Exposição celebra os 30 anos do coletivo feminista GAMP  

Grupo foi a primeira ONG do Estado e comemora três décadas de luta pelos direitos feministas

Por Ana Beatriz Assunção Garrafiel     

Uma casa que foi cenário de violência contra a mulher. Quadros retratando os abusos físicos e emocionais da violência de gênero, acompanhados de grandes banners alertando sobre a importância em combater esse tipo de situação. Esse é o cenário da exposição que celebrou os 30 anos do GAMP, Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas, ocorrida de 09 a 21 de agosto no Casarão 2 da Praça Coronel Pedro Osório. O grupo foi a primeira ONG feminista do Estado e, três décadas depois de sua criação, continua movimentando e unindo mulheres em torno da defesa dos direitos femininos.

O roxo presente na decoração representa o Agosto Lilás, conhecido como o mês da conscientização do pelo fim da violência contra a mulher. Apesar de o ‘’aniversário’’ oficial da ONG ser na data de 8 de março, agosto foi o mês certo para realizar a exposição, considerando que é também a data de celebração da instauração da Lei Maria da Penha. Segundo Diná Bandeira, uma das responsáveis pela organização, o objetivo da exposição é, além de celebrar as três décadas de luta do grupo, conscientizar e engajar a população na luta pelos direitos feministas. ‘’Levamos uma casa [para a exposição]. Não poderíamos falar sobre violência doméstica sem usar o ambiente que deveria ser o mais acolhedor para a mulher, e atualmente, em muitos casos, se torna o local mais perigoso para elas’’, explica Diná.

Retratos artísticos representam a violência contra a mulher      Foto: Ana Garrafiel

 

À primeira vista, as imagens e informações encontradas no local são fortes e incomodam. Mas é esse mesmo o propósito: causar revolta e indignação sobre um assunto tão grave e, infelizmente, atual. Fundado em 1992, o movimento iniciou as atividades em torno desse mesmo assunto, e permanece lutando pelo mesmo até os dias atuais.

A história do GAMP

Três décadas atrás, mais especificamente em janeiro de 1990, a professora municipal Luciety Saraiva foi vítima de feminicídio pelo ex-companheiro. O caso gerou revolta e diversas mulheres da cidade uniram-se pelo desejo de lutar a favor da vida e dos direitos feministas. Assim, formava-se o que futuramente seria o GAMP, um dos maiores grupos militantes do Rio Grande do Sul. 

Atualmente, a ONG é composta por profissionais das mais diversas áreas, como advogadas, professoras, psicólogas, jornalistas, estudantes e donas de casa, todas voluntárias. O desejo de ter uma sociedade mais fraterna e com mais equidade é o que sempre moveu e continua movendo o grupo. ‘’Que todas nós chegamos em um balcão, seja de que espaço for, e tenhamos as mesmas oportunidades, as mesmas ofertas, independente da raça, da classe ou do estágio intelectual. Todas nós devemos ter as mesmas oportunidades’’, comenta Diná.

                           Banners alertam sobre diferentes tipos de violência de gênero                  Foto: Ana Garrafiel

Perspectiva de crescimento

O GAMP sabe que a luta feminista está longe de acabar e, por isso, procura crescer e engajar cada vez mais mulheres, como explica Diná: ‘’Temos um planejamento estratégico até 2026; estamos muito estruturadas para nos manter atuantes. Vemos a importância cada vez maior de coletivos como o nosso […] para poder reduzir todos os indicadores desfavoráveis que se tem hoje’’.

Durante a pandemia, todas as integrantes do grupo capacitaram-se, procurando cursos e consultorias na área, para poder expandir ainda mais o grupo e ampliar a luta por políticas públicas eficazes e acolhedoras. ‘’Apesar da Lei Maria da Penha existir, ela ainda precisa ser apropriada por jovens que infelizmente replicam em seus relacionamentos alguns abusos. É uma luta longa ainda, muito longa’’, finaliza Diná.

Você pode conhecer um pouco mais do trabalho do GAMP pelo Instagram (@gampfeminista), pelo Facebook (GAMP – Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas) ou pelo blog do grupo.

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