“Sofá na Rua”: Pelotas como um polo multicultural

Evento acontece há 10 anos e promove diversidade de atividades com arte, música, dança e esportes       

Por Caio Nogueira        

Programação com entrada grátis e livre para todos os públicos é organizada de forma coletiva      Foto: Jackeline Nunes

 

A cidade de Pelotas conta com uma ampla diversidade de pessoas e de manifestações culturais, com influências de outras regiões do Brasil e da América Latina. Diante disso, o coletivo “Sofá na Rua” consegue mostrar todas as peculiaridades das diversas formas de expressar cultura na cidade. O evento, totalmente gratuito, organizado de forma coletiva e livre para todos os públicos, acontece no Porto de Pelotas há 10 anos e contempla toda a ancestralidade, musicalidade e outras formas de expressar cultura que ocorrem na região. Entre as principais atrações estão: shows, práticas culturais específicas, venda de produtos, esportes e danças.

 

Evento dá espaço à diversidade cultural que coexiste na cidade  de Pelotas           Foto: Cibele Gil

 

O nome “Sofá na Rua” não é à toa, na rua José do Patrocínio, onde é realizado o evento, fica um sofá, que simboliza o conforto e a inclusão do local. O “Sofá na Rua” ocorre, geralmente, entre a parte da tarde e o anoitecer, com a data divulgada em suas redes sociais (Facebook  e Instagram) alguns dias antes.

 

Coletivo divulga data de realização dos eventos por suas redes sociais       Foto: Jackeline Nunes

 

Segundo a produtora do coletivo, Isadora Passeggio, o “Sofá na Rua” estimula a cadeia da cultura regional ao dar espaço a diversos segmentos culturais e fazedores de cultura na cidade. “O coletivo tomou proporções de movimento cultural, pois cria lastro de conexões com agentes do setor cultural e da economia alternativa do País, espalhando-se em rede por diversos municípios do território brasileiro, sendo Pelotas a matriz dessa iniciativa”. Ela enfatiza: “Como consequência das práticas culturais, o evento movimenta a rede de consumo local, de empreendedores de economia familiar”.

Sobre os últimos anos, Isadora reitera a dificuldade de se trabalhar com cultura no Brasil: “Viemos de um governo em que o ministério foi extinto e todos os agentes culturais passaram por momentos bastante complexos”. Quando perguntada sobre a maior virtude do “Sofá na Rua”, ela responde: “Acredito ser o diálogo direto com seu público, existe uma troca cultural muito horizontal, que fortalece o movimento e fez com que o Sofá chegasse aos seus quase 11 anos de trabalhos contínuos e se expandisse para outras cidades. Trabalhamos de forma criativa e solidária, o Sofá não possui um dono, os integrantes do coletivo não são os mesmos desde o início, o que possibilitou diferentes olhares e experiências dentro do movimento”.

 

Esportes também estão integrados à programação do Sofá na Rua     Foto: Gustavo Fonseca

 

Sobre a continuidade de um processo de profissionalização do evento e sobre a importância das bandeiras que ele levanta, um dos integrantes Valdir Robe Júnior, produtor cultural e ativista, diz: “O coletivo nos últimos anos vem conseguindo se profissionalizar no sentido de receber pelo trabalho, através de editais culturais e parcerias. E vem se mostrando importante também para que artistas com trabalhos autorais possam se apresentar para um público que, em muitas vezes, passou de 3 mil pessoas. Acreditamos que, sim, podemos fortalecer outros movimentos, no sentido de nos entendermos como muito mais que um evento, e sim um coletivo e movimento cultural, com pautas que acreditamos. Nesse sentido, estamos em permanentes conexões, permitindo trocas que fortalecem ambos. Não somos partidários, mas temos campo político, na defesa dos direitos humanos, do movimento negro, e de pautas LGBTQIA. O coletivo exercita uma democracia direta, é um aprendizado constante, se há divergência, vota-se e a maioria decide. Perdemos integrantes que foram para outra cidade, por exemplo, e o coletivo se renova e permanece construindo e avançando”.

Um dos objetivos do coletivo é, cada vez mais, aprimorar suas produções, por isso, para as próximas edições, promete uma organização cada vez maior, trazendo em debate a importância da valorização da cultura brasileira com todos os seus ricos e belos detalhes e particularidades.

 

O Sofá na Rua se consolidou como um eapaço de integração cultural na cidade        Foto: Jackeline Nunes

 

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