Egressos do Curso de Mestrado Acadêmico em Biologia Animal

Curso de Mestrado Acadêmico em funcionamento de 2015 à 2022, encerrando seu funcionamento após a fusão do PPG Biologia Animal e do PPG Entomologia, ambos da UFPel.


2020

24. Alessandro Romano da Rocha

Título da dissertação: Estimativa populacional de Melanophryniscus montevidensis (Philippi,  1902) (Anura, Bufonidae) através do método MARK-captura-recaptura no  sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Daniel Loebmann

Resumo da dissertação: Estudar os parâmetros populacionais é uma etapa importante na avaliação do  status de conservação das espécies, além de fornecer informações relevantes  aos programas de manejo da fauna silvestre. Melanophryniscus montevidensis é classificado como uma espécie vulnerável de acordo com a IUCN, com  distribuição restritas zonas costeiras do Uruguai e no extremo sul do Brasil.  Embora exista alguma informação sobre sua dinâmica populacional uruguaia,  não há dados disponíveis sobre suas populações brasileiras. O presente estudo  teve como objetivo estimar o tamanho da população de M. montevidensis em  uma região no sul do Brasil. Os dados foram coletados de junho de 2018 a junho  de 2019 no município de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul. As taxas  de sobrevivência foram altas, constantes e muito semelhantes em todos os  modelos construídos. As probabilidades de captura foram influenciadas  principalmente pelas chuvas. O modelo POPAN estimou um tamanho  populacional de mais de 19.000 indivíduos na área de estudo. Esses dados  serão úteis, uma vez que os habitats naturais dessa espécie no Brasil foram  rapidamente substituídos por parques eólicos.

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25. Amanda Perin Marcon

Título da dissertação: Modelagem de distribuição de espécies para  aves campestres ameaçadas de extinção

Orientador: Prof. Dr. Rafael Antunes Dias

Coorientadora: Profa. Dra. Fabiana Gonçalves Barbosa

Resumo da dissertação: O Déficit Wallaceano, em que a distribuição dos organismos não é completamente  conhecida, limita a conservação de espécies ameaçadas, de distribuição restrita e/ou  migratórias. Mudanças climáticas ao longo do tempo, naturais ou antrópicas, aliadas  a alterações no habitat, pressionam a biodiversidade a adaptar-se à novas condições,  especialmente espécies migratórias, que ocupam diferentes locais em distintos  períodos. A Modelagem de Distribuição de Espécies para distribuições passadas,  presente e futuras, e os modelos de ocupância, que estimam quando uma espécie se  encontra em dado local, podem auxiliar a reduzir o Déficit Wallaceano utilizando  ocorrências oriundas da literatura, museus e ciência cidadã. O objetivo do primeiro  artigo foi esclarecer de que maneira o caboclinho-de-papo-branco, uma ave  campestre migratória ameaçada cujas áreas de reprodução e invernada são pouco  conhecidas, distribui-se ao longo do ano e inferir possíveis rotas migratórias usando  modelos mensais de ocupância para 11 localidades. O segundo artigo avançou os  estudos com essa espécie, modelando a distribuição potencial para suas áreas  reprodutiva e de invernada. O terceiro artigo objetivou modelar as distribuições  potenciais passadas (Último Máximo Glacial e Holoceno Médio), presente e futuras  (cenários rcp4.5, rcp6.0 e rcp8.5 para 2070) para o veste-amarela, uma ave campestre  ameaçada. Para ambos, os modelos de distribuição potencial foram feitos com MaxEnt, utilizando variáveis bioclimáticas obtidas na base WorldClim. Os resultados  para os artigos do caboclinho-de-papo-branco mostram que 1) entre outubro-março,  a espécie ocupa desde o noroeste argentino ao sul do Uruguai na época reprodutiva, 2) migra seguindo os rios Paraná e Paraguai até o Brasil Central entre fevereiro-abril, 3) seguindo temperaturas similares entre as áreas reprodutivas e de invernada, 4)  inverna entre maio-agosto no Cerrado do centro-oeste brasileiro, 5) parte da  população desloca-se para o leste do Cerrado brasileiro (setembro-novembro) e 6)  aparentemente retorna a oeste (outubro-novembro), de onde migra ao sul. Os  resultados do terceiro artigo apontam que 1) durante o Último Máximo Glacial, o veste amarela ocupou áreas ao norte de sua distribuição atual (oeste e leste do Rio Grande  do Sul no Brasil, e Misiones no Paraguai) devido às baixas temperaturas e chuvas do  sul, 2) no Holoceno Médio, com clima mais quente, sua distribuição expandiu-se ao  sul (sul do Rio Grande do Sul, costa do Uruguai e costa norte de Buenos Aires), 3) hoje habita as mesmas áreas de forma mais restrita, e 4) em todos os cenários futuros  a espécie perderá área adequada, especialmente ao sul. Futuras ações  conservacionistas para ambas as espécies devem enfocar nas áreas apontadas como  adequadas. Encoraja-se novas abordagens de modelagem para ambas as espécies  conforme novas ocorrências forem disponibilizadas, além do incentivo a ciência  cidadã para obter-se mais informações para locais com poucos registros.

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26. Giovanna Tereza Oliveira da Silva

Título da dissertação: Efeito das variações climáticas ligadas ao ENOS na população de Cissia phronius  (Lepidoptera: Satyrinae) no extremo sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Cristiano Agra Iserhard

Coorientadora: Dra. Luciana de Campos Franci

Resumo da dissertação: Estudos temporais com populações têm se tornado cada vez mais necessários para  implementação de ações de conservação, principalmente em ambientes tropicais e  subtropicais, onde há altas taxas de degradação e perda de habitat. Dentre os insetos  subtropicais abundantes e multivoltinos encontra-se Cissia phronius (Godart, 1824),  uma borboleta frugívora neotropical com hábitos generalistas e facilmente encontrada. Entretanto, indivíduos adultos têm seus padrões sazonais, bem como atividade e  abundância afetadas negativamente por anomalias climáticas, muitas vezes resultantes  de eventos meteorológicos interanuais. Por isso, o objetivo deste trabalho foi analisar  padrões de variação temporal na população de C. phronius e relacionar com o efeito do  fenômeno climático global, de caráter atmosférico-oceânico, El Niño Oscilação Sul em  matas de Restinga no extremo sul do Brasil. Amostragens padronizadas foram realizadas durante quatro anos e meio. Foram enumeradas nove unidades amostrais,  em fragmentos de matas de Restinga. Em cada unidade amostral, foram instaladas  cinco armadilhas iscadas e revisadas três dias por mês. O método de captura marcação-recaptura foi utilizado para amostrar os indivíduos. Índices climáticos foram  aferidos diariamente e o monitoramento de boletins climatológicos foi feito  mensalmente. Foi feita uma análise a priori combinando os dados de abundância de C.  phronius comos de ausência e/ou presença do El Niño Oscilação Sul afim de avaliar se  houve influência do fenômeno no tamanho populacional e comparar os padrões  distintos de flutuação e declínio populacional durante os períodos de presença, fase  positiva (El Niño) e fase negativa (La Niña), e ausência do fenômeno. Para investigar  qual covariável melhor representa a influência do El Niño Oscilação Sul no tamanho  populacional de C. phronius, foram utilizados modelos lineares generalizados, em  ambiente R. Os resultados demonstram que o fenômeno influencia no tamanho  populacional de C. phronius. Em La Niña e em período neutro há crescimento  populacional e, consequentemente, maior atividade dos indivíduos adultos do que  durante El Niño, que indica declínio populacional. C. phronius apresenta correlação de  abundância com covariáveis climáticas, especialmente a umidade, e, oriundo a isso,  seu ciclo de vida pode ser extremamente afetado por elas, principalmente em períodos  de El Niño. Dito isto, as implicações da presença do El Niño Oscilação Sul são de que a  sobrevivência da espécie do estudo é altamente sensível às variações climáticas  resultantes do fenômeno, podendo servir de modelo para outras espécies neotropicais  e isso torna-se muito relevante para essas conclusões.

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27. Guillermo Dávila Orozco

Título da dissertação: Padrões espaço-temporais de atropelamentos da serpente Helicops  infrataeniatus (Squamata, Dipsadidae) em rodovias do sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Rafael Antunes Dias

Coorientador: Prof. Dr. Andreas Kindel

Resumo da dissertação: A estimativa de mortalidade anual de fauna por atropelamento em uma dúzia de  países é maior que 400 milhões de indivíduos. Entender os padrões espaciais e  temporais de atropelamento de fauna é de vital importância para a sua mitigação.  Existem avanços notáveis na produção e adaptação de ferramentas para responder  onde, quando e quantos indivíduos são mortos por atropelamentos. Pela  complexidade de se obter suficiência amostral, estes padrões são pouco estudados a  nível de espécie e a literatura que explora as mudanças interanuais e variações entre  populações é praticamente inexistente. Ante estas incertezas, é comum assumir que  os padrões de atropelamentos são semelhantes entre anos, estradas e inclusive entre  espécies similares, pudendo restar eficácia à medida mitigadora. Nosso trabalho tem  por objetivo estudar as variações espaço-temporais dos atropelamentos de fauna  utilizando como espécie-modelo a serpente Helicops infrataeniatus. Desta forma,  estudamos as mudanças anuais de hotspots, hot moments, e no número de indivíduos  atropelados ao longo dos anos e as variações entre três rodovias da planície costeira  da região sul do Brasil. Exploramos também a influência da escala de avaliação e do  esforço amostral na identificação de hotspots ao longo dos anos, assim como  medimos a sincronia de atropelamentos entre rodovias. O número de indivíduos  atropelados foi estimado incluindo no cálculo a eficiência da detecção de carcaças e  sua persistência na rodovia. Nós encontramos que os hotspots, hot moments e a  estimativa de mortalidade correspondem aos padrões esperados pela dispersão,  atividade e abundância da espécie. Porém, os padrões de atropelamentos podem  apresentar mudanças ao longo dos anos e diferenças entre as rodovias. A localização  de hotspots ao longo dos anos varia menos em escalas espaciais e temporais maiores, e não necessariamente pelo tamanho amostral. Nossa maior estimativa de  mortalidade é na BR-392 (53km) com 61 atropelamentos/km/ano, porém a estimativa  pode ser cinco vezes maior se considerado que o impacto se concentra num trecho  de 10 km na Várzea do Canal São Gonçalo. Esta mesma estrada apresentou um  padrão bienal no número de indivíduos atropelados. É possível que as variações nos  padrões de atropelamentos detectadas estejam relacionadas a mudanças ambientais  ou comportamentais em escala local e de períodos curtos. Neste sentido, é importante  direcionar esforços para identificar a causa-efeito nas mudanças dos padrões de  mortalidade. Entretanto, a complexidade do estudo em ecologia de estradas  apresenta desafios consideráveis. Assim, nós recomendamos que na identificação de  padrões de atropelamentos e sua mitigação, os tomadores de decisões implementem  esforços de monitoramento e escalas de avaliação que incluam as potenciais  variações espaço-temporais da biologia do táxon estudado.

