Quarta edição do evento ocorre entre os dias 5 e 9 do próximo mês
Por Vitor Valente
Com cinco exibições de cinema ao ar livre, a 4ª edição da Mostra de Cinema Latino-Americano de Rio Grande promete ser a maior já realizada. Com uma temática ligada às intersecções da cultura portuária da cidade, a Mostra promove atividades gratuitas de lazer e capacitação audiovisual, além de exibições de filmes e mesas de debate. Com cinco dias de programação, a edição inova ao descentralizar as atividades que acontecem entre os dias 5 e 9 de dezembro.
As exibições de cinema ao ar livre ocorrem em diferentes localidades do município. Além do Centro e do Cassino, bairros periféricos como a Junção, Ilha dos Marinheiros e Taim recebem parte da programação. Segundo os organizadores, o objetivo é abraçar a comunidade rio-grandina com um espaço de arte, cultura e educação. As demais atividades acontecem no Campus Rio Grande do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), localizado na Rua Engenheiro Alfredo Huck, 475, Centro.
Após dois anos de atividades limitadas pela pandemia, a Mostra de 2022 acontece de maneira totalmente presencial. Segundo o produtor executivo Victor Pinheiro, um dos objetivos é promover discussões, além de fomentar a produção de cinema por meio das oficinas de formação. “A gente busca proporcionar um espaço de capacitação, informação e discussão sobre audiovisual, cinema, sobre o que é produzido na cidade, no Estado, no Brasil e também na América Latina. Contamos com a participação de realizadores de diferentes lugares”, explica Pinheiro.
Com cinco exibições de cinema itinerante, Victor garante que o objetivo é expandir as atividades. “A ideia é conseguir fazer com que esse evento tão importante para a cidade saia do centro urbano e chegue em outros lugares. Além de discutir, através do cinema, a progressão desses espaços”, destaca. “A temática cultural que vem do porto e da relação com o mar tem toda uma influência com a cultura das cidades portuárias. Então, esse é o nosso interesse, saber como esse espaço influencia na construção e na cultura dessas cidades”, conclui.
O idealizador acredita que a Mostra tem potencial para contribuir com uma visão renovada sobre o cinema latino-americano. “A gente tem que discutir o cinema como comunidade, na América Latina. É um cinema diferente das grandes produções que a gente vê, geralmente norte-americanas. Então contar um pouco sobre o que é cinema latino-americano, sobre nossas próprias discussões, nossas histórias, nossas problemáticas, incentiva que a comunidade se aproprie dessas temáticas”, expõe Pinheiro.
Ele ainda expõe a importância de pensar novas narrativas através de uma estética latino-americana. “Possibilitar essa discussão sobre alguns projetos específicos que têm histórias marcantes, interessantes e até inspiradoras pode vir a influenciar outras pessoas. A ideia é falar também dessa estética de cinema”, explica. “É importante para que os artistas tenham uma visão, um olhar diferente sobre suas próprias obras, qual o objetivo delas, como atingir outras pessoas e o que você quer tocar nessas pessoas. Vai ser um processo bem bacana”, conclui o produtor.
Uma das mesas de discussão tem como temática os videoclipes musicais. Um dos debatedores será Nicollas Farias, mais conhecido pelo nome artístico Ah Nanse. Natural de Rio Grande, atua como diretor, fotógrafo e editor. Com mais de 60 videoclipes dirigidos, Ah Nanse afirma que o público pode esperar uma conversa honesta e transparente. “Sobre os processos, sobre todo o bastidor por trás da construção de videoclipes, com histórias sobre os percalços que a gente passa por estar geograficamente distante do mainstream”, assegura.
O diretor ressalta a riqueza cultural do município. “Rio Grande é, historicamente, uma cidade muito rica, com muitos artistas e produção cultural”, frisa. “O que falta é essa articulação de projetos e eventos gratuitos e públicos. Por isso alguns eventos têm pouca divulgação e chegam a um número muito limitado de pessoas, que são aquelas que são agentes da cultura e já estão envolvidas. Acho que é muito importante criar esse movimento do cinema dentro da cidade, para que a gente não fique limitado a assistir os filmes que os streamings oferecem ou então fadados ao circuito de cinema que fica limitado às produções de maior clamor popular, como filmes de heróis ou de comédia”, declara.
Ah Nanse garante que a realização da Mostra de Cinema Latino-Americano de Rio Grande o inspira. “Eu tenho muito interesse em entrar em ambientes que merecem e carecem dessa cultura, como a própria periferia. Então é importante que a gente mostre que é possível. Porque muita gente da periferia, gente preta, acaba não tendo acesso e sequer sonha com o que se pode tornar, como um diretor que trabalha com audiovisual, e nem sabe que é possível, que existem pessoas que ganham a vida e trabalham fazendo arte dentro da própria cidade”, finaliza.
A programação completa está disponível abaixo e todas as atividades são gratuitas. As inscrições nas oficinas podem ser realizadas no site do evento.
Segunda-feira (5/12)
14h30 – 17h: Mesa sobre Videoclipe com A Corte Filmes e Ah Nanse – IFRS
20h30 – Cinema de Rua – Rincão da Cebola, Centro
Terça-feira (6/12)
14h30 – 17h: Oficina Introdução à Produção Audiovisual por Flávia Seligman – IFRS
20h30 – Cinema de Rua – Orla da Rua Henrique Pancada, Junção
Quarta-feira (7/12)
9h – 12h30: Oficina Narrar com a câmera por Roberto Cotta – IFRS
20h30 – Cinema de Rua – Praça do Taim
Quinta-feira (8/12)
9h – 12h30: Oficina A imagem é uma sereia por Lívia Pasqual – IFRS
20h30: Cinema de Rua – Recanto Nossa Senhora de Lourdes, Ilha dos Marinheiros
Sexta-feira (9/12)
9h – 12h30: Oficina A imagem é uma sereia por Lívia Pasqual – IFRS
20h30: Cinema de Rua – Praça Didio Duhá, Cassino
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