Nos trilhos da tradição: Conversa com Paola Zanetti Ribeiro

A escritora de Pedro Osório pesquisa história vinculada às tradições gaúchas             Foto: Christian Dias

Por Christian Dias

 

Origem, contos e memórias: O livro “O trem da 21ª RT: conhecendo os vagões da nossa história”, escrito pela jovem Paola Zanetti Ribeiro e lançado neste ano, conta a história da 21ª Região Tradicionalista (21ª RT). Paola, acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), decidiu unir duas de suas paixões: a escrita e a cultura gaúcha. Em seu livro, relata o resultado de uma intensa pesquisa sobre o nosso estado e, principalmente, nossa região. “O trem da 21ª RT” também descreve a influência do meio de transporte em trilhos na moda da década de 1950, no Rio Grande do Sul.

Paola Zanetti Ribeiro é natural de Pedro Osório, Rio Grande do Sul. No ano passado, representou a 21ª Região Tradicionalista como Primeira Prenda. Nasceu em 23 de julho de 1997. Dançarina e participante ativa do Centro de Tradições Gaúchas Fogo de Chão, Paola sempre dedicou sua vida a conhecer as histórias do seu estado. E também de seu município: Pedro Osório, uma simpática cidade de pouco menos de dez mil habitantes. Por muito tempo, o município foi cortado pelos trilhos de trem. Hoje, o prédio da Estação de Pedro Osório sedia a Prefeitura.

 

Obra revela antigas relações das roupas com o uso do transporte ferroviário    Foto: Acervo Pessoal

Arte no Sul – O livro “O trem da 21ª RT: conhecendo os vagões da nossa história” é resultado de uma vida dedicada ao tradicionalismo e às histórias do Estado e, principalmente, da região de Pedro Osório. Como foi o processo de criação da obra?

Paola – Para concorrer na Ciranda Cultural de Prendas, precisei fazer uma pesquisa sobre o uso das vestimentas em diferentes momentos. Na ocasião, decidi focar minha pesquisa na influência do trem no modo de vestir das pessoas na década de 1950, período de apogeu do trem na cidade de Pedro Osório. Durante a pesquisa, percebi que muitas memórias estavam se esvaindo com o tempo e, assim, a história estava se perdendo. Diante disso, passei a constatar também que o legado das entidades da 21ª Região Tradicionalista estava se perdendo, e muitos de nós mal sabíamos a origem do local onde crescemos.

Assim, resolvi realizar um projeto de resgate da história dos Centros de Tradições Gaúchas da região, incentivando que seus integrantes buscassem conhecer o início e a caminhada destes locais até os dias de hoje. O projeto originou o livro “O trem da 21ª RT”, que tem como objetivo registrar a criação e evolução destas entidades até os dias de hoje. Esse trem passou pelas nove cidades da 21ª Região Tradicionalista, e proporcionou momentos de alegria, nostalgia e conhecimento.

Arte no Sul – A cultura do Rio Grande do Sul consegue se manter firme mesmo com o passar dos anos. Qual a influência que os Centros de Tradição Gaúcha (CTG’s) possuem nesse aspecto?

Paola – Os CTG’s são os centros de irradiação da cultura rio-grandense. É através deles que conhecemos nossas origens e aprendemos valores como amizade, lealdade e persistência.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho é fundamental nesse aspecto. É através dele que estudamos a cultura e aprofundamos nosso conhecimento e nosso senso crítico sobre o tradicionalismo em geral.

Arte no Sul – Por fim, o livro ainda é muito recente, mas quais foram as primeiras impressões pós lançamento da obra e qual legado fica depois de todo um trabalho de pesquisa e convivência para criação deste livro?

Paola – Através do livro percebi que é necessário resgatarmos nossa história. Com ele, pude conhecer mais a fundo sobre os CTG’s da nossa região tradicionalista. Mas acredito que o maior legado que o livro deixou foi o conhecimento que os leitores e aqueles que realizaram as pesquisas de resgate obtiveram com essa experiência. Foi emocionante ver o orgulho que os participantes do projeto tiveram de sua história.

A escritora foi eleita a Primeira Prenda da 21ª Região Tradicionalista                           Foto: Acervo Pessoal 

A pesquisa continua
Paola prossegue realizando pesquisas sobre o Rio Grande do Sul e dedicado sua vida ao tradicionalismo, hoje é a Primeira Prenda do CTG Fogo de Chão. Com o grupo, busca divulgar as histórias e apresentar, através da dança, as origens e identidades do povo gaúcho. “Que queiramos fazer sempre mais para que nosso legado permaneça junto àqueles que, depois de nós, seguirem os trilhos do trem da vida,” enfatiza a autora.

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