O início de uma nova era na Arábia Saudita
Por Camila Santos
No dia 24 de junho de 2018 foi dado o direito de dirigir às mulheres sauditas. O único país em que essa proibição ainda existia, este um dia histórico para a população feminina. Após o anúncio do governo da Arábia Saudita de que as mulheres do país estariam autorizadas a dirigir a partir deste domingo, as sauditas celebraram a decisão.
A iniciativa a favor da classe feminina foi emitida em setembro de 2017, como parte de uma política. Desde então, várias escolas de condução foram abertas em cinco cidades da Arábia Saudita. A maioria das mulheres condutoras no país devem ser preparadas em novas auto escolas administradas pelo Estado, e espera-se que 3 milhões de mulheres sauditas estejam nas estradas até 2020.
No entanto, a decisão não foi bem aceita por uma parte da população, que acredita que isso passa por cima da religião Islâmica. A verdade é que não existe nenhuma citação de que a mulher não pode dirigir, porém, a cultura enraizada muitas vezes predomina.
A Arábia Saudita ainda é um país muito retrógrado nas questões dos Direitos Humanos, não faz parte das convenções sobre os direitos das mulheres. Assim, a vida delas ainda é muito complicada no país, isso começa a mudar quando as mulheres sauditas saem do país em busca de conhecimento, estudo, alavancam suas carreiras e voltam ao país de origem para trazer uma vida nova. Elas começam gradativamente a receber direitos.
No país, a restrição de liberdade às mulheres é grande. O país é comandado por uma vertente ultraconservadora do Islã. Contudo, medidas recentes propostas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman visam estabelecer reformas sociais e econômicas na região. De acordo com Fábio Duval, 40, coordenador do curso de Relações Internacionais da UFPel, a Arábia Saudita é o país que se caracteriza por ser regido pela Xaria (lei islâmica), a partir daí já se tem um estado que é todo construído dentro do molde da lei islâmica. De acordo com ela, as mulheres já sofrem uma série de restrições, por exemplo, o uso obrigatório do véu.
Ainda de acordo com Fábio Duval, a Arábia Saudita é um forte aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio e, por conta disso, recebe uma série de pressões. Os direitos que as mulheres estão conquistando são advindos dessas pressões. A maior parte dos países islâmicos tem uma pressão internacional muito forte para se tornar parte dos tratados sobre os direitos da mulher, isso vai se desenvolver, mas ainda é uma coisa ínfima, mas em um país que é regido pela Xaria, isso já é um avanço enorme, representa uma transição.
O direito a dirigir foi o primeiro, mas ainda faltam muitas coisas. A mulher é considerada nos países islâmicos como o centro das famílias dentro de casa e fora de casa fica restrita a tudo. Esperamos que mais mudanças aconteçam por lá e o respeito e a igualdade se manifeste pelo mundo todo.