Cincinnati consagra os seus campeões

Por Luís Artur Janes Silva 

Neste domingo (18), tivemos a decisão do Masters 1000 de Cincinnati, o sétimo torneio desta série na temporada de 2019. Além da chave de simples masculina, foram realizadas as finais de duplas masculinas e do simples feminino deste torneio, que constitui o último desafio importante antes do Aberto de Tênis dos Estados Unidos, o quarto Grand Slam deste ano. 

Daniil Medvedev conquista o primeiro Masters 1000 de sua carreira. Imagem: Aaron Doster/ USA Today Sports.

A HISTÓRIA DO TORNEIO DE CINCINNATI

Cincinnati recebe torneios de simples masculino e feminino desde o ano de 1899. A chave feminina deste campeonato sofreu dois grandes períodos de interrupção. O primeiro deles aconteceu entre 1974 e 1987, seguido de outro intervalo, que transcorreu de 1989 até 2003. Enquanto isso, a chave masculina sempre foi realizada com extrema regularidade.

Roger Federer é o grande campeão de Cincinnati, tendo conquistado sete troféus em oito finais disputadas. O estadunidense Robert Riggs e o sueco Mats Wilander são os mais próximos de Federer em termos de conquista de troféus. Cada um destes jogadores possuem cinco títulos do torneio. 

Diferente de outros grandes campeonatos do circuito mundial do tênis, neste Masters, os membros remanescentes do Big Three atual (Novak Djokovic e Rafael Nadal) têm apenas uma conquista cada, ou seja, Federer domina com certa tranquilidade o ranking histórico deste certame. Gustavo Kuerten faz parte da galeria dos campeões de Cincinnati desde 2001, quando obteve o título, disputado contra o australiano Patrick Rafter.

Entre as mulheres, as estadunidenses Ruth Sanders Cordes e Clara Louise Zinke lideram o panteão das campeãs, com troféus conquistados entre as décadas de 1910 e 1930. Após o retorno definitivo das disputas femininas em Cincinnati, em 2004, apenas Serena Williams conquistou mais de um título da competição (2014, 2015). Antes disso, Serena havia sido vice-campeã no ano de 2013.

Os torneios de duplas de Cincinnati são disputados desde 1968. Entre os homens, os irmãos Bob e Mike Bryan são os grandes vencedores, com cinco títulos. Suas conquistas aconteceram nos anos de 2003, 2008, 2010, 2013 e 2016. Além disso, são donos de três vice-campeonatos, obtidos em 2006, 2007 e 2009. Os australianos Todd Woodbridge e Mark Woodforde seguem os estadunidenses de perto, com quatro troféus (1992, 1995, 1997 e 2000) e um vice-campeonato (1999). Cabe lembrar que, Woodbridge ainda tem outro vice-campeonato, conseguido em 2004, mas sem a companhia de Woodforde

Outro duplista de destaque neste torneio é o canadense Daniel Nestor, que é dono de cinco canecos em Cincinnati. Três destes títulos foram garantidos ao lado de Mark Knowles (1996, 1998, 2004) e, nos outros dois, Nestor teve a parceria de Nenad Zimonjic (2009) e do francês Edouard Roger-Vasselin (2015). Daniel Nestor ainda tem um segundo lugar em Cincinnati (1995), atuando ao lado de Mark Knowles.

O Brasil tem uma boa história nos torneios de duplas masculinas de Cincinnati. Em 1983, Carlos Alberto Kirmayr e Cássio Mota foram batidos na final, pelos estadunidenses Victor Amaya e Tim Gullikson. Recentemente, o Brasil conquistou dois títulos de duplas neste Masters. Em 2016, Marcelo Melo e o croata Ivan Dodig ficaram com o troféu. No ano passado, Bruno Soares e Jamie Murray, que haviam sido vice-campeões em 2017, venceram os colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah, conquistando o prêmio maior do campeonato.

Enquanto isso, na curta história das duplas femininas em Cincinnati, temos o predomínio de Rosemary Canals (EUA) e Gail Chanfreau (FRA), que triunfaram em duas oportunidades neste torneio (1970, 1972). Chanfreau ainda foi vice-campeã de 1971, sem a companhia de Canals. Além delas, temos uma lista de seis jogadoras que possuem dois canecos neste campeonato, mas atuando com parceiras diferentes em cada conquista.

 

CHAVE DE SIMPLES MASCULINA DE CINCINNATI

A chave de simples masculina de Cincinnati, não contou com as participações de Rafael Nadal, campeão do Masters do Canadá e, do austríaco Dominic Thiem, o quarto melhor tenista do planeta. Assim, parecia que este Masters 1000 dos Estados Unidos, ficaria com os gênios Novak Djokovic e Roger Federer, mas não foi isso que acompanhamos.

Na fase inicial, os croatas Marin Cilic (que fez dois péssimos Masters na sequência) e Borna Coric, o canadense Félix Auger-Aliassime, o búlgaro Grigor Dimitrov (em constante queda livre) e o francês Gael Monfils, deram adeus ao torneio de Cincinnati. A única eliminação precoce que não foi lamentada envolveu o britânico Andy Murray, que voltava às quadras na chave de simples, depois de um hiato de sete meses. O escocês foi derrotado pelo tenista francês Richard Gasquet, que aplicou um duplo 6-4. Revés em quadra, mas vitória da persistência de Murray.