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28. Jefferson Vidart Ramos

Título da dissertação: Análise filogenética de Rhinocryptidae revisitada: testando o monofiletismo  dos gêneros Pteroptochos e Scelorchilus

Orientador: Giovanni Nachtigall Mauricio

Resumo da dissertação: Rhinocryptidae é uma família de aves composta por indivíduos de pequeno a médio  porte, dividida em 12 gêneros e aproximadamente 60 espécies restritas à região  Neotropical. Normalmente são animais tímidos, de hábitos terrícolas e dieta onívora,  que vivem em áreas florestais ou de mata aberta. São reconhecidos como um  agrupamento monofilético por diversos estudos filogenéticos. O objetivo desse  trabalho consistiu em apresentar uma hipótese filogenética para Rhinocryptidae,  com enfoque nos gêneros Pteroptochos e Scelorchilus baseada em caracteres  morfológicos. Foram analisados esqueletos e siringes dos 12 gêneros que compõem  a família, tratados como grupo interno no estudo. Representando o grupo externo,  foram incluídas 16 espécies representantes dos demais táxons que constituem a  infraordem Furnariides, a saber: Conopophagidae, Dendrocolaptidae, Formicaridae,  Furnariidae, Grallaridae, Melanopareiidae, Scleruridae e Thamnophilidae, além de  um representante da infraordem Tyrannides, consistindo no enraizamento da  filogenia. A partir desse exame morfológico foi gerada uma matriz com 43 espécies e  91 caracteres, a qual foi submetida análises diferentes que tiveram como critério o  princípio da parcimônia. Oito diferentes abordagens foram utilizadas, valendo-se da  capacidade de buscas proporcionada pelas “novas tecnologias” contidas no  Software TNT. Em todos os resultados o monofiletismo dos rinocriptídeos foi  recuperado, com índice de Goodman-Bremer variando de 3 a 8 e Bootstrap acima  dos 90%, apoiando filogenias já publicadas. A posição de Liosceles na base da  filogenia foi novamente afirmada, condição essa que levou alguns autores a sugerir  que o gênero fosse classificado em uma subfamília (Lioscelinae) e os demais  representantes de Rhinocryptidae em outra (Rhinocryptinae). A proximidade dos  gêneros Eleoscytalopus + Merulaxis, Teledromas + Rhinocrypta e Eugralla + Myornis + Scytalopus obteve alto suporte, assim como Pteroptochos + Scelorchilus. As duas  espécies de Scelorchilus foram recuperadas como espécies-irmãs em todas as  topologias encontradas, porém o mesmo não ocorreu com Pteroptochos, que  demonstrou três possíveis arranjos para o clado. Apesar das incongruências  apresentadas internamente, as cinco espécies se mostraram consistentes como um  agrupamento monofilético. Os resultados encontrados sugerem fortemente que a  abordagem da matriz e a ordenação ou não de caracteres multiestados influenciam  na topologia final das filogenias, assim como em seu número de passos.

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29. Kelly Brondani

Título da dissertação: Variação temporal da diversidade genética de uma colônia de Tadarida brasiliensis (Chiroptera: Molossidae) no sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Fábio Ricardo Pablos de Souza

Resumo da dissertação: Tadarida brasiliensis (I. GEOFFROY, 1824) é uma espécie insetívora da ordem Chiroptera pertencente à família Mollossidae, sendo uma espécie amplamente distribuída no continente americano. Na América do norte, estudos ecológicos, genéticos e morfológicos da espécie são bem estudados. No Brasil, os estudos sobre a espécie são bem mais escassos, com apenas alguns trabalhos ecológicos descritos na literatura. Tendo em vista a falta de estudos sobre essa espécie na América do Sul, buscamos gerar informações a respeito da diversidade genética de uma colônia da espécie Tadarida brasiliensis no sul do Brasil, a partir do uso do marcador citocromo oxidase subunidade I (COI). Baseado em dados já observados para as populações de T. brasiliensis no sul do Brasil, a hipótese testada é que seriam encontradas diferenças sazonais na diversidade genética entre machos e fêmeas da colônia em estudo. Os 158 indivíduos da espécie foram coletados no município do Capão do Leão, RS, Brasil, por meio de armadilha de harpa. Para as análises genéticas, foram realizadas extrações de DNA, seguidas pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Foram realizados cálculos estatísticos descritivos de diversidade genética de T. Brasiliensis, redes de haplótipos e testes de evolução neutra. Os resultados obtidos para o gene COI na colônia analisada, indicaram um alto número de haplótipos, alta diversidade haplotípica, baixa diversidade nucleotídica e baixo número de sítios polimórficos nos indivíduos analisados. Foi observada uma estruturação da população em dois haplogrupos mitocondriais, porém não houve diversidade genética significativa entre machos e fêmeas independente de estações do ano e de estágios reprodutivos. Os resultados obtidos indicaram que machos e fêmeas estão em processo de seleção purificadora, efeito carona ou expansão populacional recente. Apesar dos resultados gerados, é necessário diversificar os estudos de diversidade genética da espécie na América do Sul, ampliando amostragens em outras localidades, além de utilizar outros marcadores moleculares para a confirmação destes resultados.

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30. Paulo Quadros de Menezes

Título da dissertação: Intervalos de Referência Hematológicos do Morcego Tadarida brasiliensis (Molossidae, Chiroptera) no sul do Brasil

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Rui

Resumo da dissertação: Análises hematológicas e bioquímicas são importantes ferramentas na medicina  humana e animal dando suporte para o diagnóstico de doenças e decisões sobre  tratamentos. Essas análises também têm aplicações em decisões sobre manejo e  conservação de espécies silvestres. Intervalos de Referência (IR) são intervalos de  valores provenientes de indivíduos saudáveis e considerados normais para uma  população ou espécie, que são usados na interpretação dos resultados das análises  hematológicas e bioquímicas. O estabelecimento de IR para animais silvestres  envolve uma série de dificuldades metodológicas e trabalhos com espécies de  morcegos são raros. O objetivo do presente estudo é estabelecer pela primeira vez  Intervalos de Referência para 12 parâmetros sanguíneos de uma espécie de  Molossidae, Tadarida brasiliensis, um morcego insetívoro de ampla distribuição  geográfica, abundante e sinantrópico. O estudo foi realizado com 139 indivíduos  adultos saudáveis, incluindo machos e fêmeas, capturados em dois abrigos em  construções durante 12 meses no sul do Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil. Os  resultados indicam que T. brasiliensis apresenta ampla variação na contagem de  hemácias, concentração de hemoglobina e hematócrito, com valores mais baixos dos  limites inferiores dos IR quando comparado com espécies de outras famílias. Os IRs  obtidos para VCM e CHCM seguem um padrão distinto apresentando pequena  variação e valores baixos quando comparados a outras famílias. O IR para a contagem  de plaquetas em T. brasiliensis foi amplo e com valores de limite superior bastante  elevado. Os IR para proteínas totais foram pouco variáveis e baixos. Tadarida  brasiliensis apresenta as células leucocitárias compostas por neutrófilos  segmentados, linfócitos, eosinófilos e monócitos. Os IR para contagem de leucócitos  totais, neutrófilos, linfócitos e monócitos foram baixos e pouco variáveis e a contagem  de eosinófilos é alta e variável. A razão entre neutrófilos segmentados e linfócitos é  proporcional na espécie. Eosinófilos foram detectados em 75 (88,2%) dos 85  indivíduos analisados e monócitos foram detectados em 16 (18,6%) indivíduos dos 86  analisados. O estabelecimento dos IR para T. brasiliensis representa um passo inicial  no estudo hematológico de espécies de Molossidae, com potencial na detecção de  doenças precocemente, incluindo zoonoses, e no manejo e conservação.

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2019

17. Daiana da Costa Oliveira

Título da dissertação: Competição interespecífica entre os parasitoides Trichopria anastrephae Lima, 1940 e Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani, 1875) em pupários de  Drosophila suzukii (Matsumura, 1931)

Orienta

Orientador: Prof. Dr. Flávio Roberto Mello Garcia

Coorientador: Prof. Dr. Daniel Bernardi

Resumo da dissertação: Os himenópteros parasitoides Trichopria anastrephae Lima, 1940 e Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani,1875) ocorrem no Brasil e parasitam pupas  de Drosophila suzukii (Matsumura, 1931). São promissores para uso na supressão  deste inseto, que causa danos econômicos em cultivos de pequenas frutas.  Compreender a biologia e comportamento dos inimigos naturais possibilita novas  alternativas de controle. Desta forma, objetivou-se avaliar o comportamento de  competição entre T. anastrephae e P. vindemmiae por pupas de D. suzukii. Foram  realizados bioensaios utilizando pupas com 24 horas de idade e parasitoides adultos com até 48 horas de idade em diferentes regimes de exposição. Os tratamentos do  bioensaio sem vantagem temporal foram: T1: pupas expostas ao parasitismo de Pv  por 24h; T2: pupas expostas ao parasitismo de Ta por 24h; T3: pupas expostas Pv  por 24h e, posteriormente, para Ta por 24h; T4: pupas expostas Ta por 24h e, em  seguida, de Pv por 24h. T5: pupas expostas a Pv e Ta por 24h; T6: pupas de D.  suzukii. Em bioensaio com vantagem temporal, os tratamentos utilizados foram: T1:  pupas expostas a Pv por 1h; T2: pupas expostas a Pv por 24h; T2: pupas expostas a Ta por 1h; T4: pupas expostas a Ta por 24h; T5: pupas expostas a Pv por 24h e,  posteriormente, de Ta por 1h; T6: pupas expostas a Ta por 24h e, em seguida, de Pv  por 1h; T7: pupas expostas a Pv por 1h e, posteriormente, de Ta por 24 h; T8: pupas  expostas a Ta por 1h e, em seguida, para Pv por 24h; T9: pupas de D. suzukii. As  pupas de ambos os bioensaios foram colocadas sobre uma camada de algodão  umedecido e acondicionadas em potes plásticos (200 mL), fechados na parte  superior com tecido voile contendo dois casais de P. vindemmiae e ou de T.  anastrephae. No bioensaio em frutos de morango, as pupas foram inoculadas nos  frutos e, posteriormente, depositados no interior de tubos plásticos transparentes (15  cm de diâmetro × 30 cm de altura) contendo uma muda, fechados na parte superior  com tecido voile. Os tratamentos foram: T1: pupas expostas a Pv por 24h; T2: pupas  expostas a Ta por 24h; T3: pupas expostas a Pv por 24h e, posteriormente, para Ta  por 24h; T4: pupas expostas a Ta por 24h e, em seguida, de Pv por 24h. T5: pupas  expostas a Pv e Ta por 24h; T6: pupas de D. suzukii. Após os períodos de  exposição, os frutos foram retirados e individualizados em potes plásticos de 200 mL  até ocorrer à emergência dos insetos. Em todos os bioensaios foi observada uma  maior eficiência de parasitismo e emergência de T. anastrephae. Observou-se que  ocorreu competição interespecífica em todos os bioensaios, sendo que as fêmeas  de P. vindemmiae apresentaram um percentual de parasitismo e emergência de  insetos reduzidos quando na presença de T. anastrephae. Frente a isso, verifica-se  que estas espécies de parasitoides competem pelo hospedeiro, o que pode  prejudicar o desempenho e comprometer o controle biológico da praga. l.

