Virada Cultural encerra domingo a Primavera Cultura Livre
Serginho da Vassoura faz apresentação na madrugada de domingo no Palco Primavera Foto: Arquivo pessoal
Reportagem de Anahí Silveira –
Os “Pontos de Cultura” envolvem as comunidades com atividades que estimulam a criatividade. Conforme a Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul, propiciam o exercício da cidadania pelo reconhecimento da importância da cultura produzida em cada localidade. Basicamente, as organizações que manifestam interesse em representar um ponto de cultura passam por uma seleção e, logo após, recebem recursos para potencializar suas ações. Nasceu assim a Rede RS de Pontos de Cultura, que tem como objetivo promover a diversidade cultural e a articulação em rede no Estado. No mês de outubro, com a contribuição de um dos pontos da Rede RS, o Paralelo 33, foi promovido o Primavera Cultura Livre em Pelotas, que encerra domingo com a Virada Cultural.
Dentre os inscritos na Rede RS de Pontos de Cultura encontra-se o Paralelo 33 Transformundo, rede que é uma iniciativa do Instituto Unidade da Periferia, com sede no bairro Dunas, em Pelotas, e que envolve também os municípios de Santa Vitória do Palmar, Pedro Osório, Arroio Grande e Jaguarão. O projeto firmou três frentes de ação, sendo elas o Fortalecimento Local, o Coletivo Educador e a Produção e Circulação de Conteúdos e Serviços Culturais.
Foi neste espaço que o Paralelo 33, através de seu coordenador Herberto “Betinho” Mereb, se juntou aos esforços de realização do festival Primavera Cultura Livre, projeto também organizado pelo produtor cultural pelotense Manoval Robe, representando o coletivo Satolep Circus. Desde 2009, o Primavera Cultura Livre promove oportunidades de debate sobre o cenário cultural da cidade em meio à realização de diversos shows gratuitos. Em sua segunda edição, o festival propiciou ao público cerca de 12 horas de shows na Praça Coronel Pedro Osório.
Chegando na quarta edição, o festival surgiu na necessidade de protagonizar projetos culturais em Pelotas, a partir de uma tendência que já surgia em algumas capitais. “Nós juntamos esforços e pessoas interessadas para criar o Primavera. Reforçamos a ideia de que não se trata de um projeto de entretenimento, mas sim uma ação cultural, que pauta assuntos desse eixo”, explica Manoval. A cada ano de realização, novos coletivos e pontos de cultura, como é o caso do Outro Sul, somam esforços para a realização do evento, construindo uma história de grande mobilização regional e mantendo sempre o mesmo propósito: promover o debate sobre a cultura.
Com um tema por ano, a primeira edição do festival abordou a relação entre comunicação e cultura. Na segunda edição, foi a vez de discutir a formação do sistema local de cultura, o que contribuiu para a organização local e resultou no atual financiamento do Primavera Cultura Livre pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Procultura Pelotas/RS). Já o debate que foi tema da terceira edição focou no âmbito acadêmico: a implementação de uma graduação em Produção Cultural na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Manoval e Betinho analisam que a criação de um curso como este seria uma espécie de “guarda-chuva” para todas as outras graduações no setor das artes que já existem na instituição. A pauta ainda segue em debate.
O cantor e compositor Marco Gottinari tocou em 2010 quando o festival invadiu a Praça Coronel Pedro Osório Foto: Divulgação
Neste ano, o Primavera Cultura Livre teve como tema o sistema de cultura brasileiro, dando destaque ao Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído por lei em 2010 e que busca o planejamento e implementação de políticas públicas de longo prazo voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. A lei que criou o PNC prevê metas a serem atingidas até 2020. Betinho enfatiza que, neste momento, é preciso que os agentes culturais mantenham as energias voltadas à essa questão. “Temos que acompanhar o andamento desse processo para que Pelotas esteja pronta para fazer parte desse Plano. A Secretaria Municipal de Cultura está fazendo o seu papel, mas ainda assim vamos acompanhar, sugerir, propor… A questão está andando, estamos no caminho”, diz. O Plano modificaria a realidade de dependência apenas de editais para que projetos sejam realizados e financiados.
A banda pelotense de Death Metal Postmortem será uma das atrações do primeiro dia Foto: Gustavo Vara
Shows
Em decorrência das chuvas no mês de outubro, a Virada Cultural – com os shows que encerram a programação do festival – foi adiada e acontecerá no domingo (1º de novembro) e segunda-feira (2 de novembro). Segundo os organizadores, o critério utilizado na escolha das apresentações se deu pelos “artivistas”, como costumam chamar, que constroem a cena cultural de sua região – alguns veteranos e outros ainda iniciantes – por isso, uma mistura de artistas e ativistas.
Dessa forma, a estrutura para os shows contará com dois palcos, o Palco Primavera e o Palco Alternativo. Os shows têm produção executiva do artista Serginho Ferret, o Serginho da Vassoura, conhecido por espalhar seu “ilusionismo sonoro” pelas ruas e eventos de Pelotas. Serão mais de 20 bandas, de diversos gêneros musicais, representando as cidades de Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Pedro Osório e Jaguarão.
Vale lembrar que os shows integram a parte final do festival, que já realizou neste mês atividades de formação e capacitação para a Cultura Livre, outras duas frentes de trabalho – uma mesa redonda e uma oficina – , e uma festa de lançamento. Acontecerá ainda uma Roda De Conversa, amanhã, (dia 31 de outubro), às 18h, sobre o PNC e o Sistema Municipal de Cultura, com a participação de Betinho e Duda Keiber, no Quadrado (Katangas), na rua Alberto Rosa, nº 1.
Os shows acontecem na rua José do Patrocínio, em frente ao Galpão Satolep, e são gratuitos. Confira a programação da Virada Cultural:
Domingo (1º)
14h30 – Dunas Rap – Palco Primavera
15h20 – Telúrica – Palco Alternativo
16h10 – Causo Beats e Matudarí – Palco Primavera
17h – Chirrin Chirríon – Palco Alternativo
17h50 – Guido CNR – Palco Primavera
18h40 – Aacrã Mobaid – Palco Alternativo
19h30 – She Hoos Go – Palco Primavera
20h20 – Mato Cerrado com participação de Jecão e os Maldomados – Palco Alternativo
21h10 – Teco Barbachan – Palco Primavera
22h – Tripulação Garagem – Palco Alternativo
22h50 – Freak Brotherz – Palco Primavera
23h40 – Van Zullatt – Palco Alternativo
0h30 – Vicente Pimentero – Palco Primavera
1h20 – Serginho da Vassoura – Palco Primavera
2h10 – Tronco – Palco Primavera
3h – Postmortem – Palco Primavera
Segunda-feira (2)
15h – Celso Krause – Palco Primavera
15h50 – Raiz do Samba – Palco Primavera
16h40 – Zudizilla – Palco Primavera
17h50 – Olho de Marte – Palco Primavera
18h40 – Chapéu de Cobra – Palco Primavera
19h30 – Alex Vaz – Palco Primavera
20h20 – Quintal de Sinhá – Palco Primavera
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