A segunda rodada deste Masters foi muito agitada e teve vários destaques. O primeiro deles, foi a derrota de John Isner, o melhor tenista dos Estados Unidos na atualidade, que não resistiu ao espanhol Pablo Carreno Busta (4-6, 7-6, 6-7). No duelo dos japoneses, Kei Nishikori (Top 10), não resistiu a Yoshihito Nishioka, número 77 do mundo, que venceu por 6-7 e 4-6. Enquanto isso, o grego Stefanos Tsitsipas foi outra vez decepcionante, sendo barrado pelo alemão Jan-Lennard Struff (4-6, 7-6, 6-7).

Outra promessa do tênis mundial que seguiu o roteiro de uma temporada decepcionante foi o alemão Alexander Zverev, que cometeu 20 duplas faltas e caiu diante do sérvio Miomir Kecmanovic, que triunfou em três sets (7-6, 2-6, 4-6). Já o russo Andrey Rublev não tomou conhecimento de Stan Wawrinka e venceu por duplo 6-4.

Mas o grande vexame desta rodada foi protagonizado pelo australiano Nick Kyrgios, que foi batido pelo russo Karen Khachanov (6-7, 7-6, 6-2). O vexame não se deu por conta do resultado, mas sim pelo comportamento de Kyrgios, que discutiu com o árbitro de cadeira, quebrou duas raquetes e, no final do jogo, cuspiu em direção ao responsável pelo jogo. Simplesmente, vergonhoso.

Nas oitavas de final, a grande surpresa foi a eliminação do maior vencedor de títulos em Cincinnati. O suíço Roger Federer enfrentou e perdeu para um atento e irrepreensível Andrey Rublev (3-6, 4-6). Na fase seguinte, o japonês Nishioka desistiu da partida contra o belga David Goffin e no duelo de russos, Daniil Medvedev, vice-campeão de Washington e Canadá, nas duas últimas semanas, parou Andrey Rublev em sets diretos (6-2, 6-3).

Assim, as semifinais contaram com a presença do gigante Djokovic, que era favorito destacado contra Medvedev, Goffin e a surpresa, o francês Richard Gasquet. Mas o sérvio não conseguiu passar por Daniil Medvedev, que foi massacrado no set inicial, mas recuperou-se e derrubou o número um do mundo (3-6, 6-3, 6-3). Na outra semifinal, o discreto Goffin passou por Gasquet e garantiu a sua primeira final de Masters 1000 (6-3, 6-4).

Na final, tivemos o enfrentamento entre o cabeça de chave número 9 do torneio (Daniil Medvedev) e o cabeça 16 do campeonato (David Goffin). Medvedev, que é o jogador que mais venceu partidas nesta temporada (43), chegava à sua terceira final consecutiva, considerando os três últimos domingos. Antes disso, o russo havia perdido o ATP 500 de Washington para Kyrgios e, no domingo passado, tinha sido derrotado na final do Masters do Canadá, para Rafael Nadal. Assim, Medvedev disputava a segunda decisão de Masters 1000 de sua carreira em sete dias.

No jogo, Medvedev teve dificuldades apenas no set inicial, que foi decidido no tie break. No set seguinte, o russo conseguiu uma quebra logo no início da parcial e passou a impor o seu saque poderoso e o jogo de fundo de quadra consistente, fechando a parcial em 6-4. Com a vitória, Medvedev conquista o primeiro Masters de sua carreira e subirá ao quinto posto do ranking mundial. Enquanto isso, o belga Goffin, será o 15º deste mesmo ranking.

 

 CHAVE DE SIMPLES FEMININA DE CINCINNATI

Na chave feminina de Cincinnati, que não teve a presença das finalistas de Toronto (Bianca Andreescu e Serena Williams), presenciamos as eliminações precoces da letã Jelena Ostapenko (que ainda é considerada pela sua história, mas está cada vez mais irregular), da britânica Johanna Konta, da dinamarquesa Caroline Wozniacki, da suíça Belinda Bencic e da alemã Angelique Kerber. Todas estas podiam não estar no rol das grandes favoritas do torneio, mas por seu histórico, tinham chances de surpreender.

Na segunda rodada, duas Top 10 deram adeus ao torneio de Cincinnati. A holandesa Kiki Bertens, quinta do mundo, perdeu para Venus Williams (3-6, 6-3, 6-7). Já a sexta melhor do planeta, a tcheca Petra Kvitova, caiu diante da grega Maria Sakkari (4-6, 6-2, 3-6). Além disso, Victoria Azarenka foi batida pela croata Donna Vekic, em sets diretos (6-2, 7-5) e, a russa Maria Sharapova, que passou dois anos suspensa por causa de doping, tenta retomar a carreira, mas não foi páreo para Ashleigh Barty, que atropelou com parciais de 6-4 e 6-1.

