A construção da presente proposta se desenvolveu a partir de três grandes vetores que se impuseram desde o começo desse processo de construção. O primeiro deles é de natureza eminentemente social e pragmática, levando em conta a imperiosa necessidade de estabelecer, através da criação deste programa, um espaço privilegiado de reflexão sobre a questão do desenvolvimento no âmbito da área de abrangência da UFPel. Mas não se trata de retomar abordagens e conceitos já superados, senão de sintonizar com os esfoques contemporâneos que apontam para a multidimensionalidade, a interdisciplinaridade dos objetos e para a diversidade dos instrumentos de intervenção na realidade concreta postos em prática, atualmente pelo Estado brasileiro. Os pesquisadores signatários dessa proposta compartilham, concretamente, dessa inquietação.
O segundo vetor tem a ver com o desejo destes professores, oriundos de diversos departamentos e unidades da UFPel, no sentido de encontrar um locus de atuação acorde com estes desafios. Nesse contexto, território não se limita a um simples recorte ou dimensão da realidade, mas um modo de entender as múltiplas interações que se desenvolvem entre os atores sociais, instituições, organizações e agentes econômicos.
Para além dos aspectos técnico atinentes às cadeias produtivas dos fluxos econômicos e das formas de articulação no âmbito da esfera agroalimentar há um conjunto de questões que desafiam o entendimento sobre as razões que fazem com que certas regiões convertam-se em locais onde aflora a inovação enquanto outras permanecem imersas num estado de inércia e de falta de dinamismo. Um olhar interdisciplinar, segundo os proponentes deste programa, indubitavelmente serviria para operar um diálogo entre distintos campos do conhecimento.
É mister afirmar que o grupo integra pesquisadores experientes, oriundos de programas já existentes, sobretudo os que até então estiveram vinculados as ciências agrárias, bem como de jovens pesquisadores de outras áreas (administração, ciências exatas e da terra, economia, dentre outras) que almejam encontrar um espaço de atuação profissional que atualmente inexiste dentro da UFPel.
É exatamente sobre esse ponto que descansa o terceiro vetor que impulsionou a elaboração dessa proposta. Vejamos o que precisamente significa. A Universidade Federal de Pelotas surgiu há exatamente 44 anos. Todavia, merece destaque o fato de que, nessa cidade gaúcha, já se encontravam em pleno funcionamento importantes instituições de ensino como a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, com seus quase 130 anos de existência, bem como outros tradicionais centros de formação de recursos humanos (direito, odontologia, medicina).
Todavia, deve-se aqui destacar que a questão do desenvolvimento, em sua multiplicidade de enfoques e abordagens, não tem merecido uma atenção compatível com as demandas regionais, tanto no que tange à formação de recursos humanos quanto na produção de conhecimento. Quando existente, tal preocupação aparece de forma subalterna, tangencial, ou mesmo pontual, dentro dos atuais programas de pós-graduação em funcionamento na UFPel.
Os pesquisadores que se articularam em torno a montagem dessa proposta comungam do sentimento de que é fundamental retomar a discussão em torno do compromisso social da universidade. Não é mais possível pensar essa atuação de forma absolutamente fragmentada, tal como tem sido a prática adotada pelas diversas agências de fomento e por organizações de caráter público e/ou privado que mostram total desconhecimento sobre a natureza multidimensional do processos produtivos, a geração de diversas externalidades (sociais, ambientais, econômicas, etc.), assim como das conexões que se deve estabelecer entre atores em torno a objetivos de médio e longo prazo. Em linhas gerais, foram estes os pontos sobre os quais giravam as discussões que culminaram na elaboração desta proposta de criação de um novo curso de pós-graduação.
A interdisciplinaridade não pode ser vista uma escolha regida pela simples justaposição de áreas e de campos do conhecimento, mas do reconhecimento de que só assim será possível formar profissionais habilitados para intervir na realidade e de produzir conhecimento compatível com estes desafios. A trajetória que convergiu para a construção dessa proposta passa, necessariamente, pela tentativa de superar “mais do mesmo”, ou seja, no sentido de fugir da reiteração, da recorrência, em suma, da mera repetição de modelos de abordagem consagrados na chamada ciência normal ou convencional.
Mais informações poderão ser obtidas acessando-se o cadastro de cursos da CAPES através da plataforma sucupira:
cadastro CAPES – ÁREA ADMINISTRAÇÃO
Criação do Programa na UFPEL: Portaria nº 864 de 30 de abril de 2014.
Aprovação na CAPES: Ofício nº 234-27/2013/CTC/CAAII/CGAA/DAV de 17 de dezembro de 2013.