A volta do Carnaval de rua de São Lourenço do Sul

Após dois anos, a maior festa popular brasileira voltou a acontecer na passarela do samba e na Praia das Nereidas    

Por Larissa Schneid Bueno         

Escola de Samba XV de Novembro brilhou nos desfiles carnavalescos da cidade    Fotos: Larissa Schneid Bueno

 

No mês de fevereiro, o município de São Lourenço do Sul foi contemplado com a retomada do Carnaval de rua, após dois anos em pausa devido à pandemia de Covid-19. A maior festa popular brasileira contou com uma programação diversa tanto na Praia das Nereidas, quanto na passarela do samba no Centro da cidade.

Diversas apresentações artístico-culturais foram realizadas, contando com o desfile da corte oficial da edição, e com a participação do Esporte Clube São Lourenço, a Escola de Samba XV de Novembro, Bloco Filhos de Orfeu e Bloco Arrastão, entre os trios elétricos, grupos carnavalescos, carros humorísticos e carros alegóricos.

As cores neon que decoraram os principais pontos da realização da festa uniram-se à alegria do verão com a participação popular.  Não houve cobrança de ingressos para quem prestigiou o desfile, sendo que o evento é marcado principalmente pela tradição dos carros humorísticos.

Todos os preparativos do evento foram feitos pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio (SMTIC) e conforme informações da secretária Fernanda Krumreich Helms, o repertório musical foi escolhido de acordo com a preferência de cada bloco, trio, escola de samba, etc.

Ao falar sobre o impacto da retomada, Helms aborda a importância do evento para a cidade e destaca que ele sempre foi relevante dentro do aspecto cultural e sociocultural, movimentando âmbitos diferentes.

Segundo a secretária, nos últimos anos, o Carnaval tem fomentado bastante a economia. Além do aspecto sociocultural, ele é essencial para quem vive de turismo. Favorece, principalmente, os serviços de hospedagem, hotéis, pousadas e as casas de aluguel das imobiliárias, que estiveram lotadas. “E foi importante, até mesmo, para quem executa atividades relacionadas ao evento, como as costureiras, as lojas de maquiagem e de aviamento de roupas”, disse.

O  Carnaval contou com diversas apresentações artístico-culturais através do desfile da corte oficial, dos trios elétricos, dos grupos carnavalescos, dos carros humorísticos, dos carros alegóricos e escola de samba

 

Emoção e dores nos pés

Para a primeira princesa da corte do Carnaval, Maria Eduarda Ferreira, 20, a experiência de fazer parte da corte foi emocionante e dolorosa, além de envolver muita responsabilidade e dedicação. A princesa e técnica em comunicação visual pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-riograndense (IFSul), salienta que o Carnaval da cidade “move multidões, atenua discórdias políticas e abre espaço à alegria e à criatividade popular”.

“Só quem participa da corte sabe a responsabilidade que é representar o Carnaval da cidade, bem como as emoções e o cansaço físico que vêm à tona durante os quatro dias de folia. Entretanto, a exaustão e os pés absurdamente machucados ficam esquecidos perante a energia que se estabelece nas passarelas, ao som da bateria e à saudação de tanta gente”, evidencia.

Ao falar sobre o impacto cultural que o Carnaval tem em sua vida, Ferreira lembra o período da pandemia de Covid-19 e destaca que o acesso à cultura através da música, da leitura e dos ambientes culturais reduziu as consequências psicológicas do momento.

“Por conta disso, estimular que eventos presenciais como o Carnaval sejam realizados nos municípios, é também oferecer um ‘respiro’ a quem é constantemente massacrado pelo sistema, é fazer a economia girar e oportunizar uma fonte de renda àqueles que enfrentam a fila do desemprego. O incentivo à cultura para todos é uma das formas de impulsionar o crescimento do país e garantir saúde e esperança de dias melhores à população.”

A organização do evento foi realizada pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio (SMTIC)

 

O canto da alegria

As vozes por trás das letras das músicas dos blocos carnavalescos também fazem parte da cultura do Carnaval, como a do músico Jairo Luiz Santos Rosa, 64, que há anos é um dos responsáveis por levar animação para os prestigiadores da passarela do samba através do Bloco Arrastão.

Jairo conta que o bloco, composto por um grupo de amigos, é como uma família, a qual anualmente ensaia junto com o objetivo de levar o melhor para a comunidade durante os dias de folia. Na sua percepção, fazer parte da cultura do Carnaval através da sua voz é ter o compromisso de levar a tradição da festa para a rua. Envolve muita satisfação e alegria, pois são dias para descontrair e esquecer dos problemas do dia a dia.

“Então eu acho que a música tem essa função, como toda a arte, de levar alegria para as pessoas. O melhor Carnaval do mundo é no Brasil. A gente só faz isso por prazer mesmo, para levar felicidade para as pessoas. Acho muito válida para o país inteiro essa diversão e também durante os quatro dias no nosso município”, finaliza.

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