Música, dança e poesia fizeram parte da programação que celebra um século desde a fundação
Por Vanessa Centeno Ferreira
Para comemorar um século de história, completado no dia 12 de outubro de 2023, o evento Arte nos 100 Anos CaVG está sendo realizado pelo Núcleo de Arte e Cultura (NAC) e o Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação, Memória e Cultura (NEPEC) do Câmpus Visconde da Graça do Instituto Federal Sul-rio-grandense (CaVG/IFSul). Esta realização teve atrações culturais em que os estudantes apresentaram seus talentos com a Banda CaVG e o Grupo de Dança do CaVG. Houve espaço para a poesia e a exposição “Vestígios e Presenças: a Palavra no Tempo”, do NEPEC, trouxe um pouco da história do Câmpus, com seu acervo de objetos antigos.
A Galeria Cultural do IFSul (rua Gonçalves Chaves, 3218, no Centro de Pelotas) inaugurou, no dia 4 de dezembro, outra exposição, “Um Olhar para o CaVG no Século XXI”. Sob a curadoria de Aline Maria Rodrigues Machado, traz uma coleção de desenhos da Oficina de Desenho do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) formada por estudantes do Câmpus. A mostra pode ser visitada até o dia 21 de dezembro, de segunda a sexta, das 9h às 18h.
História do Câmpus
O CaVG é um dos centros de educação mais antigos na região de Pelotas. A Escola foi fundada em 1923, como Patronato Agrícola Visconde da Graça com o apoio do então ministro da Agricultura, o pelotense Ildefonso Simões Lopes, ficando subordinada ao Ministério da Agricultura.
O nome Visconde da Graça foi em homenagem ao senhor João Simões Lopes Filho, falecido em 1893 e que detinha o título de Visconde da Graça. Era dono da antiga Estância da Graça, cujos terrenos foram doados pela família Simões Lopes ao Ministério da Agricultura.
O CaVG esteve 38 anos vinculado ao Ministério da Agricultura, oito anos diretamente ao Ministério da Educação, 40 anos à Universidade Federal de Pelotas e, recentemente, 13 anos ao IFSul.
Em 2008, foram criados os institutos federais de educação, e, em 2009, a comunidade do CaVG decidiu, por voto, por sua inserção ao IFSul, o que foi efetivado em 2010. E passou, então, a ser o Câmpus Visconde da Graça. O CaVG é uma escola que está nos corações de jovens e adolescentes, adultos e idosos. Todos têm boas lembranças da instituição.
Apresentações da Banda CaVG
E, em comemoração ao Centenário houve apresentações culturais no Mini Auditório 1 Pulga. Vale recordar que o apelido engraçado, “Pulga”, vem dos tempos em que o mesmo local funcionava como um alojamento e os estudantes o apelidaram de “Pulgão”. E um dos participantes das apresentações comemorativas dos 100 anos foi a Banda CaVG, que começou seus ensaios e apresentações em março deste ano.
A Banda CaVG é um projeto de música coordenado pelo Professor Vinicius Carvalho Beck que também atua como professor de Matemática no Câmpus. O grupo é formado por professores e estudantes do IFSul CaVG, que cantam ou tocam algum instrumento. Eles ensaiam e apresentam esporadicamente músicas populares brasileiras e clássicos do rock. É um projeto derivado de outro mais antigo chamado CaVG Rock, que consistia na gravação de músicas famosas para o Youtube no período da pandemia. Com o fim das restrições e a possibilidade de ensaios e apresentações ao vivo, vários estudantes começaram a participar e a interagir com a equipe.
Quando as aulas voltaram a ser presenciais e o projeto CaVG Rock já estava encerrando, através de uma casualidade, o professor Vinicius Carvalho Beck e o ex-integrante da Banda CaVG Rock Miguel Jorge Weber encontraram uma aluna que perguntou se tinha algum projeto de música em que pudesse participar como cantora. Então, o professor decidiu continuar o projeto de uma forma diferente. Ele e Miguel passaram nas salas de aula e convidaram os jovens que gostavam de tocar algum instrumento musical ou de cantar. Através desta chamada, os jovens começaram a aparecer para se envolver e participar do projeto.
