Douglas Dutra
Só com tarja preta pra sobrevivemos às neuras de nossas cabeças. Dos remédios aos smartphones, acordamos e vamos dormir sedados.
Foi esse olhar cáustico e trágico que Juliano Guerra apresentou na prévia de seu novo trabalho, Neura, no show Tarja Preta, no dia 28 de novembro no Espaço de Arte Daniel Bellora.
Acompanhado de banda composta por Rael Valinhas, Gustavo Oliveira, Davi Batuka e Dani Ortiz, com participações especiais de Bruno Chaves, Miro Machado e Eric Peixoto, Juliano fez uma apresentação elétrica, mas intimista, dando à luz as dez canções que irão compor o álbum, a maioria inéditas.
Sua formação musical mista, que vai das músicas bregas dos anos 80 ao grunge, é evidente nas canções e melodias, que não cabem num rótulo específico e, em vez disso, perpassam os mais variados gêneros, do baião à milonga, com solos de guitarra e castanholas.
Nas letras, a crítica, bastante presente nos trabalhos anteriores, intensifica-se e ataca desde a superficialidade de movimentos políticos conservadores até os textões de Facebook. Além disso, a melancolia das ansiedades e angústias contemporâneas e as neuroses de existir em um mundo de agitação política e cultural.
Se nos álbuns anteriores, Lama e Sexta-Feira, pudemos acompanhar a evolução poética e musical do artista, em Neura veremos o amadurecimento de seu estilo de acidez e sagacidade únicos, que o tornam ímpar na música brasileira atual, acompanhado dos talentos com quem faz parceria.
Neura, de Juliano Guerra, está sendo produzido pelo A Vapor Estúdio e será lançado em 2018 pela Escápula Records.
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