“Anula lá!”: a nova chapa das eleições no Brasil

Por: Vitória Trescastro

A fábrica de memes das eleições 2016 não para e, dessa vez, a protagonista é a capital gaúcha. O segundo turno para a prefeitura porto-alegrense será decidido no dia 30 de outubro entre os candidatos Sebastião Melo (PMDB), que atualmente é vice-prefeito e, o já deputado federal Nelson Marchezan Junior (PSDB).

Porém, na quinta-feira (13), uma terceira chapa lançou campanha via Facebook: “Anula Lá!”. “A segunda e terceira opções mais votadas no primeiro turno de POA estão por aí, fazendo campanhas caras, enquanto o branco/nulo/abstenção, com 35% dos votos, não tinha nem um jinglezinho pra se defender. Que bom que isso acabou”, diz uma publicação da página criada na quinta-feira, com um vídeo da “campanha”.

Segundo dados da apuração do UOL, “a primeira opção mais votada de Porto Alegre” chegou a 38% do total de votos, enquanto os candidatos do PMDB e PSDB ficaram com 25,93% e 29,84%, respectivamente. A brincadeira contava com apenas 500 curtidas na página, mas o vídeo do jingle já chegava em 50 mil visualizações.

Conversamos pela página com um dos criadores, identificado como Valmor. A iniciativa partiu de um grupo de amigos que não são ligados a partidos políticos ou movimentos sociais, “Em momento algum falamos entre nós dos nossos votos/preferências. Nos unimos pela rejeição do cenário que se apresentou e o desejo de manifestar nossa decepção com o pleito”, disse. Quando questionado sobre o motivo do aumento de votos brancos, nulos e abstenções, ele concorda que o cenário político caótico em que vivemos colaborou para isso. “Vivemos um momento de baixa identificação do eleitor com as suas opções. A apatia parece até sobrepujar a indignação”, conta Valmor.

Se o cenário político como um todo já é ruim, para a esquerda brasileira ele é bem pior: desacreditados e rotulados como “petistas”, candidatos mais socialistas perderam grande parte das prefeituras do Brasil. Para Valmor, a derrota tem a ver com a onda antipetista e o esquecimento das camadas mais baixas da população. “Acho que dá pra destacar dois pontos: a união de um “antipetismo” beirando o irracional com uma intelectualização exacerbada da esquerda, que a tornou insensível aos anseios e necessidades da população. Mas essa conversa vai longe. Nem falamos da conveniente polarização empurrada pela mídia, por exemplo”, disse.

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