A doce fama pelotense

A história que deu origem a cidade do doce.

por Rayane Lacerda e Stefany Bittencourt

A cidade de Pelotas, pertencente ao estado do Rio Grande do Sul, também chamada de Princesa do Sul, encontra-se na terceira posição no ranking de municípios mais populosos do RS, com 327.778 habitantes. Sendo considerada uma das capitais regionais brasileiras, herdou, de acordo com a história, culturas portuguesas que deixaram para o município notoriedades conhecidas pelo país inteiro – como, por exemplo, uma peculiaridade gastronômica: os doces.

Alguns dos doces típicos pelotenses. Imagem: Divulgação

Alguns dos doces típicos pelotenses.
Imagem: Divulgação

O contexto histórico

Historicamente, a cidade teve como fator econômico a produção de charque, que era enviado a todo o Brasil e, com isso, ficou conhecida como Cidade do Charque até as primeiras décadas do século XX. Conta-se que no século XIX diversos doces eram produzidos em Portugal e, em torno da década de 1860, tais guloseimas foram introduzidas na cidade de Pelotas.

Entre os anos de 1860 e 1890, a cidade intensificou seu investimento na economia de charque. Como a produção era realizada apenas entre os meses de novembro e abril, os pelotenses tinham um tempo consideravelmente grande para se dedicarem a atividades extras de lazer, como culinária, por exemplo.

Os inúmeros navios transportadores de charque foram fundamentais para a ascensão, cada vez mais notável, da participação do doce na vida cotidiana dos pelotenses. Afinal, as embarcações possuíam contato direto com diferentes civilizações e, assim, trouxeram para Pelotas produtos e objetos que transformaram a população da cidade em um povo – de certa forma – adiantado. Uma vez que realizavam práticas semelhantes com as do exterior.

A região nordeste do país obteve como consolidação econômica – ao longo de diversos períodos históricos – sua fabricação de açúcar. Entre um intercâmbio de charque e açúcar, chegou à Pelotas o ingrediente que faltava para a produção doceira começar a surgir de fato. Os navios que carregavam o charque até a região nordeste do Brasil traziam o açúcar como um objeto de troca no momento em que voltavam.

A história da chegada do doce na cidade. Imagem: Divulgação

A história da chegada do doce na cidade.
Imagem: Divulgação

O início da produção doceira

O início da produção em si ocorreu através de um costume então vivenciado na cidade.  As mulheres que viviam nesses tempos primórdios eram proibidas de exercerem uma grande quantidade de atividades fora de suas casas, devido às regras de etiqueta estabelecidas.

Assim, acabavam por praticar funções culinárias, fazendo com que as primeiras produções doceiras começassem a surgir de modo caseiro. Como explica Natália Ferreira, 19, estudante de História: “A confecção dos doces em Pelotas se inicia nas casas dos donos das charqueadas, pois as mulheres passavam muito tempo em suas residências”.

Antigamente, existiam os denominados saraus, isto é, espaços dedicados a peças de teatros e recitais musicais. Localizados no interior de grandes prédios e casarões, os doces eram servidos ao intervalo de cada apresentação desempenhada, enrolados em papéis de seda rendados, abrangendo principalmente a parcela elitizada da população.

Natália embasa esse fato: “Como Pelotas tinha a fama por ser uma cidade rústica, iniciou-se a realização de saraus e recitais de música, para mostrar à sociedade que eles eram finos. Com isso, as esposas de classe alta faziam suas escravas produzirem doces para oferecerem nesses eventos”. Entre os primeiros doces produzidos, pode-se citar: bem-casados, fios de ovos, ninhos e os pastéis de Santa Clara.

A Feira Nacional do Doce

Imagem: Divulgação Fenadoce

Imagem: Divulgação Fenadoce

Anualmente, o evento Feira Nacional do Doce – mais conhecido como Fenadoce – é realizado em Pelotas, com o intuito de desempenhar um papel importante nos fatores turísticos e gastronômicos da cidade. Tendo um local próprio para execução, a feira conta com eventos paralelos e atrações internas, ocorrendo simultaneamente. As atividades completas da feira são divididas nos seguintes espaços:

Fenashow: local reservado para shows musicais e diversas apresentações artísticas, como teatro, dança, recitais, etc.

Praça de alimentação: espaço de lazer em que se espalham os mais renomados restaurantes da cidade.

Cidade do doce: demonstra um pouco da história pelotense e também vende as famosas delícias do município.

Parque de diversões: lugar dedicado a crianças e adolescentes, com diferentes brinquedos estabelecidos na área externa do pavilhão da Fenadoce.

Estância Princesa do Sul: conserva e demonstra as culturas gaúchas. Conta com apresentações de grupos de CTG da cidade e de demais regiões.

Saiba mais

Os doces surgiram na região nordeste do país e só com o decorrer do tempo passaram a se espalhar pelo Brasil.

– Pelotas deu um toque peculiar aos seus doces: além de ser pioneira em distribuí-los em bandejas, diminuiu a quantidade de açúcar em sua produção – com a intenção de economizar esse ingrediente.

– Pelotas é a considerada a Capital Nacional do Doce em todo o Brasil e, assim, recebe diversos investimentos financeiros advindos de empresas.

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