Realizada entre os dias 11 e 19 de agosto, a edição deste ano contou com a tradicional premiação e homenagens a vários artistas, incluindo a atriz Léa Garcia, falecida no dia 15, às vésperas de ser homenageada
Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos
Em sua 51ª edição, o Festival de Cinema de Gramado, realizado ao longo de nove dias, é uma vitrine de divulgação para diversos filmes, de diferentes formatos e lugares do Brasil. Na edição deste ano, muitos filmes e profissionais foram celebrados na grande festa do cinema.
Os longa-metragens brasileiros
A premiação do festival, realizada no último dia do evento, destacou o êxito do filme “Mussum: O Filmis”, que foi o maior premiado da noite, levando seis Kikitos. O longa-metragem é uma biografia de um dos maiores nomes da comédia brasileira, Mussum (1941-1994), que fez parte do quarteto Os Trapalhões. A repercussão positiva sobre o filme após a exibição exclusiva no festival chama a atenção para a produção, que entrará para o circuito de exibições nos cinemas apenas no dia 2 de novembro.
A cinebiografia dirigida por Sérgio Guindane levou seis Kikitos nas seguintes categorias: melhor filme; melhor ator, para Aílton Graça; melhor trilha musical, para Max de Castro; melhor atriz coadjuvante, para Neusa Borges; melhor ator coadjuvante; para Yuri Marçal; e o prêmio do júri popular; além de uma menção honrosa a Martín Macías Trujillo, por seu trabalho desenvolvido na caracterização.
Outro destaque dentre os longas-metragens foi para “Tia Virgínia”. O filme narra a história de uma mulher de 70 anos que vive sozinha e é convencida pelas irmãs a se mudar para cuidar dos pais. A trama se passa em um único dia e acompanha a preparação de Virgínia para receber as irmãs no Natal. “Tia Virgínia” levou cinco Kikitos nas categorias de: melhor atriz, para Vera Holtz; melhor roteiro, para Fábio Meira; melhor direção de arte, para Ana Mara Abreu; melhor desenho de som, para Rubem Valdés; e o prêmio do júri da crítica; além de uma menção honrosa a Vera Valdez.
O outro destaque da noite foi “Mais Pesado é o Céu”, que levou quatro Kikitos nas categorias de: melhor direção e melhor fotografia, ambas pelo trabalho de Petrus Cariry; melhor montagem, para Firmino Holanda e Petrus Cariry; e um prêmio especial do júri para Ana Luiza Rios. O filme, que será lançado em 2024, tem Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios como protagonistas. Os personagens atravessam paisagens marcantes do território cearense em busca de fazer as pazes com o passado e de construir um novo futuro.
Os longas-metragens “O Barulho da Noite”, de Eva Pereira, “Angela”, de Hugo Prata, e “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte, não receberam nenhum prêmio.
Os longa-metragens gaúchos
Dentre os longas gaúchos, os destaques vão para “Hamlet”, dirigido por Zeca Brito, e “O Acidente”, dirigido por Bruno Carboni. Com uma metáfora à tragédia de William Shakespeare, o primeiro conta a história do Jovem Hamlet (Fredericco Restori), que, em meio ao caos político no Brasil de 2016, tem de enfrentar seus maiores fantasmas, sua transformação em adulto e seu lugar na sociedade, em meio aos protestos dos estudantes e de movimentos sociais. O filme recebeu cinco Kikitos, nas categorias de: melhor filme; melhor direção, para Zeca Brito; melhor ator, para Fredericco Restori; melhor fotografia, para Bruno Polidoro, Joba Migliorin, Lívia Pasqual e Zeca Brito; e melhor montagem, para Jardel Machado Hermes.
Já “O Acidente”, que chegou aos cinemas em 24 de agosto, narra a história de duas famílias que criam um laço inesperado após um atropelamento. A história se inicia após a ciclista Joana ser vítima de um atropelamento e decidir não denunciar, temendo que isso estragasse os planos que tem com sua namorada, Cecília. No entanto, quando um vídeo da situação se torna viral, ela é forçada a prestar queixa na polícia e sua vida se entrelaça com a da motorista e sua família. O filme recebeu três Kikitos nas categorias de: melhor atriz, para Carol Martins; melhor roteiro, para Marcelo Ilha Bordin e Bruno Carboni; e melhor direção de arte, para Richard Tavares.
Outros longas gaúchos premiados foram “Céu Aberto”, em duas categorias, e “Sobreviventes do Pampa”, em uma categoria.
Outros destaques da premiação
Vale mencionar como destaques o documentário “Anhangabaú”, de Lufe Bollini, que levou um prêmio de melhor filme documental, e o curta “Mãri-Hi – A árvore do Sonho”, que ganhou prêmios em duas categorias de curtas-metragens, e foi dirigido por Morzaniel Ɨramari, considerado como o primeiro cineasta Yanomami.
Para a lista completa de vencedores da premiação ao longo dos anos, desde 1973, acesse o site do festival.
Homenagens
Além da entrega de diversos Kikitos a diferentes filmes gaúchos e brasileiros, o festival também foi palco de homenagens a grandes nomes do cinema nacional.
O Troféu Oscarito, que é a mais antiga homenagem entregue pelo festival e leva o nome de um dos principais nomes do cinema brasileiro, estava planejado para ser entregue a duas grandes artistas brasileiras, Laura Cardoso e Léa Garcia.
Aos 95 anos, a atriz Laura Cardoso recebeu homenagem no palco do Palácio dos Festivais, ao lado de outras homenageadas da noite. A atriz Léa Garcia, que também estava programada para receber o Troféu Oscarito, faleceu, aos 90 anos, dias antes da cerimônia. A atriz estava em Gramado para acompanhar o festival e ser homenageada no último dia. Devido ao falecimento da atriz, o troféu foi entregue ao filho, Marcelo Garcia.
Léa tinha uma extensa e célebre carreira no cinema, na televisão e no teatro, tendo ganhado, ao longo de sua jornada, quatro Kikitos no Festival de Gramado, além de prêmios em outros festivais, incluindo o prestigiado Festival de Cinema de Cannes. Um dos seus últimos trabalhos foi na série “Arcanjo Renegado”, do serviço de streaming Globoplay.
Outras homenageadas da noite foram a produtora Lucy Barreto – com o Troféu Eduardo Abelin – e as atrizes Ingrid Guimarães – com o Troféu Cidade de Gramado – e Alice Braga – com o Troféu Kikito de Cristal.
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