Pelotas teve sua primeira Oktoberfest

Músicos em trajes típicos no Centro de Pelotas participam da festa germânica      Foto: Kímberlly Kappenberg

Kímberlly Kappenberg

     Gastronomia, dança, música, folclore. Pelotas festejou as tradições germânicas com sua primeira Oktoberfest, que aconteceu entre 31 de outubro e 5 de novembro. Apesar de a ascendência portuguesa predominar entre os pelotenses, alguns dos traços culturais difundidos pela Festa da Alegria – abraçada pelo Centro de Eventos da Fenadoce – podem ser encontrados no interior, como chope, cuca e bandinhas.

A assessora de imprensa do evento, Flávia Silva, destaca que a Princesa do Sul segue os passos de municípios gaúchos como Igrejinha e Santa Cruz do Sul, em que os festejos movimentam o turismo. Neste ano, em Santa Cruz do Sul, 380 mil pessoas participaram da terceira maior Oktoberfest do mundo, que teve sua 33ª edição. “Em Pelotas, mais de 20 mil pessoas se divertiram ao som de 15 bandas tradicionais alemãs, no espaço germânico – que reúne ainda cervejas especiais e o tradicional café colonial – além dos shows nacionais”, destacou Flávia. A popularidade do evento, é claro, está ligada à história, colonização e identidade, tanto que uma segunda edição da Oktoberfest de Pelotas já foi confirmada.

Show da banda Barbarella na Oktoberfest        Foto: Assessoria de Imprensa

No país, o Rio Grande do Sul foi o principal estado a receber os imigrantes alemães – cerca de cinco mil – que chegaram já em 1824. As primeiras famílias vindas para colonizar a Zona Sul se assentaram na então Colônia de São Lourenço, na Serra dos Tapes, 34 anos depois, conforme apontam estudos da Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) e a Unisinos. No século XX, outras colônias, como Arroio do Padre, abrigavam quatrocentos imigrantes e suas tradições. O trabalho de grupos familiares na agricultura e o convívio em comunidade deram origem aos símbolos hoje conhecidos, que foram repassados entre gerações como forma de perpetuar as origens e não esquecer a terra natal.

Além de boa música e comida, a colonização germânica influenciou a indústria e o comércio da Zona Sul, a exemplo de fábricas de velas, sabonetes, chapéus, cerveja e fumo. A religião também modificou os municípios, especialmente com a chegada de cultos evangélicos, como o luteranismo – que completou 500 anos no último dia 31 de outubro – e a fundação de escolas.

Esses mecanismos auxiliaram na conservação do conhecimento e costumes, que mesclados às culturas de outros povos, como indígenas, portugueses, etnias de matrizes africanas, espanhóis e italianos, foram assimilados e fazem parte da formação do povo pelotense. A realização da Oktoberfest surge como mais uma ferramenta de resgate cultural e afirmação de identidade para os descendentes, e uma nova celebração acolhida pela Capital Nacional do Doce.

Canecos de chope simbolizam festa que teve primeira edição na cidade                 Foto: Kímberlly Kappenberg

Origem da Oktoberfest

A festa de outubro faz parte desta identidade. Em Munique, na Alemanha, o rei da Baviera, Ludwig I, celebrou seu casamento com a princesa Therese da Saxônia-Hildburghusen, no outubro de 1810, dando origem ao que se tornou a Oktoberfest. Todos os moradores da cidade foram convidados para os festejos, que aconteceram em um parque batizado de Theresienwiese, em homenagem à noiva, e que ainda hoje sedia a Oktoberfest de Munique, a maior do mundo. A Festa da Alegria se espalhou pelo globo; Argentina, Estados Unidos, Hong Kong, Itália e Vietnam são alguns dos países que cultuam essa tradição, assim como o Brasil, onde os festejos começaram oficialmente em 1978, na cidade catarinense de Itapiranga.

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