Encontro Internacional Ubuntu de Arte Negra em Pelotas

Evento destaca a importância de debater a questão racial na Arte. Foto: Lunara Duarte

Por Lunara Duarte

Na tradição africana, Ubuntu é uma expressão que possui inúmeros significados, mas pode-se dizer que há dois que se destacam: “Humanidade para os outros” e “Sou o que sou pelo que nós somos”. A origem do termo remonta a uma palavra antiga da língua Zulu, pertencente ao grupo linguístico bantu, e o seu significado exalta os valores de solidariedade, respeito e cooperação, estabelecendo uma conexão com todos à nossa volta.

Seguindo essa concepção, estudantes negros da Universidade Federal de Pelotas reuniram-se em busca de representatividade no cenário cultural da cidade. Eis que surge a Ubuntu Arte Coletiva, hoje reiniciando as suas atividades através do I Encontro Internacional de Ubuntu Arte Coletiva. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de novembro, no Clube Cultural Chove e Não Molha, e abordou o empoderamento negro na arte e na educação. As atrações contaram com exposições, oficinas e rodas de conversa.

Andy Marques, estudante de Artes Visuais e uma das organizadoras do encontro, explica que tudo surgiu a partir da disciplina de Produção Cultural, ofertada pela UFPel, e que o momento político atual ajudou reconectar os artistas negros. “A Ubuntu é um desejo de quem é negro, de quem está nessa cidade e sofreu inúmeras coisas, mas também é uma questão de resistência”, ressalta. E essa união faz a força.

Iansã e Oxum retratadas nos desenhos de Alessandro Flores

Abertura do evento

Nesta sexta-feira, (9), às 16h30, aconteceu a abertura do evento. No primeiro momento, destacou-se a relevância do Clube para a população negra da cidade, que na maioria das vezes desconhece os lugares de resistência. Em seguida, o debate sobre a presença negra nas Artes Visuais, mediado por quatro mestrandos do curso, expôs os desafios de encarar o racismo no ambiente universitário e a busca constante por referências, além da necessidade de levar o conhecimento até a periferia.

O que também chamou a atenção do público foi a exposição ReOri em Foco, do artista Alessandro Flores. O “Ori” (cabeça em iorubá) simboliza a tomada de consciência da própria ancestralidade. Os desenhos representam figuras de Orixás, divindades do panteão africano, exibindo cores e formas que exaltam a negritude. “Eu pensei nessa questão de procurar as nossas raízes antes da colonização. Isso é a nossa ancestralidade e a nossa metafísica como negros”, pontua.

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