Quarto Afora vai de encontro ao público com repertório selecionado

A dupla de jovens cantores e instrumentistas Ana Luisa Nunes e Mateus Kempfer começou a fazer shows neste ano e a interagir com o contexto cultural e artístico de Pelotas, com seus pontos favoráveis e desafiadores         

Por Marco Ayala     

 

Ana Luísa Nunes e Mateus Kempfer, formam a banda “Quarto Afora”  Fotos: Divulgação

 

A banda pelotense “Quarto Afora” é integrada pelo jovem casal Mateus Kempfer – músico de 20 anos – e por Ana Luísa Nunes, com 17 anos, artista e estudante do IFSul (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense). Eles decidiram fazer seu próprio duo, com o intuito de levar sua arte, individualidades e gostos musicais de dentro das suas casas para a comunidade. A dupla começou a montar seu conceito, repertório e identidade entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, para apresentar seu primeiro show ainda no mês de janeiro deste ano. Além da sua dedicação, o apoio de familiares e amigos tem sido fundamental. Seu empenho e coragem em enfrentar os públicos em apresentações leva a uma reflexão sobre o contexto cultural de Pelotas e a as condições locais para o desenvolvimento dos trabalhos artísticos.

Segundo o casal, o projeto da banda une o útil ao agradável, uma vez que é a junção de um amor com duas carreiras artísticas e apreços culturais similares. Assim, além de trabalharem, divertem-se com o que fazem. Tratam o duo como algo que acrescenta em suas vidas pessoais e que fortalece seu relacionamento.

            “Eu comecei um projeto, em 2020, na pandemia, montando um estúdio na minha casa, no meu quarto. […] Eu sempre fui muito inspirado pelos Beatles e pelo Paul McCartney, eles faziam esse tipo de coisa; e eu resolvi fazer um estúdio, então, no meu quarto. […] Fomos conversando para achar um nome para essa dupla acústica que a gente queria fazer juntos, com músicas que gostamos, e vimos que teríamos que sair quarto afora… E essa é a literal história [do nome]! Parece até mentira quando a gente conta […]! Quando eu escutei ‘quarto afora’ […] eu falei ‘Bah! É muito esse nome!’”

Mateus Kempfer

            “E já fazia um tempão que a gente estava tentando achar um nome. Tem uma banda que a gente se inspirava muito no início que é ‘The Couch Band’  [‘A Banda do Sofá] [..] e eles tocam em palcos com vários sofás. Eles se sentam em sofás durante os shows. A gente achava muito incrível isso e queria encontrar uma vibe mais confortável, mais despojada… e daí veio esse nome!”

Ana Luísa Nunes

 

Vídeo publicado no Instagram “@quartoafora”. “How Deep Is Your Love”, da banda Bee Gees

  

“Eu tive o privilégio de acompanhar toda a maturação desse projeto, […] apesar de eles serem muito jovens, eu acho que o comprometimento e a responsabilidade que eles tomam com o Quarto Afora é realmente de uma banda profissional, o que é algo bem diferente dos outros projetos que eles fizeram antes. […] Eles são um exemplo de uma juventude muito comprometida e apaixonada pelo que faz e pelo que eles estão compondo, né? […] Não tem nenhum desleixo e não tem nenhuma preguiça dentro do esforço que eles fazem [na preparação do] repertório para cada show. […] São jovens cheios de energia para transpor nos shows deles. […] É uma banda que tem muito a agregar no sentido cultural de Pelotas, […] a tornar visível muitos outros grupos jovens […]. Eles trazem um exemplo de muita dedicação, esforço, comprometimento, com muita vontade de se destacar […]!”

Lara Gomes Tavares (estudante de ensino médio fã da banda)

 

Influência dos estudos musicais

Mateus e Ana Luísa, antes do Quarto Afora, faziam parte da escola musical O Batuta, sede de ensaios da antiga banda deles – Soul’s Road – e de outros projetos que participavam. Ambos saíram juntos da instituição por conta da ideia de criar o próprio conjunto.

