A Culpa é das Estrelas

                                                               Por Graça Vignolo de Siqueira

Sinopse:

“Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) é uma adolescente diagnosticada com câncer e o que a mantém viva é uma droga experimental. Após passar anos lutando com a doença, seus pais a forçam a participar de um grupo de apoio cristão para pessoas doentes. Lá, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que também sofre com câncer. Embora com visões muito diferentes de suas doenças, pois Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros e Augustus sonha em deixar a sua própria marca no mundo, eles se sentem atraídos. Diferentes, mas apaixonados. Juntos, atravessam os principais conflitos da adolescência e do primeiro amor e lutam para se manter otimistas e fortes, um para o outro”.

Eu li o livro de John Green, portanto já sabia sobre todo o enredo do filme. Mas vou dar algumas dicas para quem ainda não o leu. Leve lencinhos de papel. Muitos. Você vai chorar, fungar ou lacrimejar. Vá acompanhado de uma pessoa importante em sua vida, pois precisará lhe dar as mãos, abraçar, recostar em seu ombro. Não se preocupe com o que os outros pensam sobre isso, pois certamente também estarão chorando.

Ansel e Shailane contracenaram recentemente em Divergente, onde eram irmãos. Eles têm química para atuarem juntos. Quando soube quem seriam os atores escolhidos para os papeis principais tive a mesma sensação que senti ao assistir Crepúsculo. Os atores masculinos são muito mais lindos na literatura! Mas é só começar o filme e a gente passa a achar a escolha a mais acertada.

Mas vamos ao filme. A trama, diferente de muitas outras conhecidas com o mesmo tema, mostra desde o início o problema principal: o câncer nos protagonistas. Muitos são os romances que fizeram chorar em outras décadas, apresentando um casal saudável que, da metade em diante do filme, descobrem que um deles tinha câncer. Essa é a grande diferença. Você vai assistir sabendo o que lhe espera.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Hazel é uma menina que luta contra a doença há muito tempo. Ela se acha desinteressante e se exclui da turma. Sua maior preocupação é não causar dor aos que ela ama, afinal quais os pais se preparam para perder um filho? E por insistência deles procura um grupo de ajuda na igreja para pessoas com o mesmo problema. Hazel não quer compartilhar nada, ela está fechada em si mesma e isso lhe basta.

Mas quando vai novamente ao grupo encontra um jovem muito bonito que não tira os olhos dela. Ela até desvia o olhar, mas logo volta e lá está August lhe observando atentamente. Quando o encontro termina ele lhe convida para assistirem um filme e Hazel aceita conhecer a Guslândia. O quarto dele é repleto de troféus, uma TV grande e videogames, sua paixão.

A amizade continua da parte de Hazel, pois Gus já está completamente apaixonado e tudo que deseja é satisfazer os poucos sonhos dela. E quando descobre que tudo o  que ela quer é conhecer o autor do livro que ela mais gosta, “Uma aflição imperial” , que já leu incontáveis vezes, Gus então descobre o e-mail do autor, que vive em Amsterdã, e troca mensagens com ele. Explica que tudo que querem saber é qual o destino dos personagens do livro, que termina no meio de uma frase.

Hazel fica incrivelmente feliz só com a possibilidade de ler um e-mail do autor. Então Gus lhe conta que guardou o pedido especial que tem com os Gênios. Inclusive acha que Hazel desperdiçou o dela quando quis ir à Disney. Um parêntese para falar sobre a Make-A-Wish, que surgiu em 1980 nos Estados Unidos e atua em cerca de 40 países. Presente também no Brasil ela vem realizando sonhos de crianças com doenças graves. Desde 2008, por aqui, mais de 800 desejos já foram atendidos e centenas de brasileiros se unem para levar felicidade e esperança aos que passam por momentos ruins de saúde.  São consideradas “fadas madrinhas” e “gênios da lâmpada”.

Então os Gênios possibilitam à Gus levar sua namorada-amiga, mais a mãe dela (afinal Hazel ainda é menor de idade) para o encontro desejado. Até aí tudo bem, você vai achar graça do bom humor de Augustus e do sorriso que traz à vida de Hazel Grace, como a chama. São momentos alegres, com humor, paisagens lindas, fotografia excelente, direção impecável de Josh Boone. Com muitos closes nos lindos jovens.

O livro de John Green é de janeiro de 2012, fenômeno traduzido para 46 idiomas e com 10,7 milhões de cópias vendidas. Campeão de vendas no Brasil, John Green tem seu primeiro livro adaptado para o cinema. O primeiro trailer teve mais de 20 milhões de visualizações no YouTube. Segundo as próprias palavras do autor, o livro foi dedicado à Esther, uma jovem que ele conheceu com câncer terminal. Talvez o sucesso de Green seja que desmistifica a doença, algo que é definitivo e imutável.

Hazel Grace e Augustus não têm só os dias contados. Eles têm sede de viver tudo intensamente. Talvez isso mexa com as pessoas, pois nem todos têm essa atitude quando se deparam com a doença. Eles não se sentem impossibilitados pelo estado físico, afinal Hazel tem que carregar o tubo de oxigênio numa mochila de rodinhas aonde quer que vá, além de estar constantemente com um tubo inserido no nariz. Já Gus teve sua perna amputada e usa uma prótese.

A história é uma aula sobre o amor incondicional entre pais e filhos, sobre o amor entre adolescentes que lutam com as armas que possuem para alcançar seu desejo. A sintonia entre os atores é perceptível e as cenas são belas até quando o silêncio acompanha as trocas de olhares. E que olhares! Os olhos de Shailane brilham em todas as cenas. Os olhos de Ansel encantam as espectadoras. Tudo do livro está lá. Todas as principais cenas. O que você lembrar. E se não leu o livro vai se encantar com o amor desses jovens doentes terminais, tratado de maneira tão singela e doce.

Para mim foi uma das melhores adaptações cinematográficas, não senti falta de nada importante. Sei que vão adorar assistir as declarações de amor entre eles, o elogio fúnebre que prometem fazer um ao outro e as vinganças que praticam juntos com o amigo que ficou cego. Sei que vão sair dizendo e entendendo o que significa O.K.  E se as lágrimas vierem não culpe as estrelas, pois John Green ainda promete nos emocionar com seus livros e talvez outras adaptações.  Quer a nota? DEZ.

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