30 Anos aprovando quem o sistema reprova
Em sessão solene na câmara de vereadores, projeto Desafio Pré-Universitário Popular, foi homenageado pelos seus 30 anos de existência
Por Everson da Martha / Em Pauta
No último dia 18 de outubro, a Câmara Municipal de Pelotas, em uma sessão solene promovida pela Vereadora Fernanda Miranda (PSol), celebrou os 30 anos do projeto Desafio Pré-Universitário Popular. Em um primeiro momento, a vereadora contou a sua própria história no projeto, no qual foi aluna, assim que saiu do ensino médio e em seguida professora.
A ideia do Desafio surgiu a partir dos moradores da casa do estudante, quando ainda se situava na rua Andrade Neves, no centro da cidade. Uma das fundadoras, Maria Raquel, contou que o projeto mudou a vida não só daqueles que estudaram, mas também de todos que, de alguma forma, participaram da construção do Desafio. Com o lema “o curso que aprova quem o sistema reprova” o projeto Desafio não leva esse nome em vão. Ao longo desses 30 anos, as lutas que o projeto passa são várias, sendo uma delas a questão estrutural, pois a iniciativa já esteve em três sedes, todas na região central, e desde 2022 a estrutura se encontra no Campus Anglo. Por muito tempo houve um descaso da universidade com o projeto, como foi salientado pela ex-coordenadora, a professora Noris Leal.
Ainda sobre a questão estrutural, o Pró-Reitor de Extensão, Professor Eraldo Pinheiro, e a Vice-Reitora da universidade, Ursula Silva, enfatizaram a importância do Desafio e como o período pós pandemia tem sido desafiador em razão das adversidades na parte estrutural e financeira da universidade. Como perspectivas para o projeto, Pinheiro salientou que está em contato com o Ministério da Justiça para viabilizar mais recursos para o projeto, além de destacar que o Desafio é um projeto de ensino, pesquisa e extensão. A vereadora proponente, Fernanda Miranda, se comprometeu a interceder junto à prefeitura para que os alunos do desafio tenham acesso a desconto no transporte coletivo.
Sobre o projeto
O projeto surgiu em 1993, durante uma festa de um grupo de alunos de graduação que tiveram a ideia de trabalhar com educação popular. Inicialmente, cogitaram apenas a hipótese de alfabetização de adultos, porém, com muita dificuldade de englobar todos os estudantes, optaram por fazer um curso pré-vestibular para pessoas de baixa renda. Somente em 1997 o Desafio recebeu o reconhecimento como projeto de extensão da UFPel.
O Desafio é totalmente gratuito e já aprovou diversas pessoas de baixa renda em vestibulares de universidades públicas da região e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As aulas são ministradas por estudantes universitários voluntários nos turnos da manhã, tarde (presencial) e noite (remoto). Também são realizados simulados, monitoria, orientação profissional, e aulões também compõem o programa do curso.