Vocal Esperança dá show e lição de vida na Bienal

O Grupo Vocal Esperança participou do evento promovido pela UFPel para a valorização da arte e da cidadania

O Grupo Vocal Esperança participou do evento promovido pela UFPel para a valorização da arte e da cidadania

Reportagem de Edna Souza Machado – 

Na semana passada, de 15 a 22 de novembro, a cidade de Pelotas foi palco de um grande evento organizado pela Universidade Federal de Pelotas. A Bienal Internacional de Arte e Cidadania é um conjunto de ações artísticas e acadêmicas a partir da temática e das identidades latinas. Dentre as diversas atividades, mostras culturais, oficinas, recitais, shows, entre outros, destacaram-se as apresentações que trouxeram à tona discussões e reflexões sobre a cidadania e a inclusão social.

Na tarde de quarta-feira (18), subiu ao palco do Espaço Cultural da UFPel, o grupo de cantores Vocal Esperança, formado por usuários de Centros de Atenção Psico-social (CAPS), sob a coordenação do professor Mario Maia (IAD). O grupo é um dos projetos de reabilitação psicossocial na cidade de Pelotas e existe há quase 15 anos por iniciativa da professora Ana Beatriz Argoud, hoje aposentada.

O coral, acompanhado por alunos da UFPel, animou o público com músicas populares que falavam de amizade, afetividade e superação. Interagiu com a plateia dançando e cantando. O maestro Isamir Fernande, que acompanha o projeto desde seu início, em 1990, antes como aluno da UFPel e hoje como profissional, contou um pouco dessa história. Enfatizou que as técnicas de beleza, estética e afinação não são seus objetivos principais, mas, sim, a promoção do diálogo, da afetividade e da aceitação mútua. Neste projeto, os usuários dos CAPS são convidados a sair do ambiente rotineiro destas instituições para realizarem atividades voltadas à arte, principalmente à música.

A professora Ana Beatriz, presente no evento para prestigiar o grupo pelo qual sente muito carinho, conta que a intenção do projeto é promover integração desses usuários fora do ambiente dos CAPS a fim de promover a reintegração destes à sociedade.

Uma das cantoras do Vocal Esperança contou como o projeto a ajudou a se restabelecer como pessoa e voltar ao convívio social. Ela conta que, frequentando o CAPS, ficou sabendo da existência deste projeto e, tomando coragem, decidiu participar.

“Nas festas que me convidavam eu sempre via esse grupo e eu tinha uma vontade muito grande de participar. Então dei o primeiro passo e fui até a Universidade Federal. Lá encontrei uma amiga que me convidou para fazer o curso pré-vestibular Desafio. Segui participando dos grupos, comecei a participar das apresentações cantando… Eu era bem diferente do que eu sou hoje em dia, com a arte, com a expressão corporal, a gente ‘vai botando pra fora’ as raivas, os traumas do passado… vai se expressando através da música. Passei no vestibular e comecei a cursar Artes. Me empenhei bastante, e era difícil, mas ao mesmo tempo fascinante! E cada desafio que ia aparecendo, eu ia desvendando e ia conseguindo.”

Glória conta que teve apoio incondicional dos professores do Curso de Artes, principalmente da professora Ana Beatriz e do Grupo Vocal Esperança.

“Eu era um papel amassado, jogado no lixo… Saí de um mundo que não era real… Com o tempo eu fui me encontrando, enxergando a minha própria doença e fui cantando, fui viajando… A arte me deu um equilíbrio,” admite Glória.

A cantora Glória Maria descobriu a música como um caminho em busca do equilíbrio

A cantora Glória Maria descobriu a música como um caminho em busca do equilíbrio

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