Os ensaios e apresentações ao vivo começaram ainda em março deste ano e a banda já se apresentou algumas vezes no Câmpus do CaVG e também nas 49ª Feira do Livro de Pelotas. Confira as gravações no Youtube.
O professor Vinicius relatou que são em torno de 10 alunos que se apresentam. Ele gosta de ver a interação com o público quando a banda começa a fazer seus shows. Há sempre muitas expectativas por parte de todo o grupo, preocupado em trazer um bom trabalho para a plateia. Os alunos gostam muito de participar. Embora o professor já tenha pensado em cancelar o projeto por causa da rotina diária, que também envolve estudos e provas, os estudantes pediram a continuidade e reafirmaram seu interesse.
O repertório musical é escolhido pelos alunos, que demonstram predileção pela MPB e rock. Alguns instrumentos musicais são disponibilizados pelo CaVG, como piano e de percussão. Mas a grande maioria é trazida pelos próprios integrantes. O professor traz a sua guitarra, e os ensaios são três vezes por semana, com somente alguns integrantes de cada vez. Todos se encontram nos ensaios gerais.
E quem cuida para manter a galera com a voz aquecida, com o timbre ideal e aquecimentos vocais, é o professor Ederson Oliveira Duarte, também pianista e auxiliar do professor Vinicius. Lembra que participa desses projetos desde o início da pandemia, quando os vídeos eram feitos à distância. Cada integrante da banda fazia uma função. Foram produzidos muitos vídeos em que um integrante colocava a base instrumental e outro a voz. Para Duarte, os alunos são muito focados no projeto. Sempre o procuram para fazer aquecimento vocal. Dão ideias de repertório e se sentem motivados.
A Banda CAVG é formada por 15 pessoas. Fazem parte o professor de Matemática e coordenador do projeto, Vinicius Carvalho Beck, professor de Física e diretor Marcos André Betemps Vaz da Silva, professor de Física Cristiano da Siva Buss, professor de Química Matheus Zorzoli Krolow, professor de Música e pianista Éderson Oliveira Duarte, professor Fernando Augusto Treptow Brod, e os estudantes Sabrina Lessa da Silva Lima, Manuela Oriente de Souza Martins, Sabrina de Lima da Fonseca, Luíza Wardelmann Lima, Eduarda Kabke Baptista, Gabrieli Goulart Sozinho, Maria Clara da Rosa Bruno, Miguel Jorge Weber e Diego Jesus Borges Machado.
O projeto anterior CaVG Rock também foi coordenado pelo professor Vinicius Carvalho Beck. Nos links a seguir, você confere essa realização, que teve duas edições, nos anos de 2020 e de 2021, quando estava ocorrendo a pandemia.
Paixão pela música
Natural de Cerrito, Miguel Jorge Weber é formado no CaVG no curso Técnico em Meio Ambiente e estuda Licenciatura em Matemática na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ele já fazia parte do projeto anterior, tendo como destaque quando cantou uma música dos Beatles no YouTube. E voltou para tocar violão e ser vocalista. Para ele a apresentação na 49ª Feira do Livro de Pelotas foi uma experiência única.
Miguel também canta na noite e se apresenta em bares. Para ele é um hobby. Conciliar sua rotina acadêmica com o projeto exige um sacrifício, pois ele tem aulas em certos dias nos três turnos: manhã, tarde e noite. Quando isso acontece, ele ensaia no intervalo das 12h às 14h. Mas, para ele, essa entrega é gratificante e sua família sempre o incentivou. Ele, sorrindo, diz que saiu do CaVG, mas o CaVG não saiu dele.
Alguns Integrantes da Banda
Luíza Wardelmann Lima tem 17 anos. Vocalista da banda, cursa Técnico em Alimentos. Entrou no grupo em março logo no início do projeto. Ela diz que a música ajuda a tornar a rotina acadêmica dela mais leve e tranquila, pois o grupo ajuda a conhecer outras pessoas e criar outros vínculos. Luíza gosta de cantar desde criança. Comenta que as músicas do repertório já faziam parte da sua vida com letras que todo mundo conhece, “nem que seja só um trecho”.
