Especialista dá dicas para driblar o aumento nas despesas com soluções e práticas que podem ser aliadas na economia doméstica não só nesse momento, mas também após o fim do isolamento social
Débora Anibolete, para o Procel Info (18.06.2020)
São Paulo – Computador para o trabalho remoto, televisão como entretenimento para as crianças, luzes acesas, ar-condicionado ligado, forno de micro-ondas para esquentar a comida, vários banhos por dia e muita roupa para lavar. Há cerca de três meses, a rotina na maioria dos lares brasileiros se tornou intensa. Com a determinação de isolamento social pelas autoridades como medida de prevenção ao coronavírus, os hábitos de consumo doméstico mudaram e, consequentemente, as despesas também. Assim, com a permanência das famílias em casa na maior parte do tempo e o uso frequente de aparelhos elétricos, as contas de água e energia já começam a apresentar valor bem mais elevado. Ao mesmo tempo, um número considerável de brasileiros perdeu sua fonte de renda ou teve uma redução no orçamento e não pode arcar com valores ainda mais altos. Para falar sobre o assunto e orientar a como passar por esse momento da melhor forma, o Procel Info conversou Wagner Carvalho, CEO da W-Energy, empresa paulista de sustentabilidade com foco em soluções de economia de água e energia. O especialista afirma que, com algumas alternativas e adoção de boas práticas nas residências, é possível consumir de forma mais econômica e assim frear os possíveis aumentos nas contas não só nesse período, mas também após o fim do isolamento social.
Em primeiro lugar, Wagner Carvalho ressalta que é preciso entender que enfrentamos uma nova realidade. Enquanto para algumas pessoas o isolamento já está se encerrando, para outras, a rotina de home office pode ser permanente, uma vez que muitas empresas estão optando por manter esse regime de trabalho. Ele afirma que estamos diante do “novo normal” e alerta que é preciso que as pessoas aprendam a se adaptar a esse novo momento para reduzir os gastos em casa. No caso da energia elétrica principalmente, ele destaca que houve uma mudança significativa do comportamento de consumo e que, por isso, os consumidores precisam estar constantemente atentos ao uso desse recurso em casa.
“[Essa situação] Muda os perfis de consumo e os picos de consumo. Antigamente as pessoas chegavam do trabalho, iam para a residência e ligavam tudo. Nós tínhamos o pico [de consumo], que no setor elétrico chamamos de horário de ponta. Agora esse pico foi diluído ao longo do dia. As pessoas estão o tempo todo em casa. Então, o consumo de energia elétrica está parecido com o consumo de finais de semana, quando as pessoas não trabalham”, analisa o especialista.
De acordo com Carvalho, um levantamento feito pela W-Energy com contas de energia de clientes residenciais de diferentes regiões do país apontou um aumento 11,4% se comparado ao período anterior à quarentena. Para evitar essa alta, ele afirma que há dois caminhos; um deles demanda investimento, o outro não. No entanto, ele alerta que o principal conselho para economizar continua sendo a mudança de hábitos. “Se pessoa tiver disciplina, ela consegue minimizar os impactos no aumento da conta de energia”, afirma. O CEO da W-Energy cita as principais dicas para serem colocadas em prática em casa, considerando também a chegada do inverno, no próximo domingo, dia 20, época em que são utilizados aparelhos com grande gasto energético, que podem contribuir para o aumento da conta caso o uso não seja consciente.
Para a iluminação, ele indica tentar aproveitar ao máximo a luz natural, abrindo janelas e cortinas durante o dia. Para quem for fazer a aquisição de lâmpadas novas ou decidir substituir as já existentes, o ideal é optar por modelos com a tecnologia LED, que, segundo Wagner Carvalho, podem gerar uma economia média de 60%. À noite, a sugestão é o contrário, fechar bem as cortinas e janelas se for usar aparelhos de climatização. No caso do ar-condicionado, é indicado utilizar a opção ‘timer’, que desliga o aparelho quando a temperatura escolhida é atingida. Os modelos mais indicados pelo especialista são do tipo “inverter”, que proporcionam uma economia de energia de 40%, comparados aos tradicionais.