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18. Priscila Rockenbach Portela

Título da dissertação: Morfologia, variações intraespecíficas e dimorfismo sexual no sincrânio da  tartaruga tigre-d’água Trachemys dorbigni (Testudines: Emydidae)

Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Figueiredo Dornelles

Coorientadora: Profa. Dra. Ana Luísa Schifino Valente

Resumo da dissertação: Os testudíneos em geral apresentam considerável riqueza de elementos osteológicos  do crânio que torna crucial o conhecimento detalhado destas estruturas ósseas  principalmente na resolução de problemas de classificação e de determinação de  espécie e também como embasamento para demais estudos referentes à  biomecânica, taxonomia, ecologia e conservação de espécies. Estudos descritivos da  osteologia craniana de testudíneos são escassos e os já publicados muitas vezes são  superficiais e não descrevem detalhadamente alguns acidentes ósseos como forames  e entalhes, variações intraespecíficas e demais características que são determinantes  de dimorfismo sexual. Emydidae é um importante grupo de quelônios, porém o  conhecimento da anatomia craniana é limitado, principalmente das espécies de  Trachemys. O objetivo do presente trabalho é descrever a osteologia (em especial as  variações intraespecíficas) do crânio e mandíbula de T. dorbigni, avaliar a ocorrência  de dimorfismo sexual com base na descrição osteológica, na morfometria geométrica  e na morfometria linear tradicional. Foram utilizados 83 espécimes de T. dorbigni tombados na Coleção Herpetológica do Laboratório de Zoologia de  Vertebrados/Instituto de Biologia/Universidade Federal de Pelotas. Foram estipulados  20 eixos de medidas para morfometria linear, e para morfometria geométrica foram  estipulados 40 landmarks para vista dorsal, 23 para vista lateral e 37 para vista ventral.  Os resultados indicaram uma série de características não antes descritas para o  crânio da espécie, bem como diversas características variáveis intraespecificamente.  Feições diagnósticas de dimorfismo sexual foram encontradas a partir da morfometria  geométrica, e estas estão relacionadas principalmente às áreas rostrais e da fossa  temporal. Fêmeas maiores de T. maiores apresentam a região rostral mais encurtada  em relação aos outros indivíduos, enquanto que machos e fêmeas pequenas possuem  o rostro consideravelmente mais alongado. O tamanho como dimorfismo sexual  também foi corroborado tanto pelas análises da morfometria linear tradicional quanto  pelo tamanho do centroide. Este trabalho contribui com novos registros de estruturas  ósseas sincranianas para e espécie e pontua características relevantes para  caracterização de machos e fêmeas a partir da estrutura craniana.

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19. Róger Jean Oliveira

Título da dissertação: Osteologia e variabilidade morfológica sincraniana de Phalotris lemniscatus  trilineatus (Boulenger, 1889) (Colubridae, Serpentes) do sul do Brasil

Orientador: Profa. Dra. Ana Luísa Schifino Valente

Coorientador: Prof. Dr. José Eduardo Figueiredo Dornelles

Resumo da dissertação: Estudos relacionados à osteologia craniana de serpentes da tribo Elapomorphini são  escassos. Neste contexto, P.l. trilineatus foi pouco estudada com relação a sua  morfologia osteológica sincraniana e sua possível variabilidade. O trabalho teve  como objetivo descrever a osteologia sincraniana, verificar variações osteológicas e  dimorfismo sexual no sincrânio de Phalotris lemniscatus trilineatus do sul do Brasil.  O material constou de 20 espécimes adultos, depositados nas coleções zoológicas  da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal de Rio Grande  (FURG). Preparações osteológicas da cabeça foram realizadas primeiramente por  meio de remoção manual de tecidos moles e, seguida por maceração biológica em  colônia de coleópteros Dermestes sp. A estrutura óssea dos sincrânios foi descrita  considerando as normas dorsal, lateral e palatal. Foram analisadas 11 medidas  lineares sincranianas e a partir delas calculados índices biométricos sincranianos  definidos para o táxon. Test-t de Student, Teste de Pearson e Análise de  Componentes Principais (PCA) foram realizadas para comparações entre medidas e  índices para verificar possível dimorfismo sexual. Foram verificados 23 ossos na  composição dos sincrânios de Phalotris lemniscatus trilineatus. Os dados descritivos  de P. l. trilineatus observados no presente estudo concordaram em grande parte  com as informações registradas em trabalhos prévios. O sincrânio de P. l. trilineatus apresentou variações na forma dos ossos frontal, parietal, supraoccipital e quadrado  conforme o sexo, sendo significativo de acordo com o test-t de Student no índice  crânio-quadrático. A PCA (PC1) evidenciou 95% de toda a variação dos caráteres  morfométricos osteológicos. A descrição de P. l. trilineatus corroborou com a perfeita  separação da maioria dos táxons incluídos na tribo Elapomorphini, ocorrendo maior  divergência entre Phalotris e Coronelaps na análise comparativa de caracteres  osteológicos. No entanto, estes estudos não citaram a presença de uma crista do  bordo caudal no osso quadrado a qual estava citada apenas em P. nasutus na tribo.  A estrutura variante na forma do osso quadrado até então não era descrita para P. l.  trilineatus e sua ausência foi observado em mais de 50% das fêmeas. O dimorfismo  sexual relacionado ao índice crânio-quadrático pode refletir no maior tamanho  corporal de fêmeas. Espera-se que a descrição da anatomia óssea dos sincrânios,  bem como as informações relatadas sobre as variações e dimorfismo possam  contribuir na resolução dos problemas taxonômicos ocorrentes no grupo  lemniscatus, bem como auxiliar futuros trabalhos de investigação relacionados ao  gênero Phalotris e a tribo Elapomorphini.

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20. Angel Larroza de Souza

Título da dissertação: Diversidade genética de populações da América do Norte e do Sul de Tadarida  brasiliensis (Chiroptera: Molossidae) baseado nos marcadores mitocondriais  COI e D-loop

Orientador: Prof. Dr. Fábio Ricardo Pablos de Souza

Coorientadora: Profa. Dra. Juliana Cordeiro

Resumo da dissertação: Tadarida brasiliensis (I. GEOFFROY, 1824) é uma espécie insetivora da ordem  Chiroptera pertencente à família Mollossidae, está entre as espécies de morcego mais  amplamente distribuídas nas Américas. Na América do Norte seus padrões genéticos,  morfológicos e dados de dispersão são bem conhecidos, com populações migratórias  e residentes, no entanto as populações da América do Sul carecem de estudos para  entender se os padrões se repetem. Tendo em vista a falta de estudos sobre esta espécie na América do Sul, neste trabalho, investigamos os padrões de diversidade  genética de populações da América do Sul e comparamos com os dados da América  do Norte. A hipótese do nosso trabalho é que as populações da América do Sul se  comportam como uma meta-população, onde, de forma similar às populações da  América do Norte, os indivíduos se deslocam de uma população para outra. Para isso,  fizemos o uso de sequências mitocôndrias (COI e D-loop), utilizando dados  disponíveis in silico e de 53 amostras coletadas no Sul do Brasil – Capão do Leão,  RS. Analisamos a diversidade genética das populações da América do Norte e da  América do Sul, realizamos testes de neutralidade, rede de haplótipos e  agrupamentos bayesianos. Nossos resultados sugerem que as populações da  América do Norte e Sul tem os mesmos padrões genéticos para estes dois marcados,  apresentando altos índices de variabilidade genética e ambas aparentemente estão  em processo de expansão. Ainda sugerimos que há um nível de estruturação genética  entre as populações da América do Norte e da América do Sul, porém é preciso um  estudo mais detalhado e com mais sequências sul americanas para a confirmação  destes resultados.

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21. Fabio Pereira Machado

Título da dissertação: Descrição osteológica do sincrânio e osteologia aplicada à radiologia do esqueleto apendicular do Tatu-galinha, Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758

Orientadora: Profa. Dra Ana Luísa Schifino Valente

Coorientador: Prof. Dr. José Eduardo Figueiredo Dornelles

Resumo da dissertação: Vários aspectos da morfologia óssea dos tatus têm sido investigados e utilizados  como bases taxonômicas. O tatu-galinha, Dasypus novemcinctus, possui um tamanho  médio dentro do gênero e apresenta uma ampla distribuição nas Américas. Estudos  osteológicos são limitados visando encontrar relações com diferentes dietas, e à  descrição radiográfica do esqueleto axial. Não foram encontradas descrições  osteológicas para o esqueleto apendicular da espécie, em especial aquelas voltadas  às aplicações em interpretações radiográficas. Com o aumento da malha rodoviária e  frota de veículos, atropelamentos nas rodovias brasileiras são comuns. Muitos  espécimes são tratados em centros de reabilitação e centros de triagem do IBAMA,  onde se tornam necessárias informações sobre a anatomia radiográfica da espécie.  Nesse sentido foi proposto um estudo morfológico do sincrânio e esqueleto  apendicular, que gerasse bases para a identificação das estruturas ósseas assim  como seus acidentes; como também, fornecesse bases sobre a anatomia radiográfica  do esqueleto apendicular de maneira a contribuir na literatura sobre radiologia da  espécie. As informações geradas desses estudos também possibilitarão uma melhor  identificação dos elementos da tanatocenose em atividades periódicas de  monitoramentos. Esse trabalho tem como objetivo descrever a osteologia do sincrânio  e osteologia aplicada à radiologia do esqueleto apendicular de D. novemcinctus.  Foram utilizados 32 espécimes, machos e fêmeas. A amostra total compreendeu animais com o corpo íntegro (n=12) e outros com somente a cabeça (n=20). Os  animais passaram por exames radiográficos conforme partes de interesse (esqueleto  apendicular). Após os exames, os corpos dos animais foram dissecados e macerados  por métodos convencionais. Uma vez limpos, os ossos foram analisados pelos  segmentos corpóreos radiografados. A topografia óssea foi verificada e os acidentes  registrados. A descrição anatômica se deu por normas considerando os planos  anatômicos dorsal, ventral, palatal (para sincrânio), lateral, cranial e rostral. Sincrânios  desarticulados foram usados para descrição individual dos componentes ósseos. Foi realizado registro fotográfico de todas as estruturas de importância anatômica,  taxonômica ou clínica. Em geral, o formato dos ossos do sincrânio permaneceu  morfologicamente similar entre adultos de ambos os sexos; no entanto, algumas  variações foram evidenciadas em comparação aos estudos anteriores, como a borda  lateral do palatino, forma dos pterigoides e forma das coanas. No esqueleto  apendicular, como resultado, foi obtido características únicas voltadas ao hábito  escavatório, a exemplo, componentes ósseos robustos, articulações reforçadas com  a presença de inúmeros ossos sesamoides. Os resultados obtidos na descrição  geraram dados que podem contribuir para futuros estudos morfológicos e  taxonômicos, incluindo espécimes do bioma Pampa do Brasil. De tal modo o presente  estudo se revelou interessante, avaliando o conhecimento dos aspectos funcionais  como da anatomia comparada de animais silvestres.

