AIDS: conheça e saiba mais sobre a doença

A AIDS é uma doença que até hoje gera pânico, medo e incertezas na humanidade. Mas, o que mais você sabe sobre ela?

Por Juliana Luz de Camargo

O verão está aí e com ele a curtição. O problema é que pensando na “curtida” muitos jovens e adultos esquecem que o cuidado ao se relacionar com outras pessoas deve ser redobrado. Doenças sexualmente transmissíveis deveriam ser a dor de cabeça para quem não gosta de usar camisinha, mas nem sempre são, mesmo com o alerta mundial para as doenças graves.

A AIDS, a grande vilã de todos os tempos, foi descoberta em 1982, tendo sido chamada anteriormente por “Doença dos 5H” (Homossexuais, hemofílicos, heroinômanos – usuários de heroína injetável, haitianos e hoockers – prostitutas), “câncer gay”, dentre outros.

Essas definições repercutem até hoje na imagem que a população mundial tem da doença. Para falar mais do vírus, a mestre e doutoranda em Ciências Medicas, pela UFRGS, Ana Júlia B. Luz, aponta as principais formas de contágio, explica qual procedimento deve ser feito ao ter contato com o vírus e dá dicas para que a prevenção seja feita de forma correta e eficaz.

Muitas pessoas ainda têm o preconceito mistificado que um indivíduo infectado possui a face atrofiada e o corpo emagrecido, que a doença é adquirida somente por sexo anal ou que é doença de homossexuais. “Esse preconceito reflete diretamente no aumento do número de casos da doença, visto que as pessoas se preocupam menos em contrair o vírus de uma pessoa aparentemente saudável, heterossexual, e não utilizam os métodos de prevenção”, explica a biomédica.

Do mesmo modo, a falta de informação sobre a manifestação da doença auxilia na falta de realização de exames, ocorrendo a disseminação do vírus pelas pessoas infectadas que desconhecem seu estado.

Imagem: Divulgação

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Os dados epidemiológicos confirmam essas informações:

Em 2014, o número de casos de pessoas vivendo com HIV no mundo foi de 36,9 milhões de pessoas, sendo destes 2 milhões infectados somente no ano de 2014. E o número de mortes em 2014 foi de 1,2 milhões, ou seja, mais da metade das pessoas infectadas no ano de 2014.

Apesar do sucesso da terapia antirretroviral no tratamento da infecção pelo HIV, o número de óbitos em decorrência da infecção é absurdamente alto, principalmente pelo fato da falta de informações sobre a doença que impacta na negligência da realização do teste de diagnóstico.  – Estima-se que, dentre todas as pessoas infectadas no mundo, apenas 51% saibam que são portadoras.

A Biomédica Ana Júlia explica como ocorre a infecção:

  • Ocorre o contato com a pessoa infectada
  • Após cerca de 10 dias, o vírus começa a se multiplicar e as defesas imunológicas caem. Nesse estágio, o indivíduo apresenta sintomas que se assemelham à uma síndrome gripal
  • Poucos dias após os sintomas ocorre o estágio chamado de latência clínica – fase que permanece por aproximadamente 10 anos em que o indivíduo não apresenta sintomas. Apesar do indivíduo não apresentar sintomas no período de latência, os métodos de diagnóstico acusam a presença do vírus.
  • Após o período de latência, ocorre o desenvolvimento da AIDS, período em que as doenças oportunistas se instalam e, por isso, os indivíduos procuram atendimento e acabam descobrindo que são portadores tardiamente em sua maioria. Neste período, a deficiência imunológica é alta, deste modo, a terapia muitas vezes não consegue ser tão eficaz, o que ocasiona o intenso número de óbitos pela infecção.

Ana Júlia explica que o tratamento antirretroviral é altamente eficaz se utilizado corretamente e anteriormente ao desenvolvimento da AIDS: “Com o sucesso do tratamento, as defesas imunológicas são recuperadas e a quantidade de partículas virais diminui, o que reduz a transmissão do vírus consideravelmente”. A partir disso, recentemente foi adotada a política “testar e tratar” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em que recomenda tratar todos os indivíduos infectados pelo vírus, independente do estado imunológico, no objetivo de reduzir a transmissão e aumentar a expectativa de vida. –Anteriormente, tratava-se somente os indivíduos com estado imunológico comprometido.

Imagem: Divulgação

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“Para que essa política global de enfrentamento à epidemia consiga alcançar seu objetivo, é necessário que a população realize a testagem diagnóstica para o conhecimento da infecção pelo vírus, deste modo, foi intensificada a disponibilização e o acesso à testagem pelo teste rápido, que detecta a presença do vírus em poucos minutos e que se encontra disponível nos postos de saúde. Além disso, campanhas para o incentivo à testagem também são realizadas”, afirma Ana Júlia.

A biomédica finaliza: “É importante ressaltar que o Rio Grande do Sul é o estado que apresenta o maior número de casos de AIDS no Brasil. Assim como Porto Alegre a capital com maior número. E a categoria de exposição que apresenta maior número de casos no Brasil é a categoria heterossexual”.

Todas as informações foram obtidas com a Mestre Ana Júlia B. Luz e pelo MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, além do Boletim Epidemiológico de 2014.

Cuide-se e previna-se!

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