Resenha | O Chamado da Floresta

Por Carol Pinho / Em Pauta

Nós estamos muito acostumados com filmes e séries em que o cão é o protagonista, mas você já leu um livro narrado por um cão? Em “O Chamado da Floresta”, o emblemático jornalista Jack London nos apresenta uma história de perseverança, garra e aprendizado. Tudo isso sob a perspectiva de Buck, uma mistura de São Bernardo com Collie. 

Buck é tratado como rei em sua casa e é muito amado por seus donos. Logo, ele carrega consigo um grande respeito e confiança em humanos. Como um ser irracional, ele não entende o que está acontecendo quando é levado por Manuel, funcionário de seu dono, e é vendido para dois homens desconhecidos. Logo nos primeiros momentos do seu “sequestro”, o cão é apresentado a sentimentos e sensações até então desconhecidas, como ódio, raiva e dor. Em pouco tempo, a sua confiança em humanos se transforma em medo e raiva. Assim que chega ao seu primeiro destino, começa a aprender a dura lição da vida primitiva. “Por doze vezes atacou e por doze vezes o bastão pôs fim ao seu ataque, deixando o animal prostrado no chão”. 

O cão é adestrado à base da violência até ser vendido novamente. Ele começa uma jornada junto com outros cães, em direção a um caminho por ele desconhecido. Buck logo aprende a “lei do porrete e da dentada” e, rapidamente, muda as suas feições e atitudes, mudando até o seu aspecto físico e se adaptando a um novo estilo de vida. Logo nós descobrimos que Buck foi vendido com a finalidade de auxiliar na busca pelo ouro, que recentemente havia sido descoberto no Alasca. Contrabandeado para o extremo norte, o cão passa a puxar trenós dos homens que estão procurando o ouro.

Essa história já foi considerada a maior história de cachorro já escrita. Talvez por conta da sua simplicidade, unida com uma grande lição sobre vida, talvez por permitir ao leitor se identificar com diversas situações em que Buck se encontra. A obra nos mostra como um ser animal – mas podemos fazer relação com um ser humano – se adapta às situações e aos ambientes em que se encontra, bem como a necessidade de união com os outros de sua espécie.

A graça da história está no fato de o autor brilhantemente narrar os pensamentos e instintos de um animal que é tão presente em nosso dia a dia. Criar afeição por Buck é muito fácil, principalmente para quem gosta de cachorro, mas ao longo do livro nós aprendemos a entender que ele é um animal e, afinal, possui instintos animais.  O Chamado da Floresta é uma leitura rápida, de apenas 111 páginas. Com certeza é o tipo de livro que o leitor só larga quando chega ao final. É uma leitura simples e direta, sem uma linguagem muito rebuscada ou intelectual. 

Jack London é um dos grandes clássicos jornalistas americanos. Nascido em 1876, o autor viveu uma vida agitada cheia de aventuras. Há quem diga que por mais incríveis que sejam os romances do autor, nenhum livro jamais chegou aos pés da aventura que foi sua vida. Jack começou a trabalhar muito cedo e foi desde jornaleiro até pirata. Só foi se tornar escritor aos 22 anos, quando começou a vender contos e histórias para jornais. Antes disso chegou a ser marinheiro, foi preso e viajou para diversos países e lugares. Quando começou a publicar o sucesso foi rápido e logo lançou suas grandes obras, como O Chamado da Floresta, Caninos Brancos, O povo do abismo, e o Lobo do Mar. Apesar da sua morte ter sido cedo, aos 40 anos, London marcou a literatura e o jornalismo americano.O Chamado da Floresta também foi retratado em filme, lançado em 2020, dirigido por Chris Sanders e protagonizado por Harrison Ford.

O ator Harrison Ford participou do filme sobre o livro de Jack London

 

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