Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
São Paulo – Por Heverton Bacca Sanches, com Antonio Cesar Germano Martins, Fernando Pinhabel Marafão, Flávio Alessandro Serrão Gonçalves e Helmo Kelis Morales Paredes*
O Brasil por meio do Ministério de Minas e Energia, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e outros, conhece as características e números do consumo energético nos seus setores residencial, predial público e comercial, industrial e de transportes. Porém, necessita de ações mais efetivas para melhorar a eficiência energética e, consequentemente, aproximar a produção com a demanda, sem os vultosos investimentos necessários para se construir grandes instalações de produção de energia.
No Brasil, segundo o relatório Resultados Procel 2015, a economia de energia, em 2014, foi de 10,517 bilhões de kWh, alcançando a marca de 2,2% de todo o consumo nacional de energia elétrica no período. Isto equivale ao consumo de energia anual de aproximadamente 5,25 milhões de residências brasileiras, ou 1,425 milhão de toneladas equivalentes de dióxido de carbono. Isso corresponde às emissões proporcionadas por 489 mil veículos durante um ano ou ainda a energia fornecida por uma usina hidrelétrica com capacidade de 2.522 MW. Como comparação, a Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso IV no rio São Francisco possui uma capacidade instalada de 2.460 MW.
Considerando o clima e a localização privilegiada do Brasil, o estímulo ao uso de sistemas solares poderia ajudar significativamente na diminuição do consumo de energia elétrica no aquecimento de água. Além disto, seria interessante seguir a tendência mundial de crescimento no uso de sistemas de mini e microgeração de energia distribuída, em especial às fotovoltaicas.
Sugerir o uso de sistemas de controle da iluminação com melhor aproveitamento da iluminação natural, automação por meio de sensores de iluminação e dimerização, e principalmente a troca das instalações para a tecnologia Light Emission Diode (LED) podem levar a ótimos resultados, não só nas residências como nos prédios comerciais, públicos e até mesmo nas indústrias.
Projetos arquitetônicos com melhor circulação ou aproveitamento do ar natural, áreas verdes em telhados e nos arredores das construções, isolamento térmico, sistemas de climatização mais eficientes com variação de velocidade (tecnologia inverter), bem como o estudo e implementação de sistemas de troca de calor, podem ajudar na melhora da eficiência no quesito condicionamento de ar.
Na indústria percebe-se que ainda existem oportunidades principalmente nos sistemas motrizes, ou seja, pela utilização de motores elétricos com maior rendimento, cálculo mais adequado das cargas que esses motores acionam e a utilização de inversores de frequência e soft-starters, por exemplo.
No setor de transportes, o Brasil adotou políticas de estímulo ao desenvolvimento da eficiência dos veículos novos por Ciclo Otto e da tecnologia Flexfuel que permite o uso de gasolina ou álcool no mesmo motor. Porém, é importante iniciar um projeto de estímulo ao desenvolvimento e adoção de veículos híbridos e elétricos, principalmente pelo fato dos números do transporte individual serem elevados no país. Além disto, deve-se trabalhar no sentido de se incentivar o uso de transportes coletivos. É importante ainda que o país estimule o desenvolvimento dos modais hidroviários e ferroviários, não só para o transporte coletivo, mas também para o de carga, o que poderia refletir diretamente no consumo do diesel.
Pode-se verificar que existem grandes oportunidades para se investir na melhoria da eficiência energética como meio de se atender a demanda e diminuir a pressão pela instalação de grandes empreendimentos no setor de geração de energia.
* Heverton B. Sanches é aluno de pós-graduação da Unesp-Sorocaba. Antonio Cesar G.Martins, Fernando P. Marafão, Flávio A. S. Gonçalves e Helmo K. M. Paredes são professores da Unesp-Sorocaba.
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