Lugar de mulher é na oficina, e onde ela quiser
Pamela Vieira trabalha como mecânica em uma oficina de Capão do Leão
Pamela Vieira, mecânica há 15 anos em sua oficina de trabalho – Foto Stéfane Costa / Em Pauta
De seus 34 anos de vida Pamela Vieira passou quinze deles trabalhando como mecânica. A inspiração para o trabalho veio através de outra mulher, sua mãe. Desde pequena Pamela via seus pais trabalhando com mecânica, um negócio de família, fato que lhe despertou curiosidade pela profissão.
– E eu iniciei pela paixão mesmo, eu gostava de trabalhar na graxa, gostava de mexer em casa, sabe? Tinha muita vontade de aprender – conta Pamela.
O aprendizado foi chegando aos poucos, com muita insistência e força de vontade. O que não aprendeu com a família, Pamela descobria através de vídeos na internet.
Ela revela que muitas clientes que chegam no estabelecimento ficam espantadas por ver uma mulher como mecânica, e acabam inclusive revelando vontade de aprender e entender o serviço. O resultado é um ambiente muito mais acolhedor para mulheres, uma vez que inúmeros casos de golpes e superfaturamento de preços são relatados, ter uma mulher na oficina faz com que haja mais confiança para quem procura o serviço. Mas o cenário nem sempre foi favorável para Pamela. A mecânica conta que, principalmente quando ingressou no ramo, ouviu muitas críticas e até grosserias de homens que deixavam o carro na oficina.
– No início eu ouvi muita coisa, de não deixarem eu mexer no carro deles, sabe? De eu mexer em um parafuso e eles virem para revisar o aperto, ou dizer ‘bah tem mulher naquela oficina, eu não vou levar meu carro’. Hoje a maioria dos clientes já chegam aqui e me chamam. Mas é difícil por ser um meio muito, muito pequeno para a mulher. A mulher ainda não tomou o espaço dela, mas eu espero que daqui há um tempo apareçam mais mulheres que se interessem – diz.
Para muitas mulheres que têm vontade de se aventurar na mecânica, Pamela aconselha: “Tem que gostar e ter vontade. A mulher pode tudo, é só ela querer. Com