Outro vocalista é Diego Jesus Borges Machado, de 17 anos, que cursa Técnico em Alimentos. Ele mora na Ilha de Torotama, no município de Rio Grande, e canta desde seus oito anos na igreja junto com seus familiares. Desde criança, ele sempre esteve envolvido com música e dança.
Para Diego, as apresentações da banda são um sentimento único. Para ele, o projeto é uma oportunidade que não se deve deixar passar. É sempre uma nova experiência. Toda vez que eles cantam, fica o desejo de voltar a ensaiar e se apresentar novamente. Segundo ele, a Feira do Livro foi uma experiência muito boa. Apesar de eles terem ficado nervosos antes da apresentação, deu tudo certo. Diego diz para os jovens não desistirem dos seus sonhos, não terem vergonha e não ficarem se privando em função de palpites negativos.
Luiza conta que sempre gostou de cantar desde criança, mas tinha muita insegurança devido às opiniões alheias, mas ela conseguiu mudar isto através dos ensaios. Comenta que uma amiga a incentivou a entrar no grupo e foi uma das melhores escolhas que ela fez. Fez o teste junto com sua amiga porque tinha muita vergonha. Hoje, ela incentiva outros jovens a terem coragem e participar
A aluna Gabrieli Goulart Sozinho, de 17 anos, que faz o curso de Vestuário, relatou que fazia parte da Banda CaVG, mas hoje integra o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), voltado para a preservação da cultura afro-brasileira. O projeto iniciou com a primeira Semana da Consciência Negra, na qual ela foi mestre de cerimônias.
Eduarda Kabke Baptista, de 16 anos, fazia parte do projeto como cantora, mas distanciou-se devido a outras atividades em que estava envolvida. Afastou-se, mas pretende voltar, já está com saudades, pois gosta muito de cantar.
O coordenador do Núcleo de Arte e Cultura (NAC), Marcio Paim Mariot, falou que há várias atividades culturais além da Banda CaVG, como o Projeto de Dança, a Oficina de Desenho da professora Aline Machado, com a exposição na Galeria Cultural do IFSul, até o dia 21 de dezembro; e o projeto Conversa Literária da Biblioteca do CaVG. Ele antecipa que o grupo de dança pretende se apresentar em um festival de dança ano que vem. Os projetos são voltados para dentro e fora do Câmpus, levando alegria a todos que prestigiam.
Para mais informações sobre a Banda para eventos e apresentações é com o professor Vinicius Carvalho Beck pelo e-mail <viniciusbeck@ifsul.edu.br>.
Grupo de Dança no Arte 100
O Grupo de Dança do CaVG é coordenado pela professora de Educação Física Débora Vendano de Vasconcelos Sinotti. Neste ano, ela iniciou a proposta de um grupo de dança na modalidade Jazz. Desde março, o grupo começou os ensaios e, na Arte dos 100, a professora trouxe uma amostra do que o grupo fez até agora. São 16 integrantes e os ensaios acontecem uma vez na semana, aberto à participação de todos os alunos e funcionários do CaVG. Os ensaios acontecem nas segundas-feiras ao meio dia. Os interessados devem procurar a professora na secretaria do CaVG.
Poesia
Apesar de já escrever as suas próprias poesias, o estudante Everton Luís Xavier Cardoso, de 29 anos, que cursa Meio Ambiente, apresentou duas poesias do livro “Poesia com Rapadura”, de Braulio Bessa, para as pessoas refletirem sobre a rotina da vida diária.
Para o professor de Física e diretor do CaVG, Marcos André Betemps Vaz da Silva, os projetos culturais desenvolvidos são uma parte fundamental para a formação dos estudantes, mesmo quando eles estão em carreiras técnicas. Para o professor, os cidadãos se constituem como seres humanos e como parte da sociedade e, por isso, a importância da arte como um ponto desta formação. Uma perspectiva mais ampla leva a enxergar a cultura como constituinte das nossas vidas no dia a dia.
Através dos seguintes links você acompanha a Banda CaVG no Youtube e os projetos do CaVG:
Instagram do Núcleo de Arte e Cultura (NAC)
Instagram do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação, Memória e Cultura (NEPEC)
COMENTÁRIOS
Você precisa fazer login para comentar.