Como o Brasil seleciona um filme para o Oscar?

O longa “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, foi o escolhido para representar o país em 2025        

Por Gabriel Veríssimo   

   

Fernanda Torres vive na tela a história real de quem sofreu na pele os dissabores do período ditatorial no Brasil   Foto: Divulgação

 

A Academia Brasileira de Cinema anunciou no dia 23 de setembro, o filme que representará o Brasil na corrida por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2025. O longa “Ainda Estou Aqui” (2024), dirigido por Walter Salles, foi selecionado por unanimidade pela comissão de especialistas e já desponta como uma das grandes apostas do País para a competição mundial. Levando em conta a produção brasileira recente de filmes, o título está passando por algumas etapas antes de chegar à indicação definitiva à cerimônia em Los Angeles.

A trama de “Ainda Estou Aqui se ambienta no Brasil, em 1970, e adapta o livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que narra a vida de sua mãe, Eunice Paiva (Fernanda Torres). Na trama, uma mulher casada com um político influente tem sua vida transformada quando o marido, Rubens Paiva (Selton Mello), desaparece durante a ditadura militar. De dona de casa, ela passa a lutar como ativista dos direitos humanos.

A estreia no Brasil está marcada para ocorrer durante a 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que começou nesta quinta-feira, dia 17 de outubro. O lançamento comercial nas salas de cinema do País está previsto para 7 de novembro. No cenário internacional, o longa já acumula reconhecimento: venceu o prêmio de Melhor Roteiro no prestigiado Festival de Veneza e foi exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián, onde recebeu aclamação da crítica.

Como é o processo de seleção para o Oscar de Melhor Filme Internacional?

A escolha de “Ainda Estou Aqui” como representante brasileiro no Oscar seguiu um rigoroso processo de seleção estabelecido pela Academia Brasileira de Cinema e Artes. Para concorrer à vaga, o filme precisa atender a uma série de requisitos estabelecidos tanto pela academia brasileira quanto pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que organiza o Oscar.

Em primeiro lugar, a produção deve ter sido lançada no Brasil durante um período pré-definido. Além disso, o filme precisa ter sido exibido em um cinema comercial por pelo menos sete dias consecutivos e não pode ter sido transmitido previamente na televisão ou em plataformas de streaming.

Após o lançamento comercial, cabe à produtora do filme inscrever a obra no site da academia, apresentando documentos como o Certificado de Produto Brasileiro (CPB), emitido pela Ancine, e comprovações da exibição nos cinemas, como críticas ou reportagens. O filme também não pode ter concorrido no ano anterior, o que garante que apenas novas produções entrem na disputa.

O filme passa pelo filtro do comitê de seleção da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. Ele é composto por 25 membros, 21 escolhidos por votação entre os integrantes da organização, e quatro escolhidos pela diretoria, visando diversidade. Este comitê fica responsável por assistir todas as obras elegíveis que se inscreveram no processo seletivo, aberto no site oficial para que as produtoras possam enviar seus candidatos.

Uma vez definido o representante, a Academia Brasileira de Cinema e Artes informa sua escolha ao comitê de Hollywood, e a inscrição final na premiação fica a cargo dos produtores da obra escolhida.

O anúncio dos cinco filmes finalistas que concorrerão ao Oscar será feito no dia 17 de janeiro de 2025, após uma pré-lista de finalistas, que será divulgada em 17 de dezembro de 2024.

Filmes brasileiros indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional

Embora o Brasil tenha submetido diversos filmes à categoria de Melhor Filme Internacional ao longo dos anos, apenas quatro produções conseguiram a cobiçada indicação final à cerimônia do Oscar. O primeiro a disputar a estatueta foi “O Pagador de Promessas” (1963), de Anselmo Duarte. O segundo, “O Quatrilho” (1996), de Fábio Barreto, e o terceiro a alcançar a indicação foi “O Que é Isso, Companheiro?” (1998), de Bruno Barreto. A quarta produção foi “Central do Brasil” (1999), de Walter Salles, que trouxe grande reconhecimento ao cinema nacional e ainda garantiu uma indicação de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.

Agora, com “Ainda Estou Aqui”, o Brasil renova suas esperanças de retornar à lista dos finalistas e, quem sabe, conquistar sua primeira estatueta. A 97ª edição do Oscar será no dia 2 de março de 2025.

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