Bibliotheca Pública Pelotense: Patrimônio cultural da região

Por Paulo Marques     

Instituição é mantida pelas contribuições dos associados e conta com um museu histórico

Prédio é um destaque arquitetônico do Centro Histórico da cidade de Pelotas

A Bibliotheca Pública Pelotense é considerada um centro de referência cultural da região sul do Rio Grande do Sul, sendo uma instituição sem fins lucrativos e sem qualquer vínculo com o poder público, mantida através das contribuições dos seus associados e pela sociedade civil organizada. Além do acervo de livros, conta com um museu histórico e realiza eventos culturais periodicamente.

Fundada em 14 de novembro de 1875, através de uma assembleia que reuniu 45 pessoas da sociedade civil de Pelotas, instalou-se inicialmente na parte térrea de um sobrado na esquinas das ruas General Victorino e General Neto. O modesto acervo, doado pela comunidade, registrava 960 volumes. Três anos depois, em 1878, foi lançada a pedra fundamental e iniciada a construção do prédio próprio que hoje abriga a Bibliotheca, na Praça Coronel Pedro Osório. Mais uma vez, foi a organização da comunidade que angariou doações para a aquisição dos materiais de construção, através de contribuições financeiras da elite social da época e da população pelotense de um modo geral, arrecadando dinheiro em bazares e quermesses. O primeiro piso do atual prédio histórico de estilo eclético foi concluído em 1888.

Instituição completa 146 anos de existência interagindo constantemente com vida cultural da região

Ao longo dos seus 146 anos de existência, a Bibliotheca Pública Pelotense sediou o Clube Abolicionista, a Sociedade Beethoven, a Banda União Democrata, a Sociedade Terpsychore, que no início do século 20, proporcionou a realização da 1ª Exposição de Belas Artes da então Província do Rio Grande do Sul, em benefício da construção do Asilo de Mendigos e do 1º Congresso Rural do Rio Grande do Sul. Ainda, ao longo do tempo, emprestou suas instalações para a Escola Prática de Comércio e a Escola de Artes e Ofícios, origem da Escola Técnica Federal, hoje integrada ao IFSul; a Associação Comercial, a Faculdade de Direito, o Conservatório de Música, a Escola de Belas Artes, a Sociedade de Cultura Artística, a Orquestra Sinfônica, o Clube de Cinema, o Instituto Histórico e Geográfico, a Academia Sul-Riograndense de Letras, a Escola Louis Braille e a Câmara de Vereadores.

Fundada para atuar como centro multicultural de caráter regional, a Bibliotheca Pública de Pelotas possui um grande número de peças e documentos relacionados à memória histórica da Região Sul, tendo o Museu Histórico e Bibliográfico como parte integrante da casa. Além do museu, o espaço também abriga um acervo destinado ao público infantil, a Biblioteca Infanto-juvenil Érico Veríssimo, que desenvolve atividades de incentivo à leitura, como “A hora do faz de conta”, suspenso atualmente pelo período da pandemia.

Além de todas as contribuições para o desenvolvimento da literatura na região, a instituição também chegou a oferecer cursos gratuitos de alfabetização para adultos, em um tempo em que o ensino formal não contemplava toda população. Além disso, realizou inúmeras conferências e palestras com nomes relevantes dos mais diferentes campos do conhecimento humano, assim como ofereceu ao público pelotense memoráveis concertos musicais, festivais de dança e diversas exposições de obras artísticas.

Uma das exposições  artísticas anteriores ao período da  pandemia  Foto: Reprodução Facebook

Atualmente, a instituição é presidida por Lisarb Crespo da Costa e possui um conselho diretor composto por onze integrantes, além de um conselho fiscal e um quadro de funcionários que dão seguimento à missão institucional da Bibliotheca, que é o de proporcionar o desenvolvimento cultural da comunidade, por meio da promoção da arte, cultura e lazer, ofertando acesso livre e gratuito à informação e a todos os seus serviços, projetos e ações culturais.

A Bibliotheca segue à disposição da comunidade, com acesso público, universal e gratuito a todo seu acervo, que conta com mais de duzentos mil títulos. A consulta ao acervo no local é livre e a possibilidade de retirada dos livros por empréstimo é restrito aos associados. Os interessados em associar-se devem preencher uma ficha cadastral e pagar a primeira mensalidade. É possível optar por duas categorias: “Estudante”, devendo ter vínculo com alguma instituição de ensino e que dá direito a retirar até dois livros para empréstimo domiciliar pelo período de 15 dias; ou “Efetivo”, dando direito a retirar até quatro livros para empréstimo domiciliar com prazo de trinta dias. O custo da mensalidade é de R$ 10,00 e R$ 20,00, respectivamente. Os usuários em geral e associados podem ter acesso à Bibliotheca e ao Museu Histórico de segunda à sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 17h.

O Museu Histórico

O Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense foi criado em janeiro de 1904, tendo sido revitalizado em 2003. O museu valoriza as peças de maior significado histórico, como o lenço Farroupilha, o sinete da República Rio-Grandense, o revólver que teria causado o ferimento mortal em Solano Lopez na Guerra do Paraguai, entre outros objetos que contam a história da região sul. Com acesso gratuito ao público, até o início do período de pandemia o Museu Histórico atendia cerca de doze mil pessoas ao ano e contava com uma diversa agenda de exposições e eventos, como a Semana Indígena, Primavera dos Museus, Dia do Patrimônio, Semana das Crianças, Outubro Rosa, Feira do Livro e Semana da Consciência Negra. Também, o museu contava com visitas mediadas especializadas para crianças de dois a 11 anos das redes públicas e privadas de ensino. No local destinado ao museu se encontra ainda o Espaço de Arte Mello da Costa.

Exposição artística virtual realizada pela Bibliotheca       Foto: Reprodução Facebook

 

Os enfrentamentos do período de pandemia

A Bibliotheca Pública Pelotense também teve que se adaptar às restrições impostas pela pandemia da Covid19. As visitas foram suspensas durante o período mais crítico do distanciamento social e atualmente é possível o acesso a um número limitado de frequentadores e com as devidas medidas de proteção. O Baú de Trocas, em que um leitor troca o seu livro por outro, retornou em julho de 2021. Já, o museu histórico encontra-se aberto para visitações, mas apenas para duas pessoas de cada vez. As atividades culturais e as exposições passaram a ser virtuais neste período de pandemia e ainda não há previsão para a retomada de forma presencial. No entanto, as atividades da Bibliotheca seguem a todo vapor, tendo, por exemplo, no último mês de agosto, sido realizada uma extensa programação relacionada ao Dia do Patrimônio, como o evento “Cidades em Transe: Patrimônios, conflitos e contranarrativas urbanas”, que contou com uma série de palestras e mesas redondas. Também, está em pleno desenvolvimento o projeto: “O que aprendemos com a pandemia?”, com a exposição em forma virtual de obras que retratam o momento por qual estamos passando. Além disso, exposições virtuais nas áreas de literatura, artes plásticas, entre outras, podem ser encontradas nas mídias sociais da instituição. Para os artistas que tenham interesse em participar de uma exposição virtual, podem entrar em contato através do email museuhistorico@bibliotheca.org.br. 

As atualizações sobre as atividades da Bibliotheca Pública Pelotense e as suas exposições virtuais podem ser acessadas na página da instituição no Facebook ou ainda no site do Museu Histórico.

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