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22. Letícia Jansen Medeiros

Título da dissertação: Variações temporais na composição de colônias e na estrutura da população  do morcego insetívoro Tadarida brasiliensis no Pampa do extremo Sul do  Brasil

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Rui

Resumo da dissertação: Espécies abundantes de morcegos insetívoros são importantes no controle de  pragas agrícolas e como indicadoras de mudanças ambientais. Além de  oportunizarem pesquisas que não seriam possíveis com outras de difícil manejo ou  risco de extinção, sendo indispensável monitorar regularmente suas populações.  Tadarida brasiliensis é uma espécie insetívora, com ampla distribuição pelas  Américas e abundante em certas regiões, como o sul do Brasil. A ecologia e padrões  de deslocamento de suas populações foram estudados na América do Norte, porém,  na América do Sul, existem apenas trabalhos pontuais. O objetivo deste trabalho foi  caracterizar a composição das colônias e a estrutura da população de T. brasiliensis no extremo sul do Brasil quanto ao número de indivíduos, razão sexual, composição  etária e estágio reprodutivo nas diferentes estações do ano. O estudo foi realizado  entre outubro (primavera) de 2017 e setembro (inverno) de 2018 no município do  Capão do Leão, no sul do Rio Grande do Sul, Brasil, na região geomorfológica da  Planície Costeira. O clima apresenta flutuações estacionais na temperatura sem períodos de seca. Foram avaliadas sazonalmente colônias de T. brasiliensis localizadas em 11 abrigos em construções. O período de emergência dos indivíduos  foi filmado com câmeras de infravermelho e/ou contado por observadores ao  anoitecer para obtenção dos dados de tamanho da colônia. Simultaneamente foram  realizadas capturas para obtenção dos dados de composição e estrutura populacional, incluindo sexo, idade e estágio reprodutivo. Os resultados obtidos  evidenciam que há uma população residente na área de estudo e que ocorrem  grandes variações sazonais em sua estrutura. O número de indivíduos aumentou da  primavera ao outono e foi menor no inverno. Um dos abrigos comportou a maior  parte dos indivíduos e todos os abrigos apresentaram flutuação no número de  indivíduos e variação na sua estrutura ao longo do ano. A reprodução ocorreu na  primavera e verão e as fêmeas estavam grávidas ou lactantes na primavera e  lactantes no verão. Os machos com testículo evidente foram encontrados em maior  proporção na primavera. A razão sexual tendeu em favor das fêmeas na primavera,  no verão e no inverno. Indivíduos subadultos foram encontrados apenas no verão,  quando ocorrem os nascimentos, apresentando razão sexual de 1:1. Para  determinação da classe etária, foram definidas quatro categorias de “0” á “3” de  acordo com o desgaste dentário apresentado pelos indivíduos, sendo “0” indivíduos  sem desgaste até “3”, indivíduos com muito desgaste dentário. A análise do  desgaste dentário mostrou que indivíduos classe “3” são a minoria da população em  todas as estações e, indivíduos classe “0” são a maioria no outono e inverno,  indicando que a parcela residente da população é composta principalmente por  adultos jovens. A composição das colônias e a estrutura da população de T. brasiliensis variam estacionalmente e estão relacionadas com a reprodução da  espécie. A flutuação marcante no número de indivíduos ao longo das estações  indica que no final do outono e inverno uma parcela da população migre ou disperse,  provavelmente, para regiões mais quentes ao norte. Provavelmente, nessas regiões  não são formadas grandes colônias durante o outono e inverno, explicando a falta  de registros na literatura. O extremo sul do Brasil é uma importante região de  reprodução e há abrigos que concentram colônias com milhares de indivíduos na  primavera e verão, fundamentais para a conservação da espécie. Os resultados são  base para implementação de um projeto de marcação para monitoramento de longo  prazo das populações da espécie na região.

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23. Vítor Falchi Timm

Título da dissertação: Citogenética de espécies de grilos Phalangopsidae neotropicais, com  destaque aos cromossomos de populações alopátricas de Adelosgryllus  rubricephalus Mesa & Zefa, 2004 (Orthoptera, Phalangopsidae) e seus híbridos

Orientador: Prof. Dr. Edison Zefa

Resumo da dissertação: A contribuição de Orthoptera para os conhecimentos sobre citogenética é significante  devido a facilidade de estudos sobre rearranjos cromossômicos, envolvendo  inversões, translocações, fusões cêntricas e fissões. O número diploide em Orthoptera  varia de 2n=7 a 2n=29, sendo que a redução no número cromossômico ocorre  geralmente por fusões cêntricas, que são bastante comuns, havendo formação de  populações com cariótipos polimórficos antes do estabelecimento da condição  homozigota para o rearranjo. O conhecimento sobre a evolução cariotípica dos  diferentes táxons de Grylloidea é incipiente, uma vez que o número de espécies  cariotipadas é relativamente pequeno dentro de cada táxon. Phalangopsidae  apresenta 1026 espécies válidas e apenas 19 foram estudadas citogeneticamente,  com cariótipos variando de 2n=11 a 2n=21, indicando diferentes níveis de derivação  cariotípica no grupo. O presente trabalho foi dividido em dois capítulos, o primeiro com  o objetivo principal de caracterizar o cariótipo de 13 espécies, bem como seus  mecanismos de determinação do sexo, ampliando as localidades de ocorrência de  Adelosgryllus rubricephalus Mesa & Zefa, 2004 e Ubiquepuella telytokous Fernandes,  2015, e o segundo com o objetivo de testar a viabilidade das proles, do ponto de vista  cromossômico, de A. rubricephalus provenientes de populações alopátricas. Os  indivíduos foram coletados em diferentes regiões do Brasil pelo Grupo Biota de  Orthoptera do Brasil entre 2012 e 2017; foram injetados com colchicina 0,5% e  dissecados após 5h em solução hipotônica (KCl 0,075M) por onde permaneceram de  5 a 10min; foram retirados o intestino médio e as gônadas que permaneceram fixados  em Carnoy I. O material foi esmagado em lâmina com ácido acético 45% e  posteriormente corado com orceína lacto-acética 0,5%. As 13 espécies apresentaram  cariótipos dentro da variação conhecida para Grylloidea, 2n=7 a 2n=29, e grande parte  corrobora com a hipótese de redução cariotípica de acrocêntricos para  meta/submetacêntricos. Lerneca sp., com 2n=23, passou a apresentar o maior  número diploide conhecido dentro de Phalangopsidae, em Luzaridella susurra Martins  & da Silva, 2013 foi encontrado o primeiro mecanismo de determinação do sexo do  tipo neo-XY, e também foi evidenciada uma diferença nos cariótipos de Endecous  (Notendecous) onthophagus (Berg, 1891) da população de Pelotas/RS e de Lavajella,  Uruguai. Os cruzamentos entre as populações alopátricas de A. rubricephalus foram  bem-sucedidos, de modo que todos os híbridos analisados citogeneticamente  apresentaram cariótipos iguais aos dos parentais, com 2n=19, X0, e nenhuma barreira  pós-zigótica foi observada, gerando uma prole com pelo menos 30 ninfas chegando a  fase adulta e reprodutiva, e persistindo até a geração F5.

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2018

8. Emily Costa Silveira

Título da dissertação: Dieta e helmintofauna de Boana pulchella (Duméril & Bibron, 1841) (Anura: Hylidae) em áreas alagadas do extremo sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Daniel Loebmann

Coorientador: Dra. Carolina Silveira Mascarenhas

Resumo da dissertação: Grande parte dos ciclos de vida de muitos parasitos estão integrados a complexas  teias alimentares, nas quais os parasitos podem atuar como indicadores das relações  tróficas, da estrutura das teias alimentares, bem como das preferências alimentares e  o modo de forrageamento, em contrapartida, estudos de dieta podem fornecer  informações relevantes para a compreensão dos ciclos biológicos destes helmintos.  Os anuros são animais importantes no fluxo de energia dentro de uma cadeia trófica  e consequentemente, excelentes meios de dispersão das espécies de helmintos, uma  vez que podem desempenhar papel de presa e predador, atuando dessa forma como  hospedeiro definitivo, intermediário e paratênico. A dieta de Boana pulchella foi  estudada no Brasil, Uruguai e Argentina, onde a espécie foi considerada generalista.  Quanto a ocorrência de helmintos, há somente o registro de Monogenoidea  parasitando B. pulchella. Nesse contexto, o estudo tem por objetivo investigar a  composição da dieta e a fauna helmintológica de B. pulchella no extremo sul do Brasil.  Foram coletados 100 hospedeiros (todos machos) provenientes de duas áreas úmida  no Rio Grande do Sul, sendo 50 espécimes coletados na Ilha dos Marinheiros, no  município de Rio Grande, e 50 coletados no campus da UFPel e Embrapa, no  município de Capão do Leão. O estudo da dieta foi realizado através da análise do  conteúdo estomacal de 82 anuros. Os itens de origem animal foram identificados ao  menor nível taxonômico possível. A análise quantitativa foi realizada através do  percentual de volume (V%), da frequência de ocorrência (FO%) e do índice de  importância alimentar (IAi%). A estratégia alimentar e a importância dos itens na dieta  dos machos de B. pulchella foram analisados através da relação entre a FO% e a V%.  Os helmintos foram coletados durante a necropsia e exame individual da cavidade  oral, esôfago, pulmões, coração, fígado, estômago, intestinos, rins, testículos e  cavidade celomática dos 100 hospedeiros. A preparação e identificação dos helmintos  foram realizadas de acordo com bibliografia especifica e atualizada para cada grupo  de helminto parasito. Para analisar a assembleia de helmintos foram estimados os  índices de prevalência (P%), intensidade média de infecção (IMI) e abundância média  (AM). A relação entre a assembleia de helmintos e a dieta foi analisada a partir de uma  análise descritiva dos dados. A assembleia de helmintos foi analisada em relação ao  tamanho dos hospedeiros e aos ambientes amostrados, sendo que os índices de P% e  IMI foram comparados através do Qui-quadrado (X2) e teste t, via bootstrap (p≤0,05),  respectivamente. O tamanho dos anuros e a assembleia de helmintos também foram  avaliados através de uma análise de regressão (AR) bem como pelo coeficiente de  determinação (r2) e coeficiente de correlação de Pearson (r). Boana pulchella apresentou estratégia alimentar generalista, consumindo uma ampla variedade de  artrópodes, principalmente insetos terrestres, corroborando resultados obtidos em  demais trabalhos com a espécie. Quanto a helmintofauna, foram encontrados os taxa Oxyascaris oxyascaris, Cosmocerca spp., Aplectana spp., Rhabdias sp.,  Ochoterenella sp, Falcaustra sp., Physaloptera sp. (larva), Acuariinae gen. sp. (larva), Cyclophyllida gen. sp., Cestoda gen. sp. (larva), Haematoloechus ozorioi,  Diplostomidae gen. spp. (metacercária), Crassiphialinae gen. sp. (metacercária),  Catadiscus sp., Pseudoacanthocephalus sp. e Centrorhynchus sp. (cistacanto),  registrando pela primeira vez B. pulchella como hospedeiro destes taxa de helmintos.  A ocorrência de helmintos em fase larval e em fase adulta, sugere que B. pulchella  pode ocupar diferentes níveis tróficos nos ciclos biológicos destes helmintos, sendo  um importante elemento nas cadeias ecológicas, onde desempenha um papel  importante no fluxo de energia. A fauna helmíntica associada a B. pulchella foi  representada principalmente por helmintos de ciclo heteroxênico que utilizam diversos  grupos de hospedeiros intermediários e paratênicos, os quais podem ser encontrados  na dieta do anuro. Apesar de ter ocorrido diferenças significativas na prevalência e  intensidade média de alguns helmintos entre as classes de tamanho dos hospedeiros,  as correlações entre abundância de helmintos e o tamanho dos anuros foram de baixa  magnitude, não sendo possível identificar associação linear entre ambas variáveis.  Ambos ambientes parecem propiciar o desenvolvimento dos helmintos comumente  registrados para as espécies de Boana. Embora tenham ocorrido diferenças  significativas, observa-se que esses helmintos estão presentes nos hospedeiros  independente do ambiente, sugerindo neste caso, que o ambiente não influencia de  forma significativa a composição da assembleia de helmintos. Assim, estudos de dieta  e helmintofauna geram informações que se complementam e auxiliam na  compreensão dos organismos e de seus habitat.

