Definitely Maybe: disco do Oasis completa 23 anos

Arthur Grohs

     Agosto de 1994, 31, último dia do mês. Na ocasião, as temperaturas oscilavam entre 17 e 10 graus Celsius, na conhecida cidade de Manchester. Os olhares ingleses eram voltados ao Manchester United, de sir Alex Ferguson, que ganhara a Premier League da temporada 1993/94 e chegaria, durante a temporada seguinte, em segundo lugar. Porém não era apenas o futebol que faria os europeus, latinos ou outros povos observarem a cidade.

Pausa. A fita é rebobinada. Os movimentos retornam bruscamente, as tintas deslizam de volta às canetas e, desta maneira, o ano passa a ser 1992. Quando um sujeito chamado Noel, depois de abandonar os estudos, se torna técnico de bateria de uma banda conhecida na região, o Inspiral Carpets. Após um período compondo o staff da banda, à casa ele torna e, com sua volta, a surpresa. Seu irmão mais novo – o qual, até o momento, nunca havia se interessado por música desta maneira – era vocalista de um conjunto.

Como mostrado no documentário “Oasis: Supersonic”, com direção de Matt Whitecross, Noel ingressa na banda do irmão e traz um talento ainda não revelado, o dom da composição. A partir de então, o jovem começa a escrever canções que recheavam o setlist do grupo que de Rain passara a se chamar Oasis. Assim, aos poucos, os integrantes foram conquistando admiradores do cenário musical da cidade, como apontou Johnny Marr (ex-guitarrista da banda The Smiths) em entrevista ao programa Behindthe Music, do canal de televisão Vh1. E, aos poucos, desbravando Reino Unido afora.

Liam e Noel Gallagher, Paul “Bonehead” Arthurs, Paul “Guigsy” McGuigan e Tony McCarrol. Cinco que se tornaram um, sob o nome de Oasis. Esta união, cerca de um ano depois de seu início, alcançou um contrato com um selo popular da época, a Creation Records, de Alan McGee, arquitetando, assim, um promissor futuro.

Com isso, voltamos à data inicial: 31 de agosto de 1994. Pôsteres e cartazes já estavam espalhados pelas terras da antiga Grã-Bretanha muitas semanas antes, gerando ainda mais expectativa para o determinado dia. Depois dos singles Supersonic, Shakermaker e Live Forever, com lançamentos distribuídos ao longo do ano, era o momento do Definitely Maybe emergir no cenário musical.

Em termos globais, a indústria fonográfica lucrava às custas do sucesso do grunge, de grupos como o Nirvana, e o hard rock, das bandas glam do cenário de Los Angeles, como Guns N’ Roses. Com o fim dos conjuntos citados anteriormente (os quais eram sucessos comerciais), o álbum Definitely Maybe teve uma estrada livre para vender 15 milhões de cópias ao redor do globo terrestre.

Impulsionado por canções que se tornariam – com a popularidade da banda – clássicas, o primeiro trabalho do Oasis possui aspectos os quais atraem os públicos adolescente e adulto. Amor, diversão, drogas, sonhos e questionamentos existenciais, esses são alguns dos temas tratados nas linhas líricas das composições de Noel, nesta obra de estreia.

Na época, seu lançamento foi de álbum inicial de artistas do Reino Unido mais rapidamente vendido em sua primeira semana da história, 86 mil cópias foram vendidas neste período. O recorde foi do grupo de Manchester até 2006, quando foi superado pela banda Arctic Monkeys.

A essência e os motivos das músicas

Noel Gallagher se notabilizou por se tornar o principal compositor da banda, ele escreveu todas as músicas dos três primeiros discos da banda, junto aos lados-B’s. Quando questionado sobre as inspirações das músicas, ele declarou que são sobre os “bons tempos”, sua juventude, e as pessoas as quais ouvem suas músicas poderiam dar um novo sentido às canções.

Essa é uma das várias declarações que o músico concedeu a veículos de imprensa nos últimos 25 anos. A faixa de abertura do disco, por exemplo, “Rock’n’Roll Star”, segundo Noel, é uma de suas grandes músicas porque traduz a mente de um jovem. E ele acredita que o Definitely Maybe é o cerne do que é o Oasis, por ser o disco que tornou o conjunto de Manchester famoso e “por ser o exemplo puro de suas habilidades de composição”.

O legado do álbum para os músicos

Em entrevista à GloboNews, o compositor acredita que mesmo com o fim da banda, a história continua. “Eu continuo tocando as músicas, as pessoas continuam ouvindo. Eu viajo o mundo tocando, e vejo adolescentes cantando e chorando, eles não eram nem nascidos na época do Definitely Maybe! Então, a história não acabou”.

Mais do que isso, Gallagher acredita que o disco é um grande trabalho devido ao momento que o cenário da música inglesa naquela época. Definitivamente talvez (ou não) o álbum se tornara atemporal não só pela representatividade e fama que a banda ganhou a partir dele, ou pelas canções, mas pela importância a qual ela galgou naquele instante no país em que viviam.

Gostando ou desgostando do disco, ele tem um espaço importante na história da música, e é eternizado pela memória de quem o ouve, pelos acordes de quem o toca e pelo significado intrínseco em cada faixa presente nele.

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