Nas oitavas de final, Sloane Stephens, número 10 do mundo, foi arrasada pela veterana russa (34 anos) Svetlana Kuznetsova, 153 do ranking (1-6, 2-6). Simona Halep, três vezes vice-campeã de Cincinnati (2015, 2017, 2018), perdeu para Madison Keys (1-6, 6-3, 5-7) e a sétima melhor tenista do mundo, a ucraniana Elina Svitolina, foi barrada por Sofia Kenin (3-6, 6-7).

Nas quartas de final, Svetlana Kuznetsova, campeã do Aberto dos Estados Unidos (2004) e de Roland Garros (2009), e que já foi segunda melhor tenista do mundo, brecou o avanço da tcheca Karolina Plíšková, atual terceira do ranking. A russa venceu em três sets e com parciais de 3-6, 7-6, 6-3. Enquanto isso, Madison Keys não tomou conhecimento de Venus Williams e triunfou em sets diretos (6-2, 6-3). Já a nipônica Naomi Osaka, que havia retomado o posto de número um do planeta, teve que retirar-se do jogo contra a estadunidense Sofia Kenin.

Nas semifinais, tivemos o clássico dos Estados Unidos, que reuniu Madison Keys, número 18 do mundo, que enfrentou e derrotou Sofia Kenin, número 22 do planeta. A partida terminou em sets diretos (7-5, 6-4). Enquanto isso, a segunda melhor tenista do mundo, a australiana Ashleigh Barty sentiu a força da experiência de Svetlana Kuznetsova, que aplicou 6-2 e 6-4 na adversária.

Na final, Kuznetsova não enfrentou uma tenista Top 10 do ranking, mas quase conseguiu vencer em Cincinnati. A estadunidense Madison Keys não deixou que a zebra se consumasse, obtendo a vitória numa partida muito disputada, que terminou em sets diretos, mas com parciais altas (7-5, 7-6). Keys subirá para o 10º lugar no ranking mundial, enquanto Kuznetsova chegará ao número 62 desta tabela.

 

CHAVE DE DUPLAS DE CINCINNATI

Na chave de duplas masculinas, Marcelo Melo e o polonês Lukasz Kubot, iniciaram batendo a dupla sérvia formada por Novak Djokovic (sim, ele mesmo) e Janko Tipsarević em sets diretos (6-2, 6-3). Mas o mau momento de Melo/Kubot perdura, confirmando-se com a eliminação que sofreram nas quartas de final, diante do ex-parceiro de Melo, o croata Ivan Dodig, que atuou ao lado do eslovaco Filip Polasek. Melo e Kubot perderam de virada (3-6, 6-4, 10-5).

Nas quartas de final, também vale destacar o enfrentamento entre os irmãos Jamie e Andy Murray, que terminou com a vitória do primeiro, que jogou com o britânico Neal Skupski. Andy e Feliciano López foram batidos por dois sets a um (6-7, 7-5, 10-4).

Enquanto isso, Bruno Soares e o croata Mate Pavic, que eliminaram a dupla formada pelo brasileiro Marcelo Demoliner e o russo Daniil Medvedev, nas oitavas de final (7-5, 7-5), acabaram batidos na fase semifinal, quando caíram diante da melhor dupla do mundo no momento, formada pelos colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah, vice-campeões de 2018, quando foram batidos pelo próprio Bruno Soares, que ainda jogava com Jamie Murray. Desta vez, os colombianos venceram em sets diretos (6-3, 6-2).

Na final, a dupla colombiana falhou demais no saque, principalmente, a partir do último game do segundo set. Assim, Farah e Cabal perderam de virada para Ivan Dodig e Filip Polasek (4-6, 6-4, 10-6), que além de terem sido os algozes de Marcelo Melo, também haviam derrotado os irmãos Bob e Mike Bryan, os multicampeões de Cincinnati, que foram batidos ainda nas oitavas de final. 

A chave feminina de duplas de Cincinnati, teve a presença da zebra desde as oitavas de final, quando a canadense Gabriela Dabrowski e a chinesa Xu Yifan, caíram diante das estadunidenses Alison Riske e Caty McNally por dois sets a um (6-7, 6-4, 17-15). Na fase seguinte, as campeãs no Canadá, na semana passada, as tchecas Barbora Krejciková e Katerina Siniaková foram derrotadas pelas compatriotas Karolina e Kristyna Plisková (5-7, 6-2, 6-10).

Assim, a final reuniu a dupla formada pela atual campeã do torneio, a tcheca Lucie Hradecká, que atuou ao lado da eslovena Andreja Klepac, contra Anna-Lena Grönefeld (ALE) e Demi Schuurs (HOL), que foram vice-campeãs no Canadá, na semana passada. Além disso, Schuurs havia conquistado o vice-campeonato de Cincinnati, em 2018. Hradecká e Klepac venceram em sets diretos (6-4, 6-1). Com este título, Lucie Hradecká passa a ser a maior vencedora de Cincinnati, dona de três conquistas (2012, 2018 e 2019), sempre com parceiras diferentes.

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