O casal já se apresentava junto anteriormente, além de suas trajetórias individuais. Mateus lembra que, após seu último show com a Soul’s Road (março de 2024), saiu da O Batuta e ingressou no curso de Bacharelado em Música Popular na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no qual ficou por seis meses. Depois de uma viagem de duas semanas a Nova York – com o objetivo de estudar inglês e música – precisou trancar a faculdade para dar mais atenção aos seus projetos musicais. Mateus ainda menciona a possibilidade de retornar à UFPel, uma vez que ele quer trabalhar profissionalmente com música ao longo da vida.

Ana Luísa, antes mesmo de entrar na O Batuta, participou de outras escolas de música. Dentro da instituição – a qual ingressou antes de Mateus – já participava de outras bandas, antes da Soul’s Road. Após o encerramento das atividades desse grupo, e diferentemente de Mateus, Ana Luísa seguiu na O Batuta, até que também precisou se afastar por causa da rotina exigente do curso de Edificações do IFSul.

Foi depois de ambos saírem da O Batuta que surgiu a ideia da Quarto Afora, sendo que o casal já era convidado para se apresentar antes da criação oficial da dupla com a identidade que é conhecida hoje em dia.

“Eu acho que essa coisa de fazer o que tu amas com quem tu amas é muito mais fácil! Fazer o que tu gostas, o que tu sabes, com quem tu estás sempre junto! […] A gente já era chamado para tocar em aniversários de conhecidos, por exemplo. […] por que não ter um nome, uma identidade, e ter um repertório montado?”

Ana Luísa Nunes

 

A partir da estreia em janeiro deste ano a dupla tem sido convidada para novas apresentações

                                                                                                    

Presença na região

A primeira performance aberta ao público como Quarto Afora foi no Stúdio Anchieta, no dia 31 de janeiro. Segundo Mateus, a demanda das apresentações abertas, inicialmente, era bem menor. Com o tempo, ocorreram outros shows e o crescimento da procura pela dupla em Pelotas – em lugares e eventos importantes para o município, como a 31ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce) – além de uma presença fora da cidade (em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul). Hoje em dia, o duo tem contatos mais frequentes com bares e lojas, além de se manter presente em eventos privados.

“Nosso show é montado para agradar a todo o tipo de gente […]. É um show muito ‘família’! Quando acabamos uma apresentação, chega um senhor dizendo que a gente reviveu toda a vida dele com as músicas, ou, então, vem uma criança que quer tocar no nosso pé de bateria!”

Ana Luísa Nunes

Embora a banda produza um repertório capaz de agradar distintos tipos de pessoas, eles não se apropriam de todo ou qualquer gênero musical em seu repertório e fazem questão de mostrar o seu gosto musical. Essa manifestação é uma imposição da própria identidade, sem apelar para culturas padronizadas da atualidade ou se deixar levar por produtos, lugares e eventos que são mais consumidos e frequentados pela sociedade. Essa imposição poderia deixar de lado as essências de Mateus e Ana Luísa. O jovem afirma que o trabalho perderia sentido ao tocarem algo que não vai de encontro com seus gostos.

“Acredito que o Quarto Afora tem uma contribuição grande no que se refere à qualidade, repertório e gênero musical para nossa cidade. Eles trazem um som diferente daquele mais consumido atualmente, com a predominância do pagode, sertanejo e funk. A música deles traz referências do folk, rock suave, bossa nova, jazz e MPB. Eles trazem o melhor da música nacional e internacional, com uma pegada jovem, moderna e inteligente.”

Liziane Kempfer, mãe de Mateus

 

Portfólio da banda: vídeo que mescla as variações de seu repertório

           

“A gente consegue se expressar dentro das vontades das pessoas. [.,.] Tem uns eventos aos quais vamos e acabamos sendo só ‘música de fundo’, e gostamos disso! Eu acho interessante a experiência de estar ali só como uma coisa secundária; e tu não tens que ficar se preocupando tanto com uma performance, nos divertimos mais até! […] Quando a gente está com toda a atenção em cima, nos satisfazemos de uma outra maneira. […] Ficamos felizes quando tocamos uma música dos Beatles, ou outra que a gente gosta muito. E, daí, as pessoas recebem bem, aplaudem, cantam junto, ou alguém invade o palco e começa a cantar […] ou quer tirar uma foto com a gente.”

