Sim, nós podemos ter edificações com consumo zero de energia

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Saiba o que é preciso para efetivação do conceito de NZEB – Net Zero Energy Building

Fonte: computerworld – 27.09.2018

Por: Igor Nakamura (Diretor da Viridi Technologies)

Brasil – Entre utopia de filme para alguns e sonho distante para outros, a realidade é que a proliferação de edificações totalmente autossuficientes no que se refere à produção e consumo de energia já está mais próxima do que muitos imaginam. Na verdade, a cada dia que passa, o conceito de NZEB (Net Zero Energy Building), aplicado a prédios que geram a própria energia que consomem, vem ganhando espaço no mercado, tanto pelos benefícios econômicos a ele associados, quanto pela festejada contribuição prestada por eles aos esforços de não agressão ao planeta.

Para a efetivação de um empreendimento NZEB (Net Zero Energy Building), dependemos de um conjunto de atividades e processos que devem ser analisados na fase de pré-projeto, projeto, execução e operação, a fim de que se obtenha a autossuficiência energética. Para todas essas etapas é fundamental a cooperação de profissionais especialistas em cada segmento, como: arquitetura, geologia, engenharias, climatologia, entre outros.

Os principais pontos a serem considerados incluem uma análise do solo com relação aos potenciais geotérmicos, despesas quanto à estruturação e impactos ambientais, estudo de clima e aproveitamento dos potenciais naturais quanto à iluminação, ventilação natural, materiais com isolamentos acústicos e térmicos, entre outros.

Existem algumas atividades e sistemas em que podemos pensar para atingir a produção de energia on site, a fim de que o edifício tenha o balanço energético zero. Algumas soluções que atualmente são analisadas com a ótica custo x benefício são:

a) Painéis solares => devem-se levar em consideração as grandes áreas para que seja possível a capitação de luz solar e consequentemente a fabricação da energia, assim como, o custo de armazenamento e das placas fotovoltaicas;

b) Geradores Eólicos => deve-se levar em consideração o local de melhor perfil para sua implantação, que possua ventos estáveis e unidirecionais. No Brasil, temos um parque eólico crescendo substancialmente no Nordeste, cerca de 30% nos últimos anos, porém o armazenamento e a distribuição da energia gerada, ainda é um empecilho técnico/financeiro;

c) Geotermia => permuta do potencial térmico da terra, em favor do ambiente a ser climatizado ou até mesmo para o resfriamento/aquecimento de água de “consumo”. Podendo ser utilizada em qualquer tipo e tamanho de edificações, a geotermia é utilizada como fonte geradora para uma climatização radiante, e é considerada uma das soluções mais eficientes. Porém, com seu alto custo de implantação, em comparação aos sistemas convencionais, a procura e especialização técnica para este conceito é lenta.

Outro grande impulsionador desta tendência NZEB é, sem dúvida, a evolução dos processos de automação predial. Quando falamos num projeto de automação NZEB, estimamos um custo adicional entre 30% a 40% em comparação a um projeto de automação convencional, uma vez que deveremos dispor de uma quantidade maior de sensores e controladores, assim como haverá o uso de uma maior quantidade de engenharia e programação. Porém, os estudos apontam para o retorno desse investimento financeiro em até dois anos, graças às reduções operacionais e energéticas, assim como o atendimento completo à eficiência cognitiva dos usuários.

Finalmente, o sistema de ar-condicionado configura também um dos principais elementos para o sucesso do projeto NZEB. Por isso, é primordial que se façam estudos e projetos minuciosos contemplando todos os aspectos climáticos, assim como a escolha do melhor sistema que atenda a usabilidade dos ocupantes com o menor desprendimento de energia elétrica. O uso de máquinas eficientes associado à arquitetura pensada em maior aproveitamento de ventos, sombreamento e geotermia, faz com que o projeto seja viável.

Ainda existem barreiras financeiras iniciais que contribuem significativamente para a manutenção do ritmo de escolha por obras sem a preocupação em eficiência energética e sua produção “limpa” de energia, mas o fato é que o processo já começou. Talvez ainda esteja ao alcance de poucos, assim como um dia foi o telefone celular, então considerado um artigo de luxo. Naquela época, para a maioria, era comum o pensamento de que ter um deles era só um sonho. Hoje, o sonho se tornou real. Baseado nesse exemplo, não é nenhum exagero dizer: “Sim, nós podemos ter edificações com consumo zero de energia”.

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