Semana Acadêmica do Jornalismo se inicia com Painel Inclusão e Diversidade: o papel social da comunicação

A mesa contou com a presença de três jornalistas convidados no ativismo negro, principal tema abordado durante a conversa com os estudantes

Por Julia Vilas Boas

Abertura de evento. Imagem: Julia Vilas Boas

A abertura oficial da V Semana Acadêmica do Jornalismo, que ocorreu na noite de segunda-feira (7) no auditório do Campus II, contou com a inauguração do Coletivo Negro Tim Lopes. A mesa foi composta por Isabela Reis, jornalista formada pela UFRJ, ativista de direitos humanos e do movimento negro, José Luiz Moraes, conhecido como Seu Zé, coordenador geral da Rádio COM FM 104.5, operador de áudio, produtor e locutor e Ediane Oliveira, jornalista, ativista e produtora cultural. O painel foi mediado pela estudante Nathalia Farias.

O início do painel foi feito com a apresentação e inauguração do Coletivo Negro Tim Lopes, pela fala de Nathalia Farias e Marcela de Moraes, ambas do sexto semestre de Jornalismo, e Micael Carvalho, do quarto semestre. Durante as falas foi ressaltada a importância da existência e resistência de pessoas negras no meio acadêmico e também a importância do espaço de fala, e sobre a necessidade de serem ouvidos pelas pessoas não-negras.

Já nas primeiras falas, o tema de mercado de trabalho e racismo foram levantados fortemente, criticando a insistência dos modelos falhos e discriminatórios de diversas formas. Em seguida foi debatido o combate a essas discriminações, em especial o racismo corporativista e falta de identificação negra na universidade. Isso acontece por meio da não divulgação de autores e autoras negras na academia, trabalho que passa a ser da militância.

Mesa de debate. Imagem: Julia Vilas Boas

O debate foi aberto para perguntas e temas como a autoestima intelectual do estudante negro, autoidentificação na academia, aceitação da mulher negra no jornalismo esportivo e a falta de ética e empatia com as vidas negras periféricas foram levantados pelos alunos. Também foi destacado o papel da pessoa não negra na luta antirracista.

Com uma ótima avaliação dos estudantes nas redes sociais, o painel foi muito elogiado por todos. O Twitter foi utilizado para parabenizar a organização e o Coletivo Negro Tim Lopes: 

 

 

 

Inauguração do Coletivo Negro Tim Lopes. Imagem: Julia Vilas Boas

Em entrevista, a aluna do quarto semestre Júlia Moreira avaliou o debate de suma importância para que haja a representatividade negra dentro da academia. “É legal imaginar que a gente pode ser futuro, além de poder ver e ter uma empatia”. A aluna também comentou que se sentiu representada pelos três convidados. E ao ser questionada sobre qual o principal aprendizado adquirido na com o painel respondeu: “conhecer o assunto e saber que eles sentiram a mesma coisa que eu”.

Ao final do painel, houve um sorteio para os alunos presentes nas palestras e um coffee break. Neste momento, os alunos tiveram a chance de conhecer melhor cada convidado da mesa, e trocar ideias que não foram comentadas durante o evento.

Nathalia Farias, que fez a mediação e participou da organização da mesa de conversa, disse estar muito emocionada com o esse dia e que poder fazer parte do painel é muito gratificante. A estudante relatou também que essa luta só acontece porque há esperança de uma mudança, mesmo que aos poucos. Nathalia também falou sobre seu maior aprendizado com o painel. “A luta é difícil, mas se tu continuar acreditando nas coisas que tu luta e nas coisas que tu precisa acreditar isso vai ser gratificado pra ti, tu vai receber alguma coisa em troca, e apesar de ser difícil, o aprendizado de hoje é continuar fazendo o que eu faço porque é importante para alguém”, disse.

Em entrevista, os convidados se mostraram otimistas em relação ao crescimento da consciência racial no mercado de trabalho. “A gente já está mudando essa realidade, e estarmos debatendo isso dentro da universidade é o primeiro passo dessa construção”, pontuou Isabela Reis. 

Palestrantes convidados. Imagem: Julia Vilas Boas

José Luiz esteve muito contente em ser convidado para o evento e avaliou o debate como um tópico de extrema importância. “Fiquei muito impressionado com a atenção dos colegas todos, ficaram atentos. Na minha época jamais foi discutido nesse formato a questão do negro dentro da universidade”, disse. O radialista também ressaltou a importância do Coletivo Negro Tim Lopes, que representa a “irmandade entre os colegas”.

Ediane Oliveira comentou que observar como os alunos se interessam muito mais nos temas raciais em comparação com a década passada reacende a esperança numa comunicação melhor para o futuro. “É muito difícil, numa sociedade quem tem um processo de escravidão de muitos anos, a gente achar que o racismo vai acabar. Eu acredito que nós podemos ter muitas mudanças, muitos avanços em relação à comunidade negra, à população negra que diminua os altos índices de racismo no nosso país”, comentou.

A programação da V Semana Acadêmica do Jornalismo, que vai até esta sexta-feira, pode ser encontrada neste link

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