“O Mahjar é aqui: A Comunicação contra-hegemônica dos intelectuais árabe-brasileiros”

O professor de Jornalismo e autor Guilherme Curi lançou seu livro no Campus Anglo da UFPEL    

Por Leonardo Cardoso e Pedro Barcelos    

     

Trabalho aborda literatura  produzida por escritores e poetas sírio-libaneses

 

O livro “O Mahjar é aqui: A Comunicação contra-hegemônica dos intelectuais árabe-brasileiros”, do professor Guilherme Curi, do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi apresentado para a comunidade acadêmica da UFPEL no dia 2 de Agosto, no Campus Anglo. A obra é resultado de uma pesquisa de doutorado realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do professor Mohammed ElHaji, que também assina o prefácio.

O livro aborda a trajetória da literatura árabe-brasileira, produzida por escritores e poetas sírio-libaneses que imigraram para o Brasil no final do século XIX e início do século XX. O autor analisa como esses intelectuais construíram uma identidade cultural híbrida, expressa pelo uso do hífen entre árabe e brasileiro, e como eles se posicionaram de forma crítica e contra-hegemônica diante das representações estereotipadas e estigmatizadas sobre os árabes na sociedade brasileira.

Em entrevista, o professor Guilherme Curi falou sobre a sua experiência de levar seu livro para o ambiente universitário como uma forma de agradecimento por tudo que o ensino público lhe proporcionou. “É o sentimento de estar retribuindo todo o conhecimento que a universidade pública me proporcionou. É um sentimento de gratidão, de contribuição ao enriquecimento da pesquisa na universidade pública, que é tão importante no nosso país”, disse.

Curi relevou o fato de estar atuando no contexto da educação pública e tudo aquilo que lhe proporcionou a fazer esta pesquisa, já que seu livro é fruto de uma pesquisa de doutorado, de quatro anos, na UFRJ, uma universidade pública. Considerou como uma espécie de retribuição a todos professores e professoras, mestres que fizeram parte da sua vida acadêmica. “Então, é a tudo aquilo que fez parte de mim e da minha construção estudantil até agora”, ressaltou.

No seu trabalho, o autor analisou o encontro dos diversos povos na formação do País e  quão ampla é a cultura brasileira em suas origens: “Apresentar a literatura árabe-brasileira é uma outra forma de contar a história no nosso país, é um outro olhar, a partir da perspectiva do imigrante árabe que chegou aqui no final do século XIX, que construiu esse país assim como tantos outros povos que constroem. Então, é de uma grande responsabilidade contar essa história e contribuir para o enriquecimento científico comunicacional, porque é um olhar a partir da comunicação enquanto ciência também. O hífen é colocado propositalmente em literatura ‘árabe-brasileira’, porque justamente expressa a junção, esse pertencimento à cultura brasileira que deve muito à cultura árabe, então, é nesse sentido que eu procuro contribuir com a minha obra”.

 

Guilherme Curi dedicou cinco anos para pesquisa publicada

 

A escrita de um livro é longa e demorada, como foi o caso do professor, que entre a escrita e as pesquisas levou cerca de cinco anos para a conclusão do seu trabalho. “Ao todo, eu demorei cinco anos para escrever esse livro, porque ele é fruto de uma pesquisa de doutorado, na UFRJ, na linha de pesquisa Mídia e Comunicação Socioculturais, em um curso de doutorado de Comunicação e Cultura”, relata.

O prefácio é do seu orientador, o professor doutor Mohammed ElHaji. A pesquisa também teve a colaboração do professor Muniz Sodré, que esteve tanto na sua banca de qualificação quanto na banca de apresentação final do trabalho. “Então, foi um processo longo, mas muito gratificante. Eu tive contato com muitos autores da literatura árabe-brasileira, muitos livros raros que encontrei em bibliotecas públicas também. Foi um trabalho muito minucioso de análise dos textos desses autores, tanto poéticos quanto prosaicos. Eu usei como metodologia a semiótica discursiva e também a análise do discurso crítica. Então, foi um trabalho muito rico em termos de conhecimento, de aprendizado e de descoberta também dessa literatura, que é tão importante para a nossa cultura”, descreve.

Projeto de Extensão Arte, Cultura e Informação

O evento foi realizado pelo projeto de extensão Arte, Cultura e Informação do Centro de Letras e Comunicação (CLC), coordenado pela professora Graça Nogueira, que contou a origem do projeto e a importância de trazer essas rodas de conversas para o desenvolvimento do aluno enquanto universitário: “O projeto foi pensado no período da pandemia, para que a gente, de alguma forma, atendesse à comunidade da UFPEL levando arte, cultura e informação. Então, as ações que foram desenvolvidas mês a mês tentaram trazer um pouco da arte local, da cultura local e acesso a informações que a gente considera que são importantes para a comunidade em geral. A gente já falou sobre a recuperação de menores infratores, sobre o câncer de mama, conversamos sobre a defesa do trabalhador na Justiça; vamos falar agora, esse mês sobre a violência de gênero”.

O projeto já teve a participação de artistas locais, como Caco Xavier, falando sobre o resgate dos tambores. Paulinho Martins tratou sobre a carreira dele e a importância do choro para a cidade de Pelotas, além de tocar um pouquinho de Bandolim para o público.

Graça enfatizou: “A ideia é agregar a comunidade acadêmica, mostrar que a formação acadêmica do aluno é holística, vai muito além da educação formal, da cátedra, do ensino, da pesquisa e da extensão. A gente precisa também, de arte, de cultura, para poder complementar a vida cidadã, o que a gente quer é formar alunos que tenham essa consciência crítica sobre o nosso entorno, do quanto a cidade, de repente, ela é super acadêmica, tem várias universidades, mas, ao mesmo tempo, ela é uma cidade rica em arte e cultura, então queremos fazer com que esses saberes externos à universidade adentrem e façam parte da formação acadêmica de cada aluno”.

O livro de Guilherme Curi pode ser adquirido nas livrarias Hippocampus, no Balneário Cassino  (Rio Grande) e Vanguarda (Shopping Pelotas e na rua General Neto, 392, em Rio Grande). Também pode ser baixado em pdf por este link.

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