Por Julya Bartz Boemeke Schmechel
Documentário mostra lado polêmico do fundador da banda Charlie Brown Jr.
Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão, foi o fundador e vocalista de uma das bandas de rock mais famosas e amadas do Brasil: Charlie Brown Jr. Lembrado por suas composições marcantes e sua personalidade forte e mandona, o cantor encantava os fãs. Também tinha um lado marcado por sua generosidade e dedicação com os colegas músicos.
A banda Charlie Brown Jr. nasceu em 1992 e ficou na ativa até 2013, ano da morte de Chorão e também do baixista Champignon. Durante este período, a sua formação mudou algumas vezes e o cantor sempre esteve envolvido em polêmicas, inclusive com outros membros do grupo.
Boa parte da história do cantor e da banda foi transformada em documentário. Com o título “Chorão: marginal alado”, o filme foi lançado em 2019, tem direção de Felipe Novaes e está disponível na plataforma Netflix. Apresenta entrevistas de amigos, familiares e ex-integrantes da banda, que contam histórias da convivência com o cantor, desde relatos de brigas e conversas divertidas, até o seu problema com drogas.
A banda Charlie Brown Jr. passou por maus bocados até estourar no País. No início da carreira, letras pesadas em inglês eram o seu foco. Mas foi por influência de outras bandas brasileiras de rock dos anos 90 que o Charlie Brown Jr. mudou a pegada das letras. Chorão era skatista nato e chegou a alcançar ótimas posições no ranking de campeonatos de skate. E foi, nestes campeonatos, em São Paulo e Santos, que a banda começou a se apresentar. Essa com certeza foi uma parte muito importante da história do Charlie Brown Jr. e, principalmente, do Chorão, mas não ganhou muito destaque dentro do documentário
Com o carisma natural de Chorão e sua energia nas apresentações, a banda começou a alcançar novos patamares. O sucesso foi chegando com força e, assim, os roqueiros começaram a rodar o País, passando mais tempo na estrada do que em casa, fato que o documentário retrata constantemente. E conviver com o Chorão, no fim das contas, não era tão fácil assim. Seu jeito “mandão” era predominante, já que ele era o rosto da banda e fazia questão de participar de cada etapa de produção das músicas, opinando constantemente e sendo rígido caso algum detalhe não o agradasse.
Dentro disso, o documentário apresenta diversas imagens de momentos de fúria do cantor, que já chegou a discutir com o baixista Champignon ao vivo, em um show da banda. Este lado explosivo e estressado de Chorão fica evidente na produção, e é justificado com as viagens e apresentações incessantes da banda. Mas é possível perceber que esse era o objetivo principal da produção dirigida por Felipe Novaes: mostrar o lado humano de Chorão e não só o cantor que todos conheciam dos palcos e programas de TV.
O documentário não aborda algumas situações importantes, como a explicação que existe por trás do apelido “Chorão”, mas é preciso levar em consideração o tempo curto para apresentar tantas histórias da vida do cantor. No geral, a produção é bastante esclarecedora e conta um pouco melhor sobre o vício em drogas que acarretou a overdose e morte de Chorão, em março de 2013. A narrativa e a linha do tempo presente no documentário levam para um fim emocionante da produção, que retrata a imagem de Alexandre Abrão da maneira que é vista até hoje: inspiração para jovens, especialmente músicos, que buscam palavras de esperança e conforto através das músicas de Charlie Brown Jr.
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