Ideia contemplada com segundo lugar visa inovação e restauração de local histórico de Rio Grande
Por Rayla Ribeiro e Vitor Porto
O projeto da cidade Rio Grande, que irá revitalizar os Molhes da Barra, ficou como segundo colocado entre os cinco vencedores do concurso Iconicidades, promovido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Também da região Sul do Estado, a cidade de Pelotas foi agraciada com o primeiro lugar voltado para o estabelecimento de um Centro de Gastronomia.
A vereadora Lu Compiani Branco (MDB) foi responsável por realizar a indicação propositiva na Câmara de Vereadores do Rio Grande do Ecoparque Turístico Molhes da Barra. O secretário de Município do Meio Ambiente da Prefeitura do Rio Grande, Pedro Fruet, acredita que o projeto do Ecoparque irá fomentar o turismo, ressaltando a importância histórica da cidade. “Será mais um passo para o futuro da economia e desenvolvimento do Rio Grande, trazendo uma arquitetura sustentável e integração com a beleza natural que os Molhes da Barra proporcionam”. Segundo Fruet, a proposta prevê a revitalização da Praia da Barra, píer para turismo náutico, áreas de gastronomia, passarelas e um minimuseu.
O projeto Iconicidades
O Iconicidades é um projeto lançado em 21 de junho deste ano e faz parte do programa Avançar, criado pelo Governo do Rio Grande do Sul com o objetivo de crescimento econômico e melhorias na prestação de serviço à comunidade gaúcha. Busca inovar, ressignificar e restaurar conjuntos arquitetônicos históricos para atrair o público e fomentar o turismo no Estado.
Primeiramente, foram indicados 11 conjuntos arquitetônicos que poderiam ser revitalizadas pelo projeto, logo após foram selecionadas cinco para participar do concurso para seleção de projetos. As propostas foram lançadas através de um edital aberto para escritórios de arquitetura de todo o País. A escolha das ideias premiadas aconteceu por avaliação de arquitetos independentes contratados para participar da comissão.
Os cinco projetos definidos, levando em conta a seleção inicial entre 11 municípios, e a escolha dos projetos feitos por arquitetos foram os seguintes:
1° lugar: Pelotas – Centro de Gastronomia
Projeto vencedor: Ricardo Felipe Gonçalves (SP)
2° lugar: Rio Grande – Ecoparque Turístico Molhes da Barra
Projeto vencedor: João Gabriel de Moura Rosa Cordeiro (PR)
3° lugar: Santa Maria – Clube dos Ferroviários: Centro de Inovação e Economia Criativa
Projeto vencedor: Augusto Longarine (SP)
4° lugar: Cachoeirinha – Complexo Casa de Cultura
Projeto vencedor: Rodrigo Troyano Prates (RS)
5° lugar: São Leopoldo – Complexo Casa da Feitoria/Museu do Imigrante
Projeto vencedor: Patrícia de Freitas Nerbas (RS)
O Iconicidades pagará aos arquitetos responsáveis pela elaboração dos projetos vencedores prêmios de 1°, 2° e 3° colocados entre R$10 mil e R$20 mil. As cidades que tiveram suas arquiteturas selecionadas entre os primeiros colocados receberão valores aproximados de R$580 a R$749 mil. Além disso, os municípios terão o compromisso de executar e implementar as iniciativas necessárias para a realização das obras.
A proposta é voltada para ressignificar e estimular a retomada de espaços arquitetônicos icônicos nas regiões escolhidas – ambientes que façam parte da identidade local, seja pela localização, pelo estilo arquitetônico que imprimem, ou mesmo pelo uso que deles se fez no passado.
Na primeira etapa do projeto, foram selecionadas arquiteturas simbólicas de cinco municípios gaúchos, bem como as propostas de cada um para dar a elas um novo sentido, promovendo o estímulo à inovação e à economia baseada no capital intelectual e contribuindo para criar ecossistemas criativos e que estimulem novos negócios.
O projeto selecionado de Pelotas contemplou as melhores propostas de edificação anexa à antiga sede do Banco do Brasil no município, bem como um plano de ocupação do prédio histórico, a fim de que o conjunto contemple o Centro de Gastronomia.
A história dos Molhes da Barra
A construção dos Molhes da Barra, em Rio Grande, é considerada um marco na história gaúcha e da cidade do Rio Grande, sendo uma das suas maiores obras de engenharia marítima.
Durante séculos, navegadores lutaram para vencer os desafios da natureza na região sul, pois os navios enfrentavam sérias dificuldades para alcançar o Porto do Rio Grande. Ventos fortes, bancos de areia, tempestades e o baixo calado do canal, cerca de quatro metros no século 19, limitavam o potencial da cidade.
A ideia, ou sonho, de construir um quebra-mar na entrada da Lagoa dos Patos surgiu ainda em meados do século 19. Com um convite do Imperador D. Pedro II, o engenheiro brasileiro, Honório Bicalho – homenageado na rua do atual Porto Novo – elaborou o projeto de dois quebra-mares, um de cada lado do canal, como a solução definitiva. Visionário, Honório faleceu antes de ver o início das obras.
Foi somente na presidência de Rodrigues Alves e Afonso Pena, em 1909, que as obras iniciaram. Em um esforço colossal, 120 quilômetros de ferrovia foram construídos para transportar pedras vindas de Monte Bonito e Capão do Leão, cerca de 1,7 toneladas por dia. Dois guindastes Titan foram instalados para moverem as pedras gigantescas e cerca de quatro mil operários trabalharam na construção dos dois moles. No total, quatro milhões de toneladas de pedras foram usadas na construção.
No dia 1° de março de 1915, o navio Benjamin Constant, da Marinha do Brasil, cruzou os dois braços de pedra que se estendiam por quatro quilômetros mar adentro, assim, inaugurando os Molhes da Barra.
Atualmente, os Molhes permitem que o Porto do Rio Grande tenha um calado de 15 metros de profundidade, comportando a navegação de grandes navios, como plataformas de petróleo, em águas calmas e seguras no terceiro maior porto marítimo do Brasil.
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