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9. Maiara Vissoto

Título da dissertação: Frugivoria por aves em Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae): padrão  diário de consumo de fruto e investigação da especialização baseada em  indivíduos de plantas usando teoria de redes

Orientador: Prof. Dr. Rafael Antunes Dias

Coorientador: Dr. Jeferson Vizentin-Bugoni

Resumo da dissertação: A especialização de uma espécie pode ser descrita através do uso e partilha dos  recursos com outras espécies integrantes de uma assembleia, e pode formar  padrões como aninhamento e modularidade das interações mutualistas em  comunidades ecológicas. Os poucos estudos envolvendo redes de interações em  nível populacional demostraram que também existe variação entre indivíduos no uso  e partilha dos recursos com outros indivíduos, principalmente em sistemas planta polinizador. Embora diferentes fontes de vieses amostrais possam influenciar a  descrição da especialização, estudos que investiguem como variações diárias no  fotoperíodo e no clima influenciam as interações em sistemas planta-dispersor de  semente também são escassos. Schinus terebinthifolius, planta abundante do sul do  Rio Grande do Sul, possui variação em atributos fenotípicos e ocorre em diferentes  tipos de habitats, tornando-a um modelo adequado para avaliar a especialização de  indivíduos em sistemas planta-dispersor de semente. Nesse contexto, os objetivos  do primeiro capítulo dessa dissertação foram: descrever a especialização individual  em uma população de S. terebinthifolius, avaliar a topologia de rede baseada em  indivíduos, e investigar como atributos fenotípicos e varáveis espaciais influenciam  as possíveis variações individuais na especialização (i.e., a partilha de aves  dispersoras de sementes). No segundo capítulo foi investigado se a frugivoria se  concentra em determinados períodos do dia. Os resultados mostram que: (1)  existem variações na especialização de S. terebinthifolius, emergindo um padrão  modular na rede de interações baseada em indivíduos; (2) o grau de antropização,  cobertura arbórea, altura do indivíduo e densidade de frutos em torno da planta focal  foram os determinantes da especialização individual; e (3) as taxas de frugivoria são  similares ao longo do dia. Desse modo, foi demostrado que indivíduos tendem a ser  generalistas quando são altos, exibem mais seus recursos, estão próximos a  manchas florestais, em locais menos antropizados e com maior densidade de frutos,  enquanto os especialistas são pequenos, com menor visibilidade de frutos e  situados em locais mais antropizados, isolados e com poucos frutos nos arredores.  Também foi demostrado que há similaridade nas taxas de consumo de frutos ao  longo do dia, o que pode estar relacionado com níveis altos e prolongados de  disponibilidade de frutos, juntamente com o fotoperíodo curto do outono-inverno, o  que favorece o forrageio contínuo. Em conclusão, a estrutura das interações de  indivíduos de plantas e aves frugívoras demonstra que essa planta possui diferentes  estratégias e oportunidades de dispersão de sementes. Esses achados também  indicam que a amostragem de taxas de frugivoria por aves podem ser realizada em  qualquer período do dia, apresentando um baixo potencial de detecção tendenciosa  de interações ao longo do fotoperíodo.

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10. Aline Richter

Título da dissertação: Estratificação vertical em borboletas frugívoras: análise do componente taxonômico, filogenético e funcional em uma região de Mata  Atlântica subtropical

Orientador: Prof. Dr. Cristiano Agra Iserhard

Coorientador: Prof. Dr. Milton de Souza Mendonça Junior

Resumo da dissertação: Gradientes ambientais estão entre os principais moldadores da diversidade biológica.  Um fenômeno bastante recorrente em ambientes florestais é a formação de gradientes  verticais na vegetação, que gera a segregação da fauna entre dossel e subosque. Devido à variação nas condições bióticas e abióticas, formam-se micro-habitats aos  quais os organismos apresentam diferentes respostas morfológicas e  comportamentais. Os padrões gerados pela distribuição dos organismos em  gradientes ambientais são geralmente descritos como medidas de riqueza,  abundância e composição de espécies. No entanto, estas não consideram a  funcionalidade nem a história evolutiva das espécies que compõe essa comunidade.  As borboletas apresentam forte associação com o ambiente, respondendo  rapidamente as variações ao longo de gradientes ambientais. O objetivo desse estudo  buscou avaliar o efeito da estratificação vertical em assembleias de borboletas  frugívoras sob o ponto de vista taxonômico, filogenético e funcional. Foram realizadas  amostragens em uma região de Floresta Ombrófila Mista no sul do Brasil através do  uso de armadilhas atrativas em diferentes áreas de floresta nativa incluindo o  subosque e o dossel. Após 1250 dias/armadilha de esforço amostral, foram coletados  914 indivíduos de borboletas frugívoras distribuídas em 35 espécies. Satyrinae foi a  subfamília mais abundante, seguida por Charaxinae, Biblidinae e Nymphalinae. O  dossel foi mais rico, e a abundância não diferiu estatisticamente. Encontramos uma  separação clara na composição entre os dois estratos verticais. Através de análises de filobetadiversidade observou-se que houve preferência de algumas linhagens por  um dos estratos. A separação entre estratos não apresentou relação filogenética,  porém a distribuição de clados em Satyrinae entre subosque e dossel depende da  filogenia. Foi observado que a estratificação vertical afeta a distribuição de alguns  atributos funcionais. Enquanto borboletas de dossel tendem a serem menores, mais camufladas aos ambientes e especialistas quanto a família de planta hospedeira, as  borboletas associadas ao subosque são grandes, com um maior campo visual,  utilizam ocelos para defesa de predadores e são mais escuras. Tais resultados  evidenciam que enquanto alguns padrões como a abundância não são afetados,  outros possuem uma forte relação com o gradiente vertical. O dossel por ser um  ambiente com maior intensidade luminosa e temperatura possui maior riqueza de  espécies, sendo que nesse caso, não há uma relação de proximidade filogenética  entre elas. Além disso, ambos estratos apresentam atributos que são mais frequentes,  indicando que há pressões seletivas que atuam sobre eles. Associar diferentes  abordagens na interpretação da distribuição de organismos em um gradiente  ambiental fornece elementos complementares que ajudam a explicar como processos  ecológicos e evolutivos estruturam os padrões de comunidades atuais.

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11. Bruna de Castro Knopp

Título da dissertação: A relação da área com as três facetas da diversidade (taxonômica, filogenética  e funcional) de aves em campos úmidos no sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Rafael Antunes Dias

Resumo da dissertação: A relação espécie-área (SAR) tem sido utilizada para compreender de que forma as  comunidades se organizam no espaço. Entretanto, a incorporação das facetas  filogenética e funcional da diversidade permite abordagens mais integradas e  complementares na descrição dos padrões espaciais e na compreensão dos  processos ecológicos subjacentes às relações diversidade-área (DARs). Embora  muito seja conhecido em relação às SARs, ainda há debate sobre qual modelo se  ajusta melhor a distintos conjuntos de dados. Por outro lado, pouco se sabe sobre as relações diversidade filogenética-área (PDARs) e diversidade funcional-área  (FDARs). Assim, o presente estudo tem por objetivo verificar de que forma a área de  habitats-ilha de pequena escala, representados por manchas de campos úmidos em  uma matriz de campos secos, influencia as três facetas da diversidade de aves: taxonômica (via riqueza em espécies), filogenética (via PDFaith obtido de uma  filogenia consenso) e funcional (via FDFaith obtido de um dendrograma funcional  construído a partir de oito atributos funcionais não-conservados na filogenia). Esses  dois últimos componentes também foram avaliados via seus efeitos de tamanho  padronizados (SES), removendo o efeito da riqueza em espécies. Os resultados  demonstraram que a riqueza em espécies e PDFaith e FDFaith observadas aumentam  com a área, enquanto os efeitos de tamanho padronizados apresentaram baixo  ajuste em relação aos oito modelos testados. A área teve um efeito importante sobre  as três medidas de diversidade observadas, explicando a maior parte da variação  (56-66%). O modelo de potência foi o que obteve melhor ajuste para SAR. Para PDAR e FDAR observadas, o modelo de Monod mostrou-se mais plausível, embora  não seja o único a produzir um bom ajuste. Os melhores modelos são convexos,  porém o modelo de Monod é assintótico, demonstrando haver um limite de grupos  filogenéticos e funcionais em amplas escalas, o que não ocorre com a riqueza. Os  valores dos parâmetros z e c do modelo de potência no espaço log-log para a SAR  foram relativamente altos, o que pode ser efeito da pequena amplitude espacial  (inferior a uma ordem de magnitude) e da elevada capacidade de suporte dos  campos úmidos amostrados. Também foi observado que zPDAR<zFDAR<zSAR,  denotando que áreas pequenas contêm partes consideráveis da história evolutiva e  da diversidade funcional da avifauna e sugerindo elevada redundância. Por fim, a  ausência de relação entre a área e SESPDFaith e SESFDFaith resulta de agrupamento  filogenético e funcional em todas as escalas espaciais. Assim, é possível que  processos importantes em PDARs e FDARs, como seleção de espécies e limitação  à dispersão, sejam pouco importantes na estruturação da avifauna de campos  úmidos. Conclui-se que é importante considerar vários modelos ao fazer inferências  sobre DARs, e que conservar a diversidade taxonômica nesse sistema de estudo é  uma estratégia adequada, visto que essa captura grande parte da variação das  demais facetas da diversidade.