Mateus e Ana Luísa, em resposta conjunta

Sob esse cenário, os resultados de seus trabalhos agradam a ambos. De acordo com Mateus, o crescimento da visibilidade do Quarto Afora da forma que ocorre hoje era inesperado. O padrão musical em Pelotas era considerado algo muito distante do que o que se poderia alcançar (em alguns quesitos, como contatos, equipamentos e ferramentas). Entretanto, com o tempo, passou a ser possível.

O retorno do público quanto ao repertório é positivo. Mesmo que a dupla pense que não faça nada que seja “revolucionário”, o casal se entusiasma muito e é bem acolhido pelo que faz.

“Pelotas já tinha uma comunidade musical feita. É uma cidade que já tem suas bandas favoritas, bares que têm suas bandas; não esperávamos conseguir se inserir nessa comunidade tão facilmente. Não era só conseguir o nosso público, mas também ter as pessoas [desse círculo] como nosso público.”

Ana Luísa Nunes

“A gente é mais jovem. Isso interfere muito! As pessoas que já tocam nesses lugares estão com o nome consolidado […]. E chegam as novas gerações […]. O pessoal fala da ‘nova geração dos músicos’ e pensamos ‘nossa’! A gente não carrega todo esse peso nas costas!’.”

Mateus Kempfer

 

Registro do show do Quarto Afora no Stúdio Anchieta, em 31 de janeiro de 2025

 

A cena cultural pelotense

O cenário cultural em Pelotas atravessa paradoxos. A história da cidade – principalmente no século XX – é marcada por uma cultura rica, autêntica e forte. Esse quesito é manifestado na qualidade, variedade e representatividade da tradição doceira (principal marca do município), da música, do teatro, das artes visuais, da dança, do esporte, entre outros. Há um reconhecimento de que o povo pelotense costuma ter uma “vocação natural” e “sensibilidade estética” para uma diversidade de manifestações artísticas.

A valorização e o investimento estrutural, no entanto, não são devidamente proporcionais à produção cultural local. A resposta governamental às manifestações pode ser considerada insuficiente, seja pelo comportamento e pela visibilidade na sociedade, seja pela carência de políticas públicas e leis de incentivo e inovação.

Há uma evolução no quesito artístico ao longo do tempo. Entretanto, falta disponibilização de espaço, subsídios e “holofotes”. Logo, essa evolução é lenta e não acompanha o processo de produções. Muitos artistas não têm recursos suficientes para sobreviver apenas trabalhando com cultura – dessa maneira, viver somente de arte pode ser encarado como um privilégio.

Essa situação pode ser demonstrada em alguns acontecimentos. Um deles é a interrupção das atividades do vitorioso e histórico Teatro dos Gatos Pelados  – do Colégio Municipal Pelotense – por 20 anos (existe desde 1905 e paralisou entre 2001 até a retomada de suas atividades em 2021). Outro exemplo é o acidente de trânsito que culminou na morte de integrantes do projeto de remo “Remar Para o Futuro”, que poderia ser evitado se houvesse uma preocupação do sistema público no deslocamento seguro da equipe para o campeonato no Rio de Janeiro. Outra perda grande do município é a desistência da Seleção Brasileira de Hip Hop Unite – grupo de danças urbanas da categoria Mega Group Adulto – de disputar o campeonato mundial por falta de recursos financeiros e apoio público para a viagem até a República Tcheca. Muitos outros grupos e cidadãos também são afetados negativamente para prosseguir na cultura (na arte, no esporte, etc.):

“Infelizmente, como pelotense, não tenho como negar. Aqui a gente tem uma cultura de ‘como tá, tá bom’; e isso me fez ser meio acomodada e medrosa também. Então, pensar em trocar minha vida por uma exposição pública na internet dava muito medo! Mas como eu ia saber se eu não tentasse? […] Evoluir dói, mas vale a pena!”

