Uma cultura diferente do chimarrão e da vaneira: Há mais de 70 anos, o rock and roll está cada vez mais presente na vida dos gaúchos
Por João Victor Fagundes e Renan Ferreira
A banda camaquense Doctor Dog é um dos destaques do rock gaúcho e está com uma agenda de shows programada para as cidades de São Lourenço, Camaquã e Pelotas, a partir deste sábado, dia 5 de agosto. Seu trabalho está integrado aos passos dados pelo rock na região, acompanhando o estilo musical que contagiou o mundo.
Passado glorioso
O Rock Gaúcho teve início na década de 1950, após o estouro e ascensão do rock and roll nos Estados Unidos e a bomba que foram os Beatles na Inglaterra na década de 1960. Como um estado pioneiro em muitas frentes, o Rio Grande do Sul rapidamente teria a sua cena roqueira instalada na capital dos gaúchos, Porto Alegre.
As bandas eram majoritariamente formadas por jovens que faziam shows cover de bandas internacionais, ainda sem uma identidade própria, mas isso mudou rapidamente. Já na década de 1970, com mais bandas e melhor qualidade nas apresentações, o obstáculo foi a dificuldade em divulgar seu trabalho e ganhar notoriedade com suas canções autorais.
O rock gaúcho então caminhou a passos lentos para o reconhecimento. Só em meados dos anos 1980, houve a tão esperada explosão do “gaúrock”. Com a criação do espaço do rock na rádio Ipanema FM, o gênero encontrou espaço para crescer e se multiplicar, a fim de incentivar a criação de inúmeras novas bandas na capital gaúcha.
Ainda em meados dos anos 1980, a data de 11 de setembro de 1985 é considerada o dia histórico do rock gaúcho. Pela primeira vez, no Festival de Rock Unificado, as bandas porto-alegrenses foram a atração principal no ginásio Gigantinho, palco de tantas estrelas do rock mundial.
Já na era da música sertaneja, adentrando os anos 1990 e 2000, o rock no Rio Grande do Sul perdeu força assim como em todo País. As rádios estavam mais interessadas na nova sensação do momento, que era o estilo que viria por dominar a indústria musical até os dias de hoje.
Mesmo assim, a galera do rock seguiu fazendo seu trabalho, e o Rio Grande seguiu revelando suas bandas, sejam elas de alcance nacional, regional ou até na garagem de casa, o importante é juntar os amigos e fazer aquele som que todo mundo gosta.
Doctor Dog e seu surgimento no cenário gaúcho
A banda Doctor Dog teve seu início em meados dos anos 2000 quando Rodrigo (Cachorrão), vocalista, que ainda concluía o ensino médio, convidou seus amigos para formar uma banda para a apresentação em um festival chamado “Família de Artes” na cidade de Camaquã. O grupo recém-formado recebeu uma avaliação positiva por parte do público presente no festival, fazendo com que os integrantes iniciassem os ensaios de suas músicas e covers aos finais de semana. A partir daí, a banda receberia diversos convites para apresentar-se em eventos e festa de amigos na cidade de Camaquã.
Virada de chave
Segundo Cachorrão, na necessidade de compor músicas que expressassem seus sentimentos, o single “Eu e Beatriz” acabou sendo uma virada de chave para a banda por volta de 2004, quando a música se tornou uma das mais pedidas na rádio FM local e até hoje é figurinha carimbada nos shows da banda Doctor Dog. Além disso, no mesmo ano, ocorreu o concurso “Chance”, promovido pela RBS TV e Diário Gaúcho, que envolveu bandas de todo o Estado e teve sua apresentação final no Bar Opinião, famosa casa de shows da capital gaúcha. Surpreendentemente, a Doctor Dog sagrou-se campeã do evento, assim, ganhando uma enorme notoriedade no cenário do rock regional.
Projeção a nível estadual e nacional
Em 2008 a banda recebeu o convite para participar do programa em forma de reality show “Guaraná Antártica Sound” apresentado por Toni Garrido, vocalista da banda Cidade Negra. O programa tinha como objetivo revelar novos talentos do rock que estariam espalhados pelo Brasil e era transmitido pela emissora Rede TV em horário nobre, aos domingos à noite. Com suas músicas autorais, a banda Doctor Dog foi vencedora da etapa seletiva regional e representante do Estado na grande final do reality em São Paulo, quando figurou entre as dez finalistas do programa que contava com mais de 11 mil bandas inscritas do País inteiro. Cachorrão destaca que a experiência de passar uma semana em São Paulo em contato direto com outras bandas foi muito importante para o crescimento da Doctor Dog.
Doctor Dog nos dias de hoje
A partir daí, a banda recebeu diversos convites para realizar suas apresentações em casas de shows muito relevantes no cenário gaúcho, onde jamais imaginariam que o rock os levaria, como, por exemplo, a Hard Rock Café, em Gramado, o Bar Opinião, em Porto Alegre, e o Johnnie Jack, em Pelotas. Além disso, começaram a surgir convites para abrir os shows de bandas renomadas em âmbito nacional, como a Rosa Tattooada, Acústicos e Valvulados, Nenhum de Nós e TNT.
Atualmente, a banda tem agenda cheia aos finais de semana e além dos shows, seus videoclipes são transmitidos no Music Box Brasil e Canal Bis, referências em clipes nacionais. Além disso, o single “Colégio das Freiras” já soma mais de 12 mil visualizações em seu canal no Youtube, sendo o mais assistido na banda na plataforma.
Ao ser questionado sobre como o rock faz parte de sua vida, o vocalista Cachorrão ressalta: “É como um vício, não consigo largar, e nem tenho vontade, pois o rock já está em meu DNA”. E acrescenta: “Já foi cogitado o final da banda, mas apenas quando não tivermos condições físicas iremos parar”.
A banda estará presente na cidade de Pelotas no dia 18 de agosto no bar Johnnie Jack (rua Santos Dumont, 590), sendo assim, uma ótima oportunidade para prestigiar o rock gaúcho em sua mais pura essência.
Agenda de shows da Doctor Dog nos próximos finais de semana:
05 de agosto – Evento “ChimaRock” em São Lourenço do Sul, na programação do 3º Festival de Inverno.
12 de agosto – Pódio Sports Bar em Camaquã.
18 de agosto – Johnnie Jack em Pelotas.
Contatos com a banda podem ser feitos pelo telefone (51) 98476-1818 e pelo Instagram.
COMENTÁRIOS
Você precisa fazer login para comentar.