skugor e Nikola Mektic, futuros campeões do Masters.

Assim, o grande desempenho brasileiro em Monte Carlo, acabou sendo de Marcelo Demoliner, que jogou com o russo Daniil Medvedev e chegou às quartas de final. Batendo David Goffin e Lucas Pouille na fase inicial e os grandes duplistas colombianos Robert Farah e Juan Sebastián Cabal nas oitavas, o time do gaúcho teve que abandonar a partida das quartas contra os argentinos Máximo González e Horacio Zeballos. Definitivamente, Demoliner rendeu bastante no saibro de Mônaco, prometendo bons resultados na continuação dos torneios neste tipo de piso.

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