Documentário registra encontro inédito entre banda gaúcha Doidivanas e Orquestra Estudantil de Pelotas
Por Maria Eduarda Santos
Um encontro entre o rock gaudério e a música clássica se transformou em mais do que um concerto. Virou narrativa. Virou documento. Tendo estreado em julho, o documentário “Doidivanas e a Orquestra Estudantil de Pelotas” acompanha os bastidores e encontros que resultaram na apresentação realizada entre a banda pelotense Doidivanas, a Orquestra Estudantil de Pelotas e a Orquestra Estudantil do Areal, situada no bairro Areal de Pelotas e ligada a um projeto social de formação musical com jovens da periferia. Mais do que registrar um evento, o filme propõe refletir sobre o papel da cultura como direito e como política pública.
Para Daniel “Cuca” Moreira, integrante da Doidivanas, o principal objetivo do documentário é preservar a história de quem faz arte com comprometimento. “O documentário serve para registrar, para ter um documento que conta a história da orquestra, e neste caso com a banda Doidivanas. A função mais importante do documentário foi registrar o trabalho da orquestra em si. Mostrar que isso é feito com carinho, com importância. Com cuidado”, destaca. O documentário contou com imagens e edição de Maria Luiza Kletz e Maria Eduarda Santos, também autora desta reportagem.

Documentário registra a parceria da banda Doidivanas com projetos musicais comunitários de Pelotas
A parceria entre os músicos da banda e os jovens da orquestra transcende o palco e revela uma relação de troca entre diferentes vivências musicais. Nas cenas do longa, fica evidente que há uma conexão gerada pela escuta e pela construção coletiva — elementos que também atravessam a fala da maestrina Lys Ferreira, regente da Orquestra do Areal. Para ela, o documentário traz à tona uma reflexão sobre a responsabilidade do poder público diante da cultura.
“Quando a gente para e pensa, vemos o quão pouco oferecemos para a comunidade, como serviço público. Como é dito no documentário, isso é um direito. A cultura é um investimento, é muito importante para uma cidade como Pelotas, que serve como referência para as cidades menores. É uma coisa que dá trabalho e exige das instituições públicas, mas dá retorno. E é muito legal quando essas pessoas olham para a orquestra e se enxergam”, afirma.
Mais do que um produto audiovisual, “Doidivanas e a Orquestra Estudantil de Pelotas” se consolida como um ato político de valorização da cultura feita a partir das margens. Um filme sobre a escuta. Sobre o encontro. E sobre o registro daquilo que, tantas vezes, passa em silêncio.
Assista o documentário:
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