Projetos de extensão como mecanismo de formação profissional e humana

Por: Maiara Marinho
Os três pilares da universidade são ensino, pesquisa e extensão. Com isso, projetos são realizados a fim de manter este tripé e contribuir com a expansão do ensino superior, assim como seu fortalecimento. Nessa perspectiva surgiu o projeto de extensão “Inclusão digital e promoção dos direitos sociais: utilização da WebRádio e WebTV para criar um ambiente interativo entre a universidade e a escola”. Coordenado pela professora Doutora Marislei da Silveira Ribeiro do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas, o projeto existe desde 2014 e, em 2016, atuou na escola para deficientes Louis Braille. Para a professora, a importância de projetos como esse se dá por dois motivos: “primeiro a possibilidade de trabalhar com a inclusão e especialmente de pessoas com deficiência. Segundo pelo papel da universidade em aproximar o diálogo com a comunidade e cumprir com seu papel social através de atividades pedagógicas e interativas”, afirma.

Com 2 bolsistas e 5 voluntários/as, as atividades realizadas pelo grupo demonstram a possibilidade de uma pedagogia alternativa à tradicional, proporcionando cidadania e interatividade. Além de oficinas práticas de webrádio e webtv, o grupo trabalhou com oficinas que estimulassem o tato, através do uso de diversas plantas, por exemplo, e de imaginação com a pintura. Além disso, organizaram junto com estudantes da escola uma rádionovela gravada na Rádio Federal FM.

Essa experiência atua como uma via de mão dupla: a formação humana e o conhecimento são proporcionados para todas as pessoas envolvidas. É a dialética possibilitando coexistir o aprendizado, a ética e a humanidade.

Em entrevista, a estudante do sexto semestre do curso, fala um pouco mais sobre a experiência no projeto e a importância dele para a formação no jornalismo.

Qual a importância do projeto?

Laura Marques: O projeto dá assistência e promove novas experiências para estudantes da rede pública, e, durante as últimas atividades, principalmente para os estudantes cegos do Louis Braille. Ao pensarmos ações voltadas para esse público, estamos dando voz a quem antes talvez não tinha. Um exemplo é a rádionovela, feita com os estudantes do Louis Braille. Através dessa atividade eles tiveram a oportunidade de conhecer uma rádio, entrar em contato com a infraestrutura do local, experienciar o que é um roteiro, como os locutores utilizam a voz e etc.. Por isso é tão importante, porque nós promovemos uma saída do ambiente comum, experiências novas e emancipadoras.

O que mais aprendeste durante tua participação?

Laura Marques: Aprendi a lidar com pessoas deficientes, a ter paciência, a elaborar e adaptar um roteiro/história par a o formato de uma rádionovela, aprimorei minhas habilidades com os artigos que escrevemos, conheci um pouco mais sobre os tramites da academia, entre outras.

Encontrastes dificuldades que encontrastes por lidar com pessoas com deficiência? Quais?
Laura Marques:
Muitos dos alunos tinham problemas com a fala, fato que tivemos que ter paciência na hora da gravação e adaptar as falas para que o estudante pudesse gravar sem muitas dificuldades. Em outras oficinas e ações que tivemos, a maior dificuldade era sempre ficar se adaptando à realidade deles. No meu cotidiano não tenho nenhum amigo ou familiar com deficiência, então eu ficava fora da minha zona de conforto. O que fazia com que eu e, acredito que também o resto dos colegas, ficasse mais atento e mais cuidadoso/paciente na hora de se comunicar com os estudantes. Não é uma dificuldade tremenda, mas se adaptar à realidade deles é o único “obstáculo”, digamos assim

Qual a relação do projeto com o jornalismo?

Laura Marques: A relação se estabelece a partir do momento em que nós tivemos a iniciativa de realizar atividades como uma rádionovela e uma série de documentários. Os estudantes, assim, entraram em contato com ferramentas típicas do jornalismo: gravadores, câmera, roteiros, tripé, a própria rádio Federal FM.

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