No processo de transição de gênero para o feminino, a estudante de medicina Jô Magalhães, de 34 anos, teve sua matricula cancelada no curso da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) por suspeita de fraudar cota para transexuais. Segundo Jô, não houve transparência no processo e nem justiça na decisão de cancelar a matrícula.
“Não respeitaram minha identidade de gênero. Decidiram a qualquer custo que iriam me tirar de lá. A UFSB me destrói, mas isso tudo só serviu para me libertar das amarras da sociedade machista e transfóbica. Eles definiram que eu seria um ‘judas para dar exemplo’, mas não se preocuparam com o lado humano. Em nenhum momento do processo a UFSB deixou claro que bases usaram para definir minha transgeneridade ou não. Foi um processo injusto”, destacou Joana ao portal Me Salte.
“Não foi planejado para fraudar nem para nada, mas foi planejado sim para eu me livrar de toda máscara e fantasia que eu usava, foi o primeiro dia que sai de casa sem a fantasia que levei por tanto tempo, era a ressurreição da Joana Largon. Mas claro, nada seria fácil pra mim, eu não tinha o padrão (se é que existe padrão) para ser uma trans, e me denunciaram por fraude no processo. Sinceramente, nem culpo quem denunciou, afinal é um direito e as coisas precisam ser esclarecidas (acho essa palavra meio racista). Foi aí que começou a saga da minha determinação de gênero na UFSB“, explica.
Jô explica que foi feita uma comissão com professores, que segundo ela são pessoas LGBTQ+, que tiveram a função de fazer um relatório afirmando se a estudante é ou não transexual. De acordo com Jô, o relatório da comissão não foi feito da forma correta. “Não conheceram a minha casa, não conversaram com meus amigos, não procuraram meu familiares, nada. Apenas disseram o que quiseram e pronto“, afirmou ao Me Salte.
“Quando a UFSB determina que minha identidade de gênero não é minha e subjetiva e é ela quem o define, ela me mata, mata minha liberdade, mata minha alma. E hoje não estou disposta a voltar atrás e matar mais uma vez a Joana como fiz no passado, se alguém tiver que morrer que morra a carne, não só a alma“, completou Joana, que seguirá com o caso na Justiça em busca do reingresso no curso.
Fonte: Pheeno