O especialista alerta que, apesar de não darmos muito atenção, a geladeira é um equipamento que consome bastante energia, por ficar 24 horas por dia ligada. Com as pessoas mais tempo em casa, o gasto pode aumentar ainda mais, já que a cada vez que é aberta, ocorre a troca de calor com o ambiente. Dessa forma, a principal dica é manter tudo organizado, com cada coisa em um lugar específico, para diminuir o tempo em que a porta precisa ficar aberta. Também deve-se evitar guardar alimentos muito quentes ou colocar roupas para secar na parte de trás do equipamento, pois essas práticas também ajudam a aumentar o consumo de energia. Com a redução do impacto da temperatura trazida pela mudança de estação, é importante lembrar de ajustar o termostato da geladeira para as opções de menor potência. E para aqueles que vão adquirir um equipamento novo, a recomendação é optar pelos modelos de duas portas, que permitem abrir só uma das partes por vez.
Apesar de ser considerado um dos grandes vilões do consumo nas residências, há formas de usar o chuveiro elétrico gastando menos água e energia. Uma medida simples, indicada por Carvalho é tomar banhos rápidos e sem utilizar toda a vazão do equipamento. Ele destaca que também é preciso evitar alguns hábitos comuns como escovar os dentes debaixo do chuveiro, lavar lingeries e fazer a barba, que tornam mais longo o tempo com o aparelho ligado. Em locais onde há opção, instalar duchas a gás, cujos modelos ecológicos possibilitam uma economia energética considerável.
Assim, como os chuveiros, as torneiras são outro item que merecem atenção. Carvalho alerta que, nesse período, em que as autoridades de saúde recomendam lavar mais as mãos para evitar a contaminação, é preciso mais do que nunca fazer o uso consciente, para evitar o desperdício. Uma opção é instalar um pulverizador na torneira, que libera um jato que permite a economia de 80% de água em relação ao padrão tradicional. O mesmo acontece com os sistemas de descarga. Substituindo o mecanismo interno da caixa acoplada pelo modelo de duplo acionamento, é possível reduzir o dispêndio de água em 45%.
Os cuidados com as roupas também podem ser feitos de modo mais econômico. Para lavar, o indicado é juntar o máximo possível de peças para ligar a máquina. Quem mora em casa ainda pode recolher a água do último descarte do aparelho e usar para a limpeza de calçadas, garagem e do carro, por exemplo. Na hora de passar, o conselho é começar com as peças mais grossas e pesadas e deixas as mais delicadas para o final, pois com o ferro de passar ainda quente, é possível desamassar essas roupas até mesmo sem que esteja ligado à tomada.
Por fim, Wagner Carvalho alerta para o uso de outros equipamentos que as pessoas não percebem, mas que também contribuem com o aumento da conta de luz. São itens que, assim como o ferro elétrico e o chuveiro, utilizam resistência e, por isso, devem ser usados com moderação. É o caso da a secadora de roupas, da sanduicheira, torradeira e de aparelhos utilizados nos cabelos, como secador, prancha alisadora e babyliss.
“Todos os equipamentos que utilizam resistência são vilões na conta de energia. Então, o secador de cabelo, nessa época do ano se usa mais ainda, se a pessoa tiver a disciplina e lembrar de utilizar o máximo possível a toalha, menos tempo ela vai ficar no secador. A maioria das vezes nós estamos no automático, então, tem que chamar a atenção da população que novos tempos exigem novos comportamentos”, recomenda.
‘É preciso começar a consumir de um jeito diferente’, diz especialista em eficiência energética e hídrica
Wagner Carvalho afirma que além de buscar controlar as despesas, é importante que a sociedade aprenda a prestar mais atenção aos seus hábitos e descobrir novas formas de consumir. Ele cita opções de geração de energia limpa como as placas fotovoltaicas, que podem ser instaladas nas residências, e também novas tecnologias ainda pouco conhecidas, como turbinas eólicas portáteis, mochilas com placas fotovoltaicas e películas para os vidros das janelas que permitem a produção de energia, ressaltando que é possível encontrar alternativas mais sustentáveis para as necessidades do cotidiano.
“Quando você convida as pessoas a pesquisarem, elas vão aprender como consumir produzindo menos lixo, descartando menos dejetos, economizando água, energia, de forma mais sustentável. Porque sustentabilidade é um conceito muito amplo, tem a financeira, a ambiental, a familiar. E as pessoas vão conseguir ter um equilíbrio em todas as áreas”, destaca.
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