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12. Diego da Silva Souza

Título da dissertação: Variação temporal na diversidade de roedores predados pela coruja-de-igreja (Tyto furcata) durante o cultivo do arroz no extremo sul do Brasil

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Rui

Resumo da dissertação: Práticas agrícolas intensivas afetam negativamente os ecossistemas e reduzem a  diversidade, causando o desaparecimento de espécies que são predadores de topo  das cadeias alimentares. Porém, há espécies que mostram plasticidade e resiliência  frente às mudanças no uso da terra e persistem em paisagens alteradas, o que é o  caso da coruja-de-igreja (Tyto furcata). Com uma dieta baseada principalmente em  roedores e com potencial como controladora de espécies de interesse econômico, a  coruja-de-igreja é encontrada em áreas agrícolas do bioma Pampa. O presente  estudo avaliou a diversidade, riqueza e abundância de roedores predados pela  coruja-de-igreja no período do cultivo do arroz no sul da Planície Costeira do Rio  Grande do Sul, sul do Brasil, testou se há variações na riqueza e abundância de  suas presas e se ocorre um predomínio de roedores causadores de danos à  agricultura. O trabalho foi desenvolvido no município de Rio Grande (RS), em áreas  de cultivo intensivo de arroz, em nove abrigos, durante o ciclo do arroz na safra  2016/2017. Foram coletadas mensalmente pelotas regurgitadas pelas corujas nos  nove abrigos monitorados. O material foi triado em laboratório e os roedores identificados em nível específico. Testes estatísticos não paramétricos foram  realizados para avaliar se houve mudanças na abundância e biomassa de roedores  consumidos durante o ciclo do arroz. Foram obtidas 1075 pelotas, com 1513  indivíduos de roedores, sendo 1118 roedores representantes de 10 espécies  identificados. Pode ser observado um alto consumo sobre cinco espécies de  roedores. As espécies mais frequentes foram Akodon azarae, Mus musculusOligoryzomys flavescens, Scapteromys tumidus e Calomys laucha. Quando a  biomassa é considerada, o padrão de importância das espécies é alterado e três são  mais frequentes, S. tumidus, Holochilus vulpinus e A. azarae. Os resultados  revelaram que os roedores presentes na dieta englobam tanto espécies causadoras  de danos à lavoura quanto espécies que não são de interesse econômico. Quando  os resultados obtidos nos nove abrigos são considerados em conjunto, há uma  queda no número de indivíduos predados e na biomassa no mês de março (colheita)  e um pico no mês de abril (pós-colheita). Não foram constatadas diferenças no  número total de roedores e na biomassa consumida pela coruja-de-igreja durante os sete meses do ciclo do arroz quando os nove abrigos foram considerados  separadamente. Os resultados não significativos destas análises devem ser  considerados com cautela, pois o número de abrigos analisados foi pequeno e a  variação no número de pelotas e indivíduos entre os abrigos foi grande, o que pode  ter influenciado no poder dos testes. A avaliação de um maior número de abrigos  pode auxiliar na detecção de uma variabilidade temporal na dieta da coruja-de-igreja  na região. Considerando os resultados do presente trabalho, um passo importante  para a conservação de T. furcata na Planície Costeira do Rio Grande do Sul é o  investimento na instalação de abrigos artificiais em locais de menor interferência  humana, aliado a estudos em uma escala mais ampla buscando trazer novas  informações e conhecimento sobre essa espécie e suas presas.

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13. João Paulo Gava Just

Título da dissertação: Integrando métricas para avaliar a eficiência do sistema de unidades de  conservação em representar diferentes facetas da diversidade de aves das  Florestas com Araucária e Campos de Altitude do Sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Rafael Antunes Dias

Resumo da dissertação: A biodiversidade do planeta encontra-se sob grave crise devido a perda de habitat  derivada de ações antrópicas. Até o momento, o estabelecimento de unidades de  conservação é a medida de manejo mais eficaz para mitigar esses impactos e  manter uma ampla gama de processos e serviços ecológicos. Contudo, as  idiossincrasias sobre como a biodiversidade é definida e quantificada podem  contribuir para limitar a criação, implementação e eficácia das unidades de  conservação. Desse modo, incorporar a multidimensionalidade da biodiversidade e  diferentes métricas no planejamento de conservação pode oferecer importantes  implicações de manejo. Integramos aqui métricas baseadas na diversidade  filogenética e na teoria de redes ecológicas para avaliar a representatividade e  estruturação da avifauna em um sistema de unidades de conservação das Florestas  com Araucárias e Campos de Altitude do Sul do Brasil. Nesse contexto, os objetivos  do primeiro capítulo dessa dissertação foram avaliar a eficácia do sistema de  unidades de conservação das Florestas com Araucária e Campos de Altitude em  representar a diversidade filogenética de aves, investingando se fatores como o  tamanho e a proporção de hábitat das unidades de conservação influenciam os  padrões observados. No segundo capítulo, utilizamos métricas derivadas da teoria  de redes complexas para investigar se a diversidade taxonômica de aves das  unidades de conservação das Florestas com Araucária e Campos de Altitude é  modular ou aninhada. Os resultados mostram que: (1) as unidades de conservação  das Florestas com Araucária e Campos de Altitude em geral conservam a mesma  diversidade filogenética do seu entorno, tendendo a conservar menos para as  florestas e mais para os campos; (2) o tamanho, proporção de hábitat e localização  fiogeográfica das unidades de conservação não possuem efeito em como as  unidades conservam a diversidade filogenética; (3) as unidades de conservação  podem ser classificadas em quatro módulos distintos com base na distribuição da  diversidade taxonômica de aves florestais, (4) as unidades de conservação não  puderam ser classificadas em módulos para aves campestres, (5) as unidades de  conservação com menor riqueza em espécies, tanto de aves florestais quanto  campestres, abrigam um subconjunto das espécies encontradas em unidades de conservação com maior riqueza, (6) mais da metade das unidades de conservação  (58.62%) são representadas por poucas espécies locais e por poucas espécies  regionais de aves florestais, ou seja, as unidades possuem poucas espécies e a  maior parte delas não é compartilhada com outros conjuntos de unidades. Em  conclusão, demonstramos que o sistema de unidades de conservação das Florestas  com Araucária e dos Campos de Altitude do sul do Brasil ainda é insuficiente para  proteger as linhagens evolutivas de aves. Também demostramos que a estrutura da avifauna destes ambientes é distinta e deve ser manejada de forma diferente,  independentemente da faceta de diversidade considerada.

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14. Mariana Centeno Gallo

Título da dissertação: Efeito indireto do pastejo exercido pelo gado sobre a diversidade de  borboletas frugívoras em matas de Restinga no extremo sul do Brasil

Orientador: Prof. Dr. Cristiano Agra Iserhard

Coorientador: Prof. Dr. Olivier Jean François Bonnet

Resumo da dissertação: O pastejo altera o crescimento, arquitetura e diversidade da vegetação e certas  características microambientais de clima e solo, como também influenciam a  biodiversidade dos invertebrados nestes ambientes. As borboletas respondem às  modificações ambientais sendo utilizadas como bioindicadores de qualidade  ambiental. O objetivo do estudo é investigar o efeito das perturbações ambientais  relacionadas ao pisoteio exercido indiretamente pelo gado sobre a estrutura das  comunidades de borboletas frugívoras em matas de Restinga no extremo sul do  Brasil. Foram realizadas amostragens padronizadas no período de dezembro de  2014 a abril de 2017. Foram escolhidas nove unidades amostrais em matas de  restinga com diferentes níveis de pisoteio sendo instaladas, em cada uma delas,  cinco armadilhas com isca atrativa. As armadilhas foram iscadas e revisadas três  vezes ao mês. Para analisar o nível de perturbação na vegetação foi avaliada a  altura do subosque, leituras da cobertura do dossel, temperatura e umidade. A fim  de verificar a representatividade das comunidades de borboletas foi calculada a  cobertura amostral baseada na completude das amostras baseada na entropia. Para  a comparação da diversidade de espécies entre as matas de restingas, utilizou-se o  método de rarefação e extrapolação. A influência das variáveis ambientais foram  avaliadas sobre a riqueza e abundância através de Modelos Lineares  Generalizados. Os efeitos das variáveis ambientais e as estações sobre a interação  da riqueza e abundância foram testados Modelos Lineares Mistos. Em relação à  composição de espécies, foi realizada uma Análise de Correspondência Canônica (CCA). A análise de espécie indicadora (IndVal) foi utilizada para verificar quais  espécies foram características de cada local. Foram registrados 1113 indivíduos de  28 espécies das quatro subfamílias de borboletas frugívoras pertencentes à  Nymphalidae. Satyrinae foi à subfamília mais rica e mais abundante. Os valores de  cobertura amostral das restingas foram altos. As curvas do perfil de diversidade de  borboletas frugívoras demonstram que a riqueza de espécies é mais elevada nas  restingas com nível de perturbação alto e médio. Os modelos lineares generalizados  indicam que a abundância e a riqueza de espécies de borboletas frugívoras nas  matas de restingas foram explicadas pelo fator intensidade de perturbação exercida  pelo gado. As variáveis ambientais foram significativas para explicar o efeito da  intensidade do pisoteio sobre a abundância e riqueza de espécies de borboletas  frugívoras em matas de restingas. A CCA associa Brassolini e Morphini com  temperatura e umidade altas, cobertura do dossel mais fechado, valores de altura do  subosque altos. Brassolini e Morphini foram mais associadas às restingas com  ausência de pisoteio. Charaxinae está mais associada às restingas com um nível  alto de perturbação pelo pisoteio do gado; Satyrini está associada às restingas com  um nível médio e alto de perturbação. O IndVal demonstrou que três espécies de  borboletas frugívoras possuíram alta especificidade, sendo indicadoras de  ambientes de Mata de Restinga sem presença do gado. Foi verificado que o efeito  indireto que o gado exerce na vegetação de matas de restinga no extremo sul do Brasil altera os padrões gerais de diversidade de borboletas frugívoras. Com a perda  da biodiversidade e das funções destes hábitats, espécies animais estão sendo  igualmente prejudicadas, podendo até mesmo ser eliminadas.

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15. Rejane Peter

Título da dissertação: Potencial Inseticida de Óleos Essenciais sobre adultos de  Alphitobius diaperinus em Laboratório

Orientador: Prof. Dr. Flávio Roberto Mello Garcia

Coorientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Bobrowisk

Resumo da dissertação: O objetivo desse trabalho foi realizar a análise cito e genotóxica dos óleos  essenciais de Cominum cyminum L. (Cominho) e Illicium verum Hook (Anis  Estrelado) sobre Allium cepa L. (cebola), avaliar a atividade biológica de óleos  essenciais das plantas bioativas alecrim, manjericão, orégano e tomilho frente  cepas Escherischia coli (ATCC25922), Salmonella spp. (ATCC14028), avaliar os  efeitos dos óleos de louro e cravo da índia sobre a morfologia do intestino médio  de A. diaperinus e avaliar o potencial inseticida de todos os óleos essenciais. Os  insetos foram submetidos a tratamento com óleos de orégano, manjericão,  cominho, tomilho, alecrim, anis estrelado, louro e cravo e avaliar a utilização  destes no controle de adultos de Alphitobius diaperinus (Panzer) em laboratório. Para os experimentos foram utilizadas sementes de cebola e espécimes de A.  diaperinus na fase adulta. As sementes de cebola foram semeadas em caixas  gerbox, sobre papel mata borrão, e os cascudinhos não sexados foram  acondicionados em placas de Petri, onde foi oferecido alimento para os adultos.  Em ambos os experimentos foram aplicados 1 mL de óleo, nas concentrações  de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 µL. As variáveis avaliadas no bioensaio vegetal  foram germinação, comprimento de radícula e parte aérea, bem como o índice  de fases e alterações cromossômicas e para os insetos a mortalidade em horas.  O OE de anis estrelado afetou de forma mais significativa todas as variáveis  germinativas analisadas do que o OE de cominho, pois as sementes perderam  por completo a viabilidade em concentrações iguais ou superiores a 160 µL,  demonstrando uma alta toxicidade do OE de anis nessas concentrações. A CPA  para o cominho foi de concentrações que se mostraram: 20 µL (1,7%), 40 µL  (1,7%), 40 e 80 µL (1,62%), 160 µL (2,52%), 320 µL (1,87%), 640 µL (1,17%). Já o anis estrelado apresentou um modelo com comportamento logarítmico  decrescente onde as concentrações 20, 40 e 80 µL foram de (3,67%) e 160, 320,  640 µL, (0), pois não germinaram. Para a CR, o modelo de comportamento do  cominho foi quadrático decrescente com 20 µL (1,67%), 40 e 80 µL (1,62%), 160  µL (2,52%), 320 µL (1,87%) e 640 µL (1,17%). O anis estrelado apresentou um  modelo de comportamento logarítmico decrescente com 20 e 40 µL (4,65%), 80  µL (1,22%) e 160, 320, 640 µL (0), pois não germinaram. Os dados obtidos  demonstram que em termos de ciclo celular, houve um número maior de células  em interfase nos tratamentos, quando em comparação com o controle, o que  pode levar a uma diminuição no número de divisões. Para avaliação da atividade  antibacteriana, foi determinada a CIM e a CBM dos OEs utilizando-se as  concentrações de 25; 12,5; 6,25; 3,125;1,562; 0,78; 0,39 e 0,19%. O OE de  tomilho foi mais efetivo para as duas cepas em todas as concentrações testadas. Para os demais OEs as concentrações mais efetivas foram as de 25 e 12,5%. Nas primeiras 24h os intestinos médios foram analisados histologicamente e foram verificadas alterações na organização do tecido epitelial, o que  possivelmente levou a diminuição na ingestão alimentar. No experimento com as  concentrações de 20, 40, 80, 160, 320, 640µL, verificou-se a diminuição na  sobrevivência conforme o aumento das concentrações e o tempo de exposição  aos OEs. Esses resultados indicam que os OEs de orégano, manjericão,  cominho, tomilho, alecrim, anis estrelado, louro e cravo da índia são uma boa  alternativa no controle de A. diaperinus na avicultura, por gerar redução da  população, em decorrência dos efeitos proporcionados pelas alterações  intestinais e seus baixos efeitos de citotoxicidade observado em vertebrados.

