Quem será o próximo alvo do Predador?
Em uma franquia que parecia fadada a mesmice, Predador: A Caçada traz a história para um novo contexto, ao mesmo tempo que homenageia o filme original e abre o precedente para que a criatividade possa tomar conta.
Por Felipe Boettge
Predador: A Caçada é o sétimo filme da franquia e o primeiro a ser lançado após a compra da Fox pela Disney. Dessa maneira, o filme está disponível no Star+, streaming da empresa desde o dia 5 de agosto e traz uma história diferente das já contadas. Em 1719, uma habilidosa guerreira Comanche tenta proteger seu povo de um predador alienígena altamente evoluído que caça humanos por esporte. Ela luta contra a natureza, colonizadores perigosos e essa criatura misteriosa para manter sua tribo segura.
É baseado nessa premissa que o filme constrói um ótimo clima de tensão, aventura e ação por dentro da floresta, mostrando desde o confronto contra animais silvestres até o embate contra o caçador espacial.
Dessa forma, o diretor Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10) traz o predador para o embate contra um povo muito inferior tecnologicamente e encontra no filme original, estrelado por Arnold Schwarzenegger, as referências para tornar o filme tanto uma homenagem quanto uma potencialização do que poderia ter sido feito. Atingindo isso, com excelentes sequências de ação e uma utilização sensacional de todo o arsenal que o alienígena sempre teve e mostra itens que ainda não conhecíamos, mas que tem o mesmo efeito impressionante. É nesses momentos que o filme abusa do sangue, explosões e mortes. Nos fazendo ver o quão perigosa a criatura é naquele contexto.
E mesmo sem uma solução tão inovadora quanto à premissa, o embate final consegue proporcionar a tensão e reviravoltas necessárias para premiar as escolhas feitas durante o filme, principalmente devido a entrega de Amber Midthunder, que segura o filme e dá a ele uma protagonista com que podemos nos preocupar. Mas não só isso, é sua presença e história que tornam o filme um respiro. Acompanharmos as provações de Naru dentro da tribo e contra o caçador alienígena não deixa dúvidas do quão incrível a personagem consegue ser e torna interessante acompanhar a sua rápida e forçada evolução como guerreira enquanto precisa sobreviver a esse perigo extremo.
Sendo assim, mesmo que sem grandes surpresas, o filme termina tendo mostrado tudo que poderia daquele confronto. Aceitando o filme que é, sem se propor a algo que não poderia atingir. Além disso, ainda abre um bom indicativo de que há sim espaço para a franquia brincar com povos e épocas diferentes.
É pensando nisso que um exercício de criatividade possa ser proposto depois desse filme: Quem mais o Predador poderia enfrentar? Após termos visto ele se embrenhar nas matas do Guatemala para caçar um grupo de mercenários, atacar Los Angeles e enfrentar o Alien duas vezes, são poucos os adversários a altura da criatura e que poderiam trazer combates interessantes para o público. Entretanto, algo que foi muito brevemente mostrado em Predadores (2010), pode ser o caminho mais interessante para a série de filmes, principalmente quando o rápido confronto do alienígena contra Hanzo e sua katana já se mostrou interessante por si só.
Portanto, levar o próximo filme para um cenário oriental e mostrar quanto estrago os samurais poderiam causar ao alienígena poderia agregar muito a uma franquia que tem a chance de usar dessa loucura a seu favor. Senão um Predador vs Samurai, poderíamos também encontrar o alienígena enfrentando Vikings, já que a cultura nórdica é algo que nunca sai de alta. Assim como o faroeste americano, tema usado para filmes de alienígena uma vez ou outra e que poderia muito bem receber o caçador. Abraçar um caminho diferente do que já foi tanto abordado, mostrando outras culturas, técnicas e tecnologias enfrentando esse clássico monstro do cinema pode ser a salvação de uma franquia que parecia perdida.