Setembro Verde: Doação de órgãos é tema de campanha

Setembro Verde atua na conscientização da população. Foto: Divulgação/ Santa Casa do Rio Grande

No 9° mês do ano, a conscientização da população acerca da importância da doação de órgãos é intensificada

Por Amanda Kuhn/Em Pauta

A doação de um órgão – coração, pulmão, fígado, rim e pâncreas – ou tecidos – ossos, válvulas cardíacas, córnea, medula óssea, cartilagem, pele e sangue de cordão umbilical – pode salvar e transformar a vida de uma pessoa. No nono mês do ano, a campanha Setembro Verde tem o objetivo de conscientizar a importância da doação de órgãos.

O sistema público de transplantes de órgãos feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, é o maior do mundo, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Cerca de 96% dos procedimentos são feitos pelo SUS. Além disso, o país é o 2° maior transplantador do mundo. No entanto, cerca de 43% das famílias não aprovam a doação de órgãos de seus entes, que tiveram morte encefálica (condição que permite a doação do coração, pâncreas e córneas), segundo a ABTO.

A enfermeira Viviani Mendonça, membro da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Rio Grande (RS), explica que um dos principais motivos é o “não-dizer” em vida o desejo de doar um órgão: “Um dos principais motivos para as pessoas não doarem órgãos ainda é as pessoas não falarem em vida que são doadores ou não, porque a morte encefálica ou um paciente que vai ser um potencial doador de órgãos é um paciente que estava muito bem hoje, e amanhã acaba evoluindo para uma morte encefálica…As pessoas não estão preparadas, ninguém está preparado para perder alguém…Então, quando acontece, essa negativa é muito grande”, afirma Viviani.

“A doação de um órgão é um ato de amor ao próximo”

Essa frase dita por Viviani representa a importância da doação de órgãos e tecidos. Um único doador pode salvar ou melhorar a vida de cerca de 25 pessoas. Para doar, basta ser maior de idade e ter condições apropriadas de saúde. Também é fundamental informar a família do desejo de ser um doador, para casos de morte encefálica. É possível cadastrar-se no site da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote) (adote.org.br) para se tornar um doador em vida. 

“Vamos espalhar essa ideia de salvar mais vidas”, incentiva Liège. Foto: Arquivo pessoal

“Uso o esporte como bandeira para divulgar a doação de órgãos”

Em 2003, Liège Gautério foi diagnosticada com fibrose pulmonar. Cerca de 8 anos depois, a doença evoluiu drasticamente, e teve de entrar na lista de espera para o transplante de pulmão. Após 5 meses, Liége recebeu um novo pulmão esquerdo. E foi aí que a sua qualidade de vida mudou: “A minha vida pós transplante é uma vida melhor do que a que eu tinha antes, eu renasci devido a doação de órgãos”, comenta.

Bicampeã mundial na modalidade de atletismo de 100 metros rasos nos Jogos Mundiais para Transplantados, Liège tornou-se a 1ª mulher brasileira participante da competição: “A partir daí, comecei a usar o esporte como bandeira para divulgar a doação de órgãos”, compartilha.

Atualmente, com 48 anos, a atleta é criadora do projeto “Se mexe TX”, que tem como principal objetivo incentivar as pessoas transplantadas a se exercitarem e cuidarem do seu órgão. Também mantém um canal no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCsGGmbyQp5PErrkJiGM_r3w/featured), com vídeos de exercícios físicos.

Integrante da Associação Brasileira de Transplantados (ABTx), Liège reforça a importância da divulgação e conscientização: “A gente tenta sempre divulgar, orientar e esclarecer, porque o caminho da conscientização é a educação e o esclarecimento”, salienta.

Papa Ndiaye agradece ao SUS a chance de uma nova vida. Foto: Arquivo pessoal

“A oportunidade de fazer o transplante representa uma melhoria significativa na minha qualidade de vida”

Papa Ndiaye conviveu com um rim policístico por 15 anos até precisar entrar na fila do transplante em abril deste ano. Em agosto, ele recebeu o rim. Professor universitário de Engenharia Química, aos 55 anos de idade, Papa agradece ao SUS a chance de uma nova vida: “A oportunidade de fazer o transplante representa uma melhoria significativa na minha qualidade de vida, apesar de todas as restrições em termos de usar remédios imunossupressores para sempre. Foi tudo graças ao SUS e a um doador falecido”, reforça.

Dia Nacional da Doação de Órgãos

No dia 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Durante todo o mês, campanhas de conscientização e incentivo a doação de órgãos e tecidos são realizadas para promover a importância desta data.

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