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16. Tatiane Senna Bialves

Título da dissertação: Filogenia Molecular de Erythrolamprus poecilogyrus (Wied-Neuwied,1825) (Serpentes, Dipsadidae)

Orientador: Prof. Dr. Daniel Loebmann

Coorientador: Prof. Dr. Marco Antonio Tonus Marinho

Resumo da dissertação: Erythrolamprus Boie, 1826 (Serpentes, Dipsadidae) é um gênero de serpentes  Neotropicais que atualmente compreende 50 espécies. O grupo engloba tanto espécies que foram descritas originalmente nesse gênero (isto é, algumas falsas corais), quanto algumas espécies de Liophis (exceto lineatus, que pertence a Lygophis) e Umbrivaga. A taxonomia de Erythrolamprus é confusa e a maioria dos  táxons aceitos definem-se por caracteres de coloração. Apesar disso, existe alto  grau de polimorfismo de cor intra e interpopulacional para as espécies do gênero.  Erythrolamprus poecilogyrus (Wied-Neuwied,1825) é considerado um complexo  formado por quatro subespécies: Erythrolamprus poecilogyrus poecilogyrus,  Erythrolamprus poecilogyrus caesius, Erythrolamprus poecilogyrus sublineatus Erythrolamprus poecilogyrus schotti. A definição dessas subespécies é feita com  base em caracteres morfológicos, bem como a coloração e distribuição geográfica.  Porém, existem regiões de contato entre as subespécies onde não é possível  identificá-las com precisão, assim a falta de caracteres morfológicos diagnósticos e a  distribuição geográfica não corroboram com o uso do termo subespécie. Diante  desse cenário, o objetivo deste estudo é apresentar uma filogenia molecular para o  gênero, afim de identificar se existe correlação geográfica com os  padrões/morfotipos apresentados ao longo da sua distribuição no Brasil. Foi  realizado sequenciamento de fragmentos de três genes: dois genes mitocondriais  (16S e COI) e um nuclear (C-mos). Foram utilizadas estratégias de concatenamento  dos genes e particionamentos (7 partições definidas a priori de acordo com as  posições dos códons e 2 partições escolhidas pelo software Partition Finder) e  realizadas analises bayesianas e de máxima verossimilhança. Foram obtidos quatro  filogramas através destas estratégias. Os nossos resultados não recuperaram  Erythrolamprus poecilogyrus como um grupo monofilético. Os dados de Barcoding  (COI) sugerem que dentro deste complexo existem pelo menos sete espécies  molecularmente distintas, além de Erythrolamprus sp. do Estado de Roraima, que  apresentou distância genética superior a 13% de divergência, podendo ser uma  potencial espécie nova.

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2017

Adeline Dias Franco

  • Orientadora: Dra. Ana Maria Rui
  • Título da dissertação: Diversidade de morcegos (Mammalia, Chiroptera) que utilizam construções humanas como abrigos no Bioma Pampa, extremo sul do Brasil
  • Resumo: Os morcegos são afetados pelo processo de urbanização e diferentes espécies podem responder de forma positiva ou negativa. Abrigos são recursos que desempenham um papel central na história natural de morcegos. Durante os processos de perda e conversão de habitats causado pela urbanização, abrigos naturais são perdidos e construções humanas passam a ter grande importância para as populações de morcegos. Praticamente nada se sabe sobre a diversidade de morcegos que utilizam construções humanas no Brasil, o que inviabiliza ações de manejo e conservação de espécies em áreas urbanizadas. O objetivo do estudo foi avaliar aspectos da diversidade de morcegos que utilizam construções humanas como abrigo em área úmida do Pampa do Rio Grande do Sul, Brasil. O trabalho foi realizado entre dezembro de 2015 a março de 2017 no município de Capão do Leão, localizado na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, sul do Brasil. Foram realizadas buscas por abrigos de morcegos em propriedades públicas e privadas de núcleos urbanizados com o uso de diferentes metodologias. Os abrigos localizados foram avaliados e incluídos em categorias quanto à estrutura e as colônias avaliadas quanto ao número de indivíduos. Foram realizadas capturas com redes de neblina na saída dos abrigos ao anoitecer ou manualmente quando o interior dos abrigos pode ser acessado. Os indivíduos capturados foram analisados quanto à espécie, sexo, idade, período reprodutivo, massa e comprimento do antebraço. Oito espécies de três famílias de morcegos foram localizadas utilizando construções humanas como abrigo diurno, Glossophaga soricina e Desmodus rotundus (Phyllostomidae), Histiotus velatus, Eptesicus brasiliensis, Myotis nigricans, Myotis levis (Vespertilionidae), Molossus molossus e Tadarida brasiliensis (Molossidae). A assembleia de morcegos que utiliza construções humana é composta por seis espécies de morcegos insetívoros, uma onívora e uma hematófaga. Foram localizados 71 abrigos diurnos de morcegos em construções humanas, que apresentaram grandes variações nas suas estruturas e foram classificados em seis diferentes categorias. O compartilhamento de abrigos por duas ou mais colônias foi comum e observado para seis das oito espécies. Tadarida brasiliensis compartilhou abrigo com todas as outras cinco espécies e foi encontrado em 60% dos abrigos compartilhados. Os 71 abrigos localizados eram utilizados por 88 colônias das oito espécies. A assembleia de morcegos que utilizam como abrigos construções é formada por uma espécie dominante, T. brasiliensis, seis espécies abundantes e uma rara. Foram localizadas 45 (50%) colônias de T. brasiliensis, 13 (15%) colônias de M. molossus e 30 colônias de todas as outras espécies somadas, o que representa 34% das colônias. O número de indivíduos que compõem as colônias teve variações para todas as espécies e as maiores colônias localizadas são de T. brasiliensis. As espécies de morcegos insetívoros mantêm colônias residentes e apresentaram período reprodutivo entre a primavera e verão na região. Os dados obtidos indicam que núcleos urbanizados em áreas úmidas no Bioma Pampa podem ser de fundamental importância para a manutenção da riqueza e abundância de populações de morcegos insetívoros, fato associado à disponibilidade de abrigos e abundância de insetos na região.
  • Palavras-chave: Molossidae; Phyllostomidae; Rio Grande do Sul; Tadarida brasiliensis; Vespertilionidae.
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Carolina Duarte de Souza

  • Orientador: Dr. Heden Luiz Marques Moreira
  • Coorientador: Dr. Fabio Ricardo Pablo de Souza
  • Título da dissertação: Desenvolvimento de marcadores microssatélites para Salminus brasiliensis
  • Resumo: Salminus brasiliensis é uma espécie de peixe de água doce, popularmente conhecida como dourado. Possui grande apreço para pesca esportiva, além de ser promissora para a aquicultura. O objetivo geral do estudo centra-se no desenvolvimento de marcadores microssatélites e estudos populacionais, que poderão contribuir para o manejo desta espécie, tanto de populações selvagens como cultivadas. O trabalho também abordou a importância e eficácia da utilização de novos métodos relevantes ao progresso em Engenharia Genética, como é o caso dos Sequenciadores de Próxima Geração (NGS). Foram realizadas avaliações de quatro populações, totalizando quarenta animais presentes em quatro diferentes rios do estado do Mato Grosso do Sul. Os cernes das sequências de microssatélites obtidas cobriram diversos tipos, desde dinucleotídeos até hexanucleotídeos, demonstrando a eficiência da obtenção de loci potencialmente amplificáveis. Foram selecionados 12 loci, sendo destes cinco amplificados via PCR. A extração de DNA foi feita utilizando dois protocolos diferentes. O processo de genotipagem foi realizado com a utilização de Agarose de Alta resolução. Foram obtidos os índices de diversidade intrapopulacional, tais como: o número total de alelos, o número de alelos por população e o número médio de alelos. Assim como os índices de diversidade genética interpopulacional, como o número de alelos por locus, riqueza de alelos por locus, heterozigosidade observada e heterozigosidade esperada por locus, coeficientes de consanguinidade e diversidade genética. Com os resultados encontrados, concluiu-se que a estratégia de sequenciamento pair-end com a plataforma Illumina MiSeq permite obter milhares de loci STR com sequências flanqueantes adequadas para desenho de primers de PCR e otimizar loci que podem ser utilizados para análises de diversidade genética do dourado.
  • Palavras-chave: marcador molecular microssatélite; dourado; plataforma Illumina; genética populacional; diversidade genética.
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Cláudia Nunes de Paula

