Superman (2025): um novo herói para um novo universo


Após muita especulação, lançamento nos cinemas revela quem é o Super-Homem da fase atual da DC Comics      

Por Isadora Jaeger     

No dia 11 de julho, Superman chegou às telonas com uma nova versão do homem de aço, consolidando a nova fase Universo da DC Comics. Dirigido por James Gunn, o filme simboliza um novo começo, deixando para trás a era de filmes de tons sombrios como “Liga da Justiça”, “Homem de Aço” e “Batman vs. Superman: A Origem Da Justiça”.

Mesmo com produções da concorrente no currículo, como a franquia Guardiões da Galáxia da Marvel, o diretor James Gunn já é um nome consagrado na DC. Ele foi responsável por “O Esquadrão Suicida” (2021) e está por trás de “Comando das Criaturas”, série animada que marca a primeira obra oficial criada para o novo DCU (Universo Cinematográfico DC).

Para dar o pontapé inicial dos live-action para a nova fase, Gunn teve a tarefa de moldar um dos mais antigos e famosos heróis da DC, o Super-Homem. Após a fase conhecida popularmente como Snyderverse, ou Universo Estendido da DC (DCEU), marcada por um tom mais sombrio, abordagem épica e recepção dividida, surgiram muitas dúvidas sobre o futuro da franquia. Assim como naquela fase, o novo universo também começaria com um filme do Super-Homem.

 

Superman e Krypto, o Supercão               Foto: DC Studios/Divulgação

 

Apostando na leveza e em cores vibrantes, James Gunn devolve ao Super-Homem uma de suas facetas mais emblemáticas: a de símbolo de esperança. Esse novo Superman não mede esforços para proteger cada ser vivo de Metrópolis, desde pessoas até esquilos. Ele representa o heroísmo em sua forma mais pura: aquele que atravessa dimensões para resgatar um cachorro que estaria sozinho e, provavelmente, assustado.

Diferente das versões de 2013 e 2006, que,  com Cavill e Routh, faziam referências à história de Jesus Cristo, simbolicamente equiparando o herói a um deus, a abordagem de Superman é mais igualitária, apresentando-o como alguém empático, que conhece cidadãos de Metrópolis por nome e não necessita da relação de superioridade. Acima de tudo, ele está lá para servir ao bem e a Terra.

Quanto ao ator que veste o traje nesta adaptação, não há dúvidas de que David Corenswet é um ótimo Super-Homem. É sua naturalidade como Clark Kent que possibilita que o público acredite na totalidade do personagem. Sua química com a Lois Lane, interpretada por Rachel Brosnahan, transmite ao público uma intimidade que estabelece os dois como um casal real desde suas primeiras cenas juntos.

 

A jornalista Lois Lane (Rachel Brosnahan) entrevista Superman (David Corenswet)          Foto:DC Studios./Divulgação

 

Diferente da interpretação original de Christopher Reeve, ator conhecido por seu papel no Super-Homem em 1978, Corenswet não traz uma diferença tão contrastante entre o herói e o alter-ego. Enquanto Reeve se destaca nas cenas em que transita entre o tímido Clark Kent e o imponente Super-Homem, com tons de voz e postura distintas, Corenswet convence com a intersecção dos dois personagens. É claro que há diferenças no modo como Clark e Superman se comportam, mas cenas como a entrevista com Lois Lane revelam o quanto essas duas identidades são variações do mesmo indivíduo, e não personas opostas.

A questão principal do filme é que a motivação principal do herói, fazer o bem, pode ser complexa. E é desta forma que a trama do filme se desenha, após o Superman interferir no conflito geopolítico dos países fictícios Borávia e Jarhanpur, dividindo opiniões dos cidadãos de Metrópolis.

Apesar de parte da recepção do público estranhar o ‘cunho político’ do personagem em Superman, tal característica se faz presente desde os quadrinhos iniciais do personagem, com edições em que lutava contra líderes políticos como Hitler e Stalin. Entretanto. é inegável que algumas adaptações suavizaram essa característica do personagem, tornando-o mais comerciável e palatável ao público. Com o filme de 2025, o diretor resgata essa camada original do herói, aproximando-o de suas raízes como agente de justiça social em um mundo politicamente complexo.

 

Rede de televisão norte-americana FOX News questiona abordagem política do filme Foto:Reprodução/FOX News)

 

Fora das telas, James Gunn também enfrentou críticas da mídia conservadora norte-americana após afirmar que o Super-Homem é, essencialmente, um imigrante. Em meio ao cenário polarizado dos Estados Unidos e a antigas polêmicas envolvendo políticas anti-imigração de Donald Trump, a Fox News rapidamente apelidou sua versão do herói de “Superwoke”, alegando que o filme teria um viés progressista e “desconstruído”. Apesar das controvérsias, o longa tem sido bem recebido: segundo o site Rotten Tomatoes, o novo “Superman” conta atualmente com 93% de aprovação do público e 83% da crítica.

Embora se apoie no humor que se tornou intrínseco ao gênero de filmes de super-herói, o filme introduz uma gama de personagens que habitam o DCU. Entre vilões egocêntricos e coadjuvantes carismáticos, Gunn consegue despertar curiosidade sobre o papel e o desenvolvimento futuro desses personagens no universo que está sendo construído.

Acima de tudo, “Superman” apresenta um herói com agência: alguém que toma decisões sob o risco de cometer erros, falhar e perder a luta. Ao fazê-lo vulnerável, empático e profundamente humano, James Gunn não apenas reinventa o personagem, mas também reacende a luz nos filmes de heróis da DC. O novo Superman não é um símbolo inalcançável, mas um reflexo do que há de melhor, e mais complexo, na condição humana.

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