Cultura pelotense em evidência com o Mapa Cultural AGIMOS

Ferramenta de gestão cultural da UFPel busca fortalecimento e políticas públicas para o setor. Premiação da agência abriu oportunidades para 16 artistas, entre os quais a cantora Julie Schiavon         

Por Jaime Lucas Mattos             

 

A Agência de Indústria Criativa e Mobilização Social (AGIMOS), junto à UFPel, fomenta o circuito independente de arte e cultura e contribui com a estruturação do setor cultural na cidade de Pelotas e região. Uma das ferramentas da agência é o Mapa Cultural, que serve como um agregador de produções culturais regionais.

Com o Mapa Cultural, artistas, espaços e produtores de eventos podem se inscrever na plataforma e terem seus trabalhos expostos no site, tendo em vista que a ferramenta possui páginas específicas com um mapeamento de todos os cadastrados e de futuros eventos.

A ferramenta serve tanto como um agente de divulgação quanto como um ponto crucial para a conexão e diálogo entre artistas e produtores. “É uma plataforma aberta que tem como objetivo unir os artistas e produtores culturais da zona sul. É a partir dele que os artistas têm uma conexão mais direta com os produtores e os locais dos eventos”, relatou a ex-participante do projeto, Caroline Savedra.

A plataforma tem grande importância para o âmbito cultural de Pelotas e região porque não existe outro agregador de eventos para a cidade, que funcione como um calendário cultural eficiente. Com o Mapa Cultural, eventos e artistas têm maiores oportunidades de divulgarem seus trabalhos e receberem a devida atenção.

 

Julie Schiavon foi premiada com sua música “Agir” Imagem: Divulgação

 

Prêmio AGIMOS de Produção Musical

Além da própria plataforma, o Mapa Cultural foi um agente de apoio para a produção do Prêmio AGIMOS de Produção Musical, realizado em outubro de 2023. As inscrições para o prêmio foram realizadas entre agosto e setembro, e a premiação selecionou 16 artistas para receberem um prêmio em dinheiro e algumas oportunidades sob curadoria da UFPel. Dentre as chances oferecidas, estava a possibilidade de gravar no Estúdio UFPel de Produção Musical e a inclusão em um álbum virtual distribuído pela Editora da UFPel.

Julie Schiavon, uma das ganhadoras do Prêmio AGIMOS, contou que se inscreveu no último dia, mas que valeu a pena ter participado. “Foi, sobretudo, uma experiência muito enriquecedora que me trouxe muitos aprendizados. Meu maior objetivo quando me inscrevi era de aprender, foi incrível poder experienciar novas visões e ideias sobre música em geral e sobre o meu trabalho. No final das contas todo esse aprendizado foi o verdadeiro prêmio.”

A artista pelotense iniciou sua carreira profissional em 2017, quando lançou seu primeiro single autoral, “The Fear”, mas diz que, desde a infância, já tinha vontade de seguir a profissão. “Eu gosto de dizer que a música decidiu me escolher antes de eu escolher ela”. Apesar de estar realizando essa vontade de cantar, não significa que é tarefa fácil: “Ser artista em Pelotas requer uma boa dose de persistência, resiliência e resistência. Mesmo sendo um polo cultural regional, os desafios do artista independente começam exatamente em função da escassez de oportunidades, tanto na divulgação quanto na valorização do seu trabalho”.

 

Um dos pontos mais importantes da AGIMOS, que se concretizou com a premiação, é dar atenção aos artistas independentes da região sul, que normalmente já não têm muitas oportunidades. “A AGIMOS, para mim, exerce um papel importante como rede de apoio ao circuito artístico independente. Sua atuação como agente de fomento da cultura tem oportunizado o acesso a conteúdos de extrema relevância para artistas, produtores, etc, qualificando o artista nas diferentes dimensões que impulsionam a arte como indutora de produção cultural e econômica”, prosseguiu Julie.

A artista ainda contou que a participação na premiação possibilitou muitas colaborações novas. “Foi também uma importante validação do meu trabalho para que eu continuasse meu caminho com mais confiança”, disse. “Me sinto muito honrada de estar fazendo parte da primeira coletânea deste prêmio e, mais ainda, em participar de um cenário artístico repleto de artistas incríveis que merecem todo reconhecimento do mundo”, ressaltou.

Sobre as oportunidades a partir da premiação, Julie revelou que já gravou no Estúdio UFPel e que foi uma experiência enriquecedora. “Durante o processo de preparo para a gravação, recebemos feedbacks de alguns dos curadores do prêmio. No meu caso, tive uma belíssima orientação da cantora Anaadi, que compartilhou comigo toda sua sabedoria e bagagem de uma forma muito gentil e didática”, descreveu. “Desde que eu comecei profissionalmente eu tive poucas oportunidades de gravar em estúdio, então esta troca presencial com profissionais que atuam há anos foi realmente uma escola para mim”.

A participação de seus amigos e parceiros musicais na construção da canção escolhida pelo prêmio, Kass e Roberto, foi de grande importância nesse processo: “Foi muito marcante para nós ter participado desta gravação juntos e extremamente gratificante receber esse reconhecimento pelo nosso trabalho, pois, o percurso da arte é constantemente acompanhado de muitas inseguranças e estas conquistas para mim são como lembretes de que eu escolhi e sigo escolhendo o caminho certo”, concluiu Julie.

 

Julie junto ao coordenador do projeto, Leandro Maia, e aos técnicos de som no Estúdio UFPel  Foto: Acervo pessoal

 

Ganhadores do 1º Prêmio AGIMOS

Veja a lista de vencedores do 1º Prêmio AGIMOS de Produção Musical, com o nome do artista e o título da música escolhida.

  • Julie Schiavon, “Agir”;
  • Ivanov Basso, “Ah Se Tu Voltasse”;
  • D.U.C.K., “Algum Lugar”;
  • Marilia Piovesan, “Avesso”;
  • Bart, “Black Atlantis (Novos Ares)”;
  • Humberto Schumacher da Gama Júnior, “Braço D’água”;
  • Zombie Johnson, “De Volta Pra Casa”;
  • Matheus Menega, “Fervo”;
  • ForróGodó, “Griô”;
  • Duglas Bessa/Hector Rojas, “Mañungo”;
  • Douglas Vallejos, “Música é Vida”;
  • Mestre José Batista, “Nascido na Palma da Mão”;
  • Bruna Klein, “Navegar”;
  • César Lascano, “Transversal da Ilusão”;
  • Sarah Monteiro, “Tudo Que Eu Sei”;
  • Solo Fértil Reggae Raiz, “Veio de Lá (acústica)”.

 

Para se inscrever no Mapa Cultural e ficar por dentro de todas as oportunidades da plataforma, o procedimento é simples e pode ser feito por todos os artistas, produtores e proprietários de espaços que tiverem interesse. “Podem ser artistas, cursos de artesanato, música, dança, teatro, pode ser o local, etc. […]”, explicou Caroline Savedra. No site do Mapa Cultural há um vídeo-tutorial que explica o passo a passo da inscrição na plataforma oficial.

PRIMEIRA PÁGINA

COMENTÁRIOS

Comments

comments