Bruna Sedrez, influenciadora digital de Pelotas (relato em vídeo comemorativo de um ano de produções de conteúdos digitais, em 10 de Junho de 2025)

Meu grupo de dança iniciou ano passado e eu abri o estúdio esse ano. […] Eu vejo que a dança é, sim, uma parte forte da cultura pelotense, mas que acaba, às vezes, ficando em nichos, né? […] Eu que acabei de fazer um espetáculo, por exemplo: eu que corri atrás de tudo, né? O espetáculo foi completamente bancado pelo valor dos ingressos e também recebeu apoio de algumas empresas para que ele acontecesse […]. Acho que a gente se insere nesse local de empreendedores, de pessoas que tem que correr e batalhar pelo ‘seu próprio’, sabe?

Isadora Marten Brião (bailarina, coreógrafa e proprietária do Studio de Dança Isadora Marten)

“Tudo faz parte de uma engrenagem. A sociedade não valoriza a arte. Logo em seguida, os nossos governantes também não. O comércio também não tem possibilidade de oferecer uma estrutura melhor pra quem está fazendo entretenimento, para quem está fazendo esse tipo de coisa. […] A estrutura não é preparada para receber novos músicos, e sim, só os músicos que já têm uma carreira consolidada.”

Mateus Kempfer

Sob esse cenário, há fatores estimulantes, mas há contextos limitantes para uma ascensão bem-sucedida de todos os que se envolvem profissionalmente com cultura em Pelotas.

“Com certeza, uma coisa que tem que destacar é que, se eles [Teatro dos Gatos Pelados] tivessem mais apoio e ajuda, estariam muito mais adiantados e alcançariam muito mais pessoas. Muitos não conhecem, não sabem que podem participar, não sabem onde assistir! O trabalho de divulgação do jornalista dentro da cultura é fundamental para que o público entenda e conheça o que está acontecendo. São as oportunidades que se tem e que se está perdendo por não poder participar ou contemplar essas obras, esse esforço […]. Por exemplo, um jogo de futebol é fácil de todos saberem […]. Mas sabe quando uma peça de teatro está em cartaz? […] Então, sem dúvida, assessoria e os canais de imprensa são fundamentais e colocam mais um holofote em cima desses talentos que querem brilhar!”

Carolina Mattos (ex-assessora de imprensa do Teatro dos Gatos Pelados)

“Sempre que eles [Ana e Mateus] vêm aqui, o trabalho deles é muito bom! Muito profissional e muito interessante! […] O nome daqui é Utopia Casa Bar. Assim como uma casa, aqui se abre pra novos intérpretes! […] A importância é ter um espaço para que artistas se apresentem! Um espaço de coração aberto! […] A casa está aberta pra isso!”

Guillermo Ceballos (proprietário do Utopia Casa Bar)

“Nós vimos recentemente uma banda lá [no ‘Del Patio’: estabelecimento de eventos culturais e sociais], chamada ‘Funk You’. Foi uma das melhores bandas que a gente viu de Jazz Fusion; […]. O pessoal veio de Porto Alegre e foram umas 40 pessoas ver o show. A gente fica muito feliz de existirem esses lugares que tinham que ser mais valorizados. As pessoas, por algum motivo, não vão assistir […]. Na verdade, Pelotas tem shows de extrema qualidade! A coisa não é ‘qualquer’! […] Tem uma qualidade muito interessante, de Pelotas especificamente, em que o músico dificilmente toca o que o público quer. Isso é muito bom; porque o que eu observo é que as pessoas tocam o que elas gostam! […] Aqui tem banda de Jazz, de Soul, ritmos que as pessoas não costumam escutar tanto. Claro que temos bandas de samba, choros, que também são ótimos; e eu tenho certeza que eles estão tocando o que amam também! Mas aqui tem gostos mais diferentes da ‘curva’, não se tem medo de botar a cara a tapa e fazer os projetos! É diferente de outras cidades menores [do interior do Estado].”

