UFPel Rocket Team: lançando foguetes e futuros

Equipe de foguete modelismo da Universidade Federal de Pelotas, vive em 2025 sua maior conquista e compete na LASC 2025

Luis Garcez / Em Pauta

Os integrantes da UFPel Rocket Team tem 27 integrantes e competiu na maior competição de foguetes da América Latina

Fundada em 2017, A UFPel Rocket Team, equipe de foguetemodelismo da Universidade Federal de Pelotas, vive em 2025 sua maior conquista: participar da Latin America Space Challenge (LASC), a maior competição de foguetes da América Latina e a segunda maior do mundo. Reunindo projetos universitários de países como China e diversas nações da Europa, o encontro acontece na primeira semana de novembro, entre Bauru e Iacanga (SP), e reúne mais de mil “rocketeers” e “satelliteers” com diferentes veículos aeroespaciais.​

Com 27 integrantes divididos em sete times (propulsão, aerodinâmica, estruturas, aviônica, relações, gestão e comunicação), a UFPel Rocket Team projeta e constrói foguetes para competições com apogeus de cem metros a dez quilômetros. Além do desenvolvimento tecnológico, a equipe aposta em divulgar ciência e aproximar projetos acadêmicos da comunidade, por meio de redes sociais, imprensa, oficinas educativas e eventos em escolas.

“O trabalho de foguetes é principalmente inovação tecnológica e divulgação científica, mostrando que na UFPel temos recurso para chegar muito longe mesmo sem um curso de engenharia aeroespacial”, explica Lívia Silveira, estudante do quarto semestre de jornalismo e responsável pela comunicação da equipe. Lívia conta que entrou no grupo após incentivo da mãe, que é professora de ciências e conheceu o UFPel Rocket Team através de atividades escolares. “Entrei achando que só faria carrosséis no Instagram e talvez uns stories, mas acabei apaixonada pelo projeto. Aprendo e me divirto todos os dias, com pessoas que me fazem sentir muito bem. A equipe virou uma família para mim.”

A convivência entre áreas técnicas e comunicacionais exige adaptação. Segundo Lívia, uma das maiores dificuldades foi estabelecer uma comunicação eficaz com os membros técnicos, tradicionalmente mais tímidos. “É preciso ser maleável, entender os limites deles na comunicação e criar um ambiente confortável. Depois que nos aproximamos, extrapolando a barreira do trabalho, conseguimos melhorar muito nossas relações.”

Durante a LASC, o estudante Thierry Holz Marth, do segundo semestre de Engenharia de Controle e Automação, assumiu a liderança técnica do time: “Assumir esse papel foi um desafio enorme, liderar um grupo com mais de 20 integrantes exige bastante jogo de cintura. Precisei aprender a equilibrar tarefas técnicas com gestão e comunicação, entender perfis e manter todos motivados, especialmente na competição.”

Thierry Holz Marth carregando Netuno, o foguete da UFPel Rocket Team. Arquivo pessoal/ Em Pauta

 

Na competição, o time enfrentou imprevistos: falha no sistema de aviônica e no acionamento do paraquedas de recuperação. Entretanto, apesar das dificuldades, conseguiu lançar o foguete Netuno, resultado de meses de dedicação. “Nossa maior expectativa era ver o foguete decolar, e ele decolou. Isso já foi uma conquista enorme. O aprendizado valeu mais que qualquer troféu, trocamos experiências com equipes de outros lugares, aprendemos novas técnicas e vimos o quanto podemos crescer”, resume Thierry.

Em uma conversa com o coordenador do UFPel Rocket Team, Alejandro Martins Rodriguez, que assumiu o projeto após a saída do professor Paulo Ferreira, ele reforçou a importância da interdisciplinaridade em projetos universitários: “Engenharia, física, jornalismo, qualquer disciplina não pode ser aprendida só em sala de aula. Integrar diferentes áreas em prol de um objetivo e experimentar competição é uma das formas mais importantes de empoderamento dos alunos”. Segundo Alejandro, as competições como a LASC mostram a necessidade de projetos contínuos, que vão além do ensino tradicional, promovendo experiências reais, prazos, metas e adversários, em uma dinâmica próxima ao mercado de trabalho que espera o aluno após a faculdade.

Alejandro também afirma que a competição deixou algo muito claro para ele: é essencial e urgente a mudança das formas atuais de ensino. “Hoje em dia, em frente à todas as novas tecnologias, o professor precisa de outra função, pois o mundo adquiriu outra dinâmica, outra lógica. Esse tipo de competição tende a dar luz a esse tipo de percepção, que só se tem na prática. Andar, viajar, competir e integrar cursos cria experiências de aprendizagem que só são possíveis fora de sala de aula.”

Para 2026, o UFPel Rocket Team preparará um novo edital de ingresso para aumentar a equipe. O foco é desenvolver um foguete de 500 metros e buscar mais apoio institucional, como um laboratório próprio para pesquisa e ensaios. O grupo garante continuar divulgando ciência para a comunidade e promovendo oficinas educativas, ampliando o interesse pela área aeroespacial junto à juventude pelotense.

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