  • Orientador: Dr. Daniel Loebmann
  • Título da dissertação: Densidade, tamanho populacional e influência de fatores abióticos na população mais austral de Melanophryniscus dorsalis (Mertens, 1933) (Anura, Bufonidae), uma espécie ameaçada do sul do Brasil
  • Resumo: Esta dissertação tem como objetivo estimar a densidade, o tamanho populacional e analisar a influência das variáveis abióticas na população mais austral conhecida de Melanophryniscus dorsalis. A espécie alvo é considerada vulnerável à extinção devido à grande fragmentação que seu habitat natural vem sofrendo em decorrência das às ações antrópicas. Sendo assim, é de extrema importância a realização de estudos que corroborem com a tomada de medidas de conservação para as populações desta espécie. O estudo foi realizado na Ilha dos Marinheiros, que é um distrito do município de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. Os indivíduos foram amostrados pelo método de procura visual percorrendo-se três transecções em duas amostragens mensais de janeiro a dezembro de 2016. Cada indivíduo encontrado foi fotografado no local de captura e em seguida liberado no ambiente. As fotos foram utilizadas para o reconhecimento individual para estimar o número de recapturas. A densidade populacional foi obtida pelo cálculo do número de indivíduos pela área total de cada transecção para cada amostragem. O tamanho da população foi obtido multiplicando a área de ocupação calculada versus a média e o desvio padrão dos maiores valores de densidade populacional. Foi obtida a influência das variáveis abióticas sobre a atividade da população em relação ao número de indivíduos encontrados por mês e número de indivíduos encontrados por dia de amostragem. Para isso, foi realizado o teste de correlação de Pearson para determinar a relação entre temperatura do ar, humidade, precipitação e fotoperíodo. Foram utilizadas somente as variáveis que não possuíam autocorrelação para realizar o teste de regressão linear múltipla entre as variáveis e o número de indivíduos encontrados ativos. Foram encontrados no total 133 indivíduos, cinco destes foram recapturados uma vez, um recapturado duas vezes, e um recapturado quatro vezes. A maior densidade média mensal foi de 4.666 indivíduos/ km2registrada no mês de julho e o tamanho populacional foi estimada em 32.800 individuos (Standart deviation ranging from 24.600 to 41.000). O número de indivíduos encontrados ativos por mês obteve uma relação negativa significativa com o fotoperíodo e não significativa com a precipitação. Em relação ao número de indivíduos encontrados ativos por dia de amostragem a análise de regressão obteve uma relação negativa significativa com o fotoperíodo e não significativa com a precipitação e com a humidade. Desta forma, os resultados demostram a variação no número de indivíduos ativos nas diferentes épocas do ano e também demostram a importância do fotoperíodo na regulação da atividade dessa população.
  • Palavras-chave: atividade populacional; conservação; Melanophryniscus; recaptura; variáveis abióticas.
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Danieli Guterres

  • Orientador: Dr. Ricardo Berteaux Robaldo
  • Coorientador: Dr. Fabiano Corrêa
  • Título da dissertação: Ecologia trófica dos peixes anuais Austrolebias nigrofasciatus e Cynopoecilus melanotaenia (Cyprinodontiformes:Cynolebiidae) na várzea do Canal São Gonçalo, extremo sul do Brasil
  • Resumo: Os peixes anuais evoluíram em áreas úmidas temporárias e são representados no Brasil pela família Cynolebiidae, a qual compreende o grupo de peixes mais ameaçado de extinção no país. Essa ameaça provém do elevado grau de endemismo, tamanho populacional reduzido e ocorrência em habitats extremamente vulneráveis. Este trabalho objetivou estudar a ecologia alimentar de Austrolebias nigrofasciatus e Cynopoecilus melanotaenia, em área úmida na várzea do Canal São Gonçalo, extremo sul do Brasil. Testamos hipóteses de diferenças intraespecíficas na dieta relacionadas com o aumento do tamanho corporal durante o desenvolvimento ontogenético, entre juvenis, machos e fêmeas e em relação à sazonalidade, bem como diferenças interespecíficas na dieta devido às diferenças morfológicas entre as espécies. Foram realizadas coletas mensais entre setembro de 2015 e agosto de 2016, em dois pontos da área de estudo. A dieta de A. nigrofasciatus foi caracterizada por 25 itens alimentares e a de C. melanotaenia por 31 itens alimentares. As espécies seguem o padrão de estratégia alimentar generalista e os principais itens alimentares consumidos foram microcrustáceos (cladóceros, copépodos e ostracodas) e insetos aquáticos imaturos (larvas de Diptera). O tamanho do corpo foi confirmado como fator determinante na variação intraespecífica da dieta com variações entre as classes de tamanho testadas e entre juvenis e adultos, porém não foram detectadas diferenças na dieta entre machos e fêmeas. Além disso, foram encontradas variações sazonais na dieta das espécies e diferenças interespecíficas permitiram diferenças na composição das dietas.
  • Palavras-chave: dieta, estratégia alimentar, desenvolvimento ontogenético, sazonalidade, diferenças interespecíficas.
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Leonardo Amaral de Moraes

  • Orientador: Dr. Giovanni Nachtigall Mauricio
  • Coorientador: Dr. Marcos Ricardo Bornschein
  • Título da dissertação: Bioacústica, morfologia e taxonomia de Eleoscytalopus (Aves: Passeriformes: Rhinocryptidae), um gênero endêmico da Mata Atlântica
  • Resumo: O gênero Eleoscytalopus (Passeriformes: Rhinocryptidae) é representado por duas espécies descritas: Eleoscytalopus indigoticus (Wied, 1831) e Eleoscytalopus psychopompus (Teixeira e Carnevalli, 1989), ambas endêmicas da Mata Atlântica. Alguns autores questionam E. psychopompus como uma espécie válida e distinta de E. indigoticus. Em relação à E. indigoticus, um estudo sobre a filogenia molecular do grupo revelou uma estruturação filogeográfica que indica variação genética dentro da espécie. Através de análises bioacústicas e morfológicas das duas espécies, conduzir uma revisão da taxonomia do grupo e ampliar o conhecimento sobre o mesmo é o principal objetivo deste trabalho. Para atingir tal objetivo, foram analisadas 51 gravações de E. indigoticus e oito de E. psychopompus, entre canto e chamado, além de 92 exemplares de E. indigoticus, e 6 de E. psychopompus, abrangendo toda a distribuição geográfica dos dois táxons. Eleoscytalopus psychopompusteve sua validade como espécie confirmada, visto que difere do seu táxon irmão no passo do canto, no formato do chamado monossilábico e do chamado trinado, além da coloração das penas das tíbias e dos flancos. Já E. indigoticus não apresentou distinção consistente de voz, tampouco morfológica, suficientes para justificar reconhecimento taxonômico de populações ao longo de sua distribuição geográfica. Contudo, ressalta-se que algumas populações da espécie manifestaram certa divergência, embora não configurando diagnoses definidas, as quais consideramos serem parte de um processo de especiação ou variação clinal.
  • Palavras-chave: Eleoscytalopus indigoticus, Eleoscytalopus psychopompus, Mata Atlântica; taxonomia; vocalização; plumagem; morfometria.
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Mayara Ferreira Mendes

  • Orientador: Dr. Marco Silva Gottschalk
  • Coorientadora: Dra. Monica Laner Blauth
  • Título da dissertação: Revisão de espécies de Zygothrica (Diptera, Drosophilidae) da Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz, com a descrição de novas espécies
  • Resumo: Drosophilidae é uma família diversa e amplamente distribuída, que contém espécies com diferentes hábitos alimentares. Apesar dos numerosos estudos envolvendo Drosophilidae, sua maioria se concentra em gêneros frugívoros devido a técnicas de captura que privilegiam esse grupo, sendo outros gêneros menos explorados, como é o caso daqueles micófagos. Alguns destes gêneros constituem o grupo genérico Zygothrica, ou seja, Hirtodrosophila, Paraliodrosophila, Paramycodrosophila, Mycodrosophila e Zygothrica. Neste sentido, este estudo buscou auxiliar no reconhecimento de espécies micófagas, identificando os exemplares pertencentes aos gêneros Zygothrica e Mycodrosophila depositados na Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (CEIOC), Rio de Janeiro, Brasil, e caracterizando sua morfologia. A identificação dos indivíduos foi realizada com base na morfologia corporal com especial atenção à terminália externa e interna. Todas as espécies reconhecidas foram fotografadas e as novas espécies propostas tiveram suas terminálias ilustradas. Um total de 98 indivíduos, provenientes de coletas realizadas em dez estados brasileiros, foram identificadas dentro de 22 espécies. Destas, as espécies Zygothrica sp.13 sp. nov., Zygothrica sp.102 sp. nov., Zygothrica sp.32 sp. nov. e Mycodrosophila sp.23 sp. nov. foram propostas. Também incluímos ilustrações de um macho de Z. neoaldrichi Burla, originalmente descrita através de holótipo fêmea na década de 50. Do total de espécies presentes na CEIOC, 15 constituem novos registros de distribuição.
  • Palavras-chave: Biodiversidade, fauna brasileira, Inseto, micofagia, mosca.
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Robson Crepes Corrêa

  • Orientador: Dr. Edison Zefa
  • Título da dissertação: Taxonomia de espécies brasileiras de Adelosgryllus Mesa & Zefa, 2004 (Orthoptera, Grylloidea, Phalangopsidae), com base na morfologia, bioacústica e testes de isolamento reprodutivo
  • Resumo: Adelosgryllus Mesa & Zefa, 2004 foi descrito a partir da espécie tipo Adelosgryllus rubricephalus para indivíduos coletados em diversos hábitats, com ampla distribuição geográfica. Os espécimes possuem em média 8mm de comprimento, cabeça vermelha e corpo preto, diferindo das duas espécies recentemente descritas para o Peru: Adelosgryllus spurius Gorochov, 2011 com cabeça alaranjada e Adelosgryllus phaeocephalus Gorochov, 2011 com cabeça marrom. Nesse trabalho caracterizamos e comparamos a morfologia de indivíduos de Adelosgryllus de quatro localidades, Jaguarão/RS, Capão do Leão/RS, Parque Nacional do Iguaçu/PR e Crato/CE, destacando os escleritos fálicos e a venação das tégminas em machos e a papila copulatória das fêmeas. Além disso, realizamos testes de isolamento reprodutivo a partir de encontros entre indivíduos de Capão do Leão, Jaguarão e Parque Nacional do Iguaçu. Os indivíduos foram obtidos em coletas ativas, sendo que os do Crato foram diretamente fixados em álcool 70%, e os outros mantidos em terrários para a obtenção dos cruzamentos, a partir dos quais se analisou o comportamento reprodutivo, som de corte, viabilidade da prole e fotografias das características diagnósticas. O trabalho foi dividido em dois capítulos, o primeiro para determinar a identidade específica dos indivíduos de A. rubricephalusdas três localidades do Sul, e o segundo para descrever os espécimes do Crato. Os indivíduos foram fotografados in vivo, com o objetivo de obter a coloração corporal sem alterações promovidas pelos fixadores. As medidas corporais foram padronizadas, a genitália dos machos e a papila copulatória das fêmeas foram tratadas com solução saturada de KOH para a remoção dos tecidos e fotografadas. A tégmina direita dos machos foi extraída para análise das áreas e veias. A morfologia corporal dos indivíduos das três localidades do Sul é semelhante, não encontramos diferenças consistentes que sustentassem qualquer das populações como espécie diferente, as pequenas variações encontradas nos elementos morfológicos foram perceptíveis dentro e entre populações, e os cruzamentos resultaram em F1 e F2 viáveis. Desta forma, concluímos que as três populações pertencem a A. rubricephalus, e que a distribuição da espécie é ampla, com características relativamente conservadas nas três localidades amostradas. Quanto aos indivíduos do Crato, foram determinadas duas novas espécies, cuja diagnose foi centrada nos escleritos fálicos dos machos. Este trabalho contribuiu para esclarecer e ampliar a distribuição geográfica de A. rubricephalus, incluindo novas informações para o reconhecimento das espécies, bem como a inclusão de duas novas espécies que ocorrem na Caatinga do Nordeste do Brasil.
  • Palavras-chave: Ensifera, grilo, genitália, híbridos, som de corte.
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