Mateus Kempfer

As dificuldades do contexto cultural pelotense têm sido enfrentadas pela banda Quarto Afora com bons resultados. O duo sente que a repercussão de seu trabalho é muito positiva e acima da média, mesmo sabendo que a música deveria ser mais contemplada em Pelotas. Ambos se sentem privilegiados porque conseguiram investir para ter seus próprios equipamentos e instrumentos, tinham conexões com outras pessoas que poderiam promover a dupla, além de contar com alto auxílio familiar e de amigos. Sob esse cenário, o casal considera que, infelizmente, não são todos que têm esse apoio e essas ferramentas para conseguir investir na música com rentabilidade, e que essas pessoas demandam mais tempo e dedicação para obter sucesso.

Além da base de investimento, o próprio processo justifica o bom reconhecimento do Quarto Afora. Existe muito estudo, em muitos sentidos – saber como se manter no complexo meio artístico pelotense; evolução musical e em técnicas da área; o uso do meio digital, no qual a população se encontra em maior “peso”; além da modernização e ampliação de alcance de suas produções culturais – para que a banda cresça e amplie a acessibilidade de sua arte.

 

Registro de show do Quarto Afora na 31ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce)

 

“Em Pelotas, a gente tem muitos exemplos de músicos maravilhosos […]. A maioria dessas pessoas […] são mais velhas e ‘instaladas’ no contexto artístico de Pelotas; já que não há muita oportunidade de novos nomes, né? E isso em várias cidades sem ser as capitais! Eu acho que não há muita perspectiva de crescimento em Pelotas […] e por isso há poucos jovens e novos grupos que se instalam […]. Tem muita gente que conhecemos que canta, mas nunca é considerado: ‘a carreira dele é ser músico!’, sabe? A gente geralmente dá uma subestimada nesse sentido dentre os artistas de Pelotas. […] O Quarto Afora quebra um pouco com esse panorama, porque traz a perspectiva de dois jovens – que seriam ‘jogados de lado’, considerados não aptos a serem realmente profissionais – que estão sendo contratados para shows bem profissionais e estão sendo reconhecidos pelo meio profissional que eles estão conquistando”

Lara Gomes Tavares

 

Quarto Afora tocando música “I’ve got a feeling” – da banda The Beatles – no Stúdio Anchieta

 

Iniciativa que é influência e motivação

A banda Quarto Afora é um exemplo de uma rica peça para preencher algo que falta no quebra-cabeça da cultura em Pelotas; modificando-a e saindo de um padrão repetitivo. Segundo Ana Luísa, a dupla contribui para as produções artísticas pelotenses fazendo o que eles realmente querem, evidenciando que dá para os cidadãos viverem com o que gostam e, simultaneamente, estar no mercado da região.

De acordo com Mateus, mesmo que cumprir as metas demore mais com um repertório “incomum”, a satisfação – à longo prazo – se torna mais prazerosa do que investir em algo que não vá de acordo de sua personalidade. O Quarto Afora considerou a possibilidade de usar outros repertórios para evitar de ter seu trabalho oprimido, mas optou pelo melhor para ambos, que é seguir seus reais desejos.

Esse fator contagia a comunidade. A quebra desse padrão fica evidente pelos relatos de admiradores de seus trabalhos.

“[Em Cruz Alta] teve um músico que me contou que ele gostaria de fazer justamente o que a gente está fazendo, que é música no estilo de Beatles, de rock. […] Ele nos disse que se prostituía nos shows; tocava uma coisa que ele não estava a fim, mas que sabia que ia dar dinheiro. […] Ele se inspirou muito na gente! Já estava há anos tocando; e vendo que alguém começou diferente!”

Ana Luísa e Mateus, em resposta conjunta

“Eu acho que isso tem muito a ver com o esforço do Mateus e da Aninha […] e de eles realmente terem muita paixão envolvida […]. É uma banda que tem muito a agregar no sentido cultural de Pelotas, […] a tornar visível muitos outros grupos jovens que geralmente são invisibilizados por causa dessa cultura tão estagnada de Pelotas – de reconhecer sempre os mesmos músicos […] e acabar deixando de lado essa juventude que está por vir tão forte! […] Isso me incentiva a ser alguém maior e incentiva qualquer um que presta o mínimo de atenção neles! […] Espero que eles sejam um estímulo para que a estrutura de Pelotas se expanda e esteja mais preparada!”

