Reportagem de Roberta Pereira –
A cantora nascida em Dom Pedrito fala sobre o contexto artístico e seus desafios –
Vinda do interior de Dom Pedrito, Lara Rossato subiu em um palco pela primeira vez aos 14 anos e não saiu mais deles. Em 2005, ao se mudar para Pelotas, foi que conseguiu começar a trilhar seu caminho, gravando seu primeiro álbum intitulado “Doce”. Apesar do pouco investimento, o trabalho começou a render frutos. Decidida em continuar na carreira, Lara mudou-se em 2012 para Porto Alegre, onde reside desde então.
Em setembro de 2014, “Mesa para dois” foi lançado na web, com uma sonoridade pop e fortemente autoral. Produzido por Guilherme Almeida, em São Paulo, o disco gerou ótimas críticas na imprensa, mostrando não mais aquela menina do primeiro álbum “Doce” e, sim, uma mulher com suas metas bem definidas. Desde então sua carreira vem criando cada vez mais força. Convidada para diversos festivais importantes, é conhecida como uma das vozes femininas mais potentes do Estado.
Entrevistamos Lara para saber um pouco mais sobre a cena músico/cultural do Rio Grande do Sul e como foi trilhar esse caminho:
Como é viver de arte no Rio Grande do Sul?
Pela minha experiência, posso dizer que não é nada fácil viver da arte no Estado e também no mundo. Todo o começo é árduo e devemos investir muito tempo e algum dinheiro, crescer profissionalmente e só depois pensar em colher os frutos.
Na cena musical, há espaço para os músicos que estão começando?
Poucos bares dão espaço para a música autoral, por isso ela é muito reduzida, mas aos poucos esse panorama está mudando. Ao contrário, os músicos que tocam sets de música cover encontram mais espaço, dependendo da qualidade e estilo da música.
Como é a relação entre artistas? Existe uma relação de ajuda ou é mais de concorrência?
Eu particularmente não me sinto competindo com ninguém e nunca senti de fato uma concorrência entre meus amigos músicos comigo ou entre eles, mas acredito que exista sim, em áreas variadas e no mundo inteiro, porém tento não pensar muito nisso.
Em sua opinião qual é o maior problema em relação à cultura no Estado? E à maior qualidade?
No Rio Grande e no Brasil existem artistas excelentes. O que faz mais falta é oportunidade e espaço para esses artistas mostrarem suas artes, apoiados de uma imprensa mais aberta e com interesse em divulgar a cultura, sem receber nada em troca. Faz falta também um público realmente interessado nessa “nova arte”.
Felizmente, estão se criando coletivos de artistas que se unem para criar o seu próprio espaço e sair em busca desse público e também rádios, jornais e programas de TV que oferecem oportunidade de divulgação. Vejo que pouco a pouco também está crescendo o índice de pessoas que querem conhecer um trabalho de um artista local, isso é muito positivo! Aqui em Porto Alegre existem vários coletivos de compositores, como o Escuta – o som do compositor, o Autoral Social Clube e o Vossa Autoria, que realizam shows periódicos e fomentam a cena autoral local.
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