Lara Gomes Tavares

Na noite de 31 de outubro, durante show do Quarto Afora no Utopia Casa Bar, ouvintes comentaram sobre a apresentação. O público – que contava com familiares de Ana Luísa e de Mateus, pessoas que acompanham a dupla há mais tempo, outros que os conheceram pela própria divulgação pelas redes sociais, e ainda aqueles que os viram pela primeira vez no Utopia. Elogiaram o trabalho da dupla, lhes deram importância e legitimidade, além de deixar mensagens motivacionais como um feedback da apresentação no bar:

“É maravilhoso o que eles conseguem fazer: renascer uma música que, tanto tempo, ficou parada! É magnífico mesmo! […] Eu, que acompanho eles – e como músico também – posso dizer que é nota 10! Muita qualidade de música!”

Francisco Igansi (primo de Ana Luísa e professor de piano)

“Eu gostei muito do que eu vi hoje! Eu pretendo continuar acompanhando o trabalho deles. Desejo muito sucesso e ressaltar que as vozes deles são muito bonitas!”

Gustavo Maciel Zurschimittem (estudante de Ciências Biológicas)

“Saliento que o trabalho deles é um trabalho muito bom! Que tragam isso para mais lugares e mais pessoas conhecerem! Que eles tenham muito sucesso na carreira e possam se desenvolver como cantores. Estão no caminho certo!”

Guilherme Rodrigues de Moraes (estudante de Enfermagem)

“Eu conheci a banda faz poucos dias pelo Instagram e gostei bastante do trabalho deles! Apareceu um vídeo ‘do nada’ pra mim […] e eu achei as vozes deles muito bonitas. […] Quando eu vi que viriam para cá, chamei meus amigos [Gustavo e Guilherme] para virem! […] Desejo uma boa sorte na sua jornada e quero vê-los mais vezes!”

Juliane da Cunha Luçardo (arquiteta)

 

Registro do show do Quarto Afora no Utopia Casa Bar, em 31 de outubro de 2025

 

E o futuro da Quarto Afora?

Ana Luísa – mesmo que se dedique profissionalmente à banda – considera a música majoritariamente como um passatempo, quer se dedicar para o curso de Edificações e ingressar uma faculdade de Arquitetura. Enquanto isso, Mateus tem o sonho de viver a música como profissão. Ainda assim, considerando esses fatores, ambos têm uma paixão muito forte pela Quarto Afora e desejam seguir essa jornada juntos.

Nesse sentido, considera-se o prosseguimento do projeto a longo prazo. A banda é o ponto de encontro principal de Mateus e Ana, que unem o hobbie ao profissional, o útil ao agradável, o amor e a arte. Por meio do conjunto, o casal se satisfaz de diversas maneiras, e a cultura pelotense é muito bem representada.

“Tenho muito orgulho da trajetória que estão seguindo. Eles são muito corajosos no que diz respeito a buscarem um espaço cultural em que a música é mais refinada e, portanto, tem um público menor e mais exigente. O talento deles, que vem desde a infância, é lindo, e nos faz ter a certeza de que vale muito a pena apoiar sonhos quando estes são acompanhados de profissionalismo, dedicação e dom!”

Liziane Kempfer

“São inspirações, pessoas que eu realmente admiro do fundo do meu coração e que eu tenho completa confiança de que têm um futuro brilhante; e que eu sou só uma espectadora de estar ali e poder acompanhar desde o princípio!”

Lara Gomes Tavares

 

“Eu vou no bloco dessa mocidade

Que não tá na saudade

E constrói a manhã desejada

Eu acredito é na rapaziada

Que segue em frente

E segura o rojão

Como é que não?

Eu ponho fé é na fé da moçada”

Trecho da música “E Vamos À Luta”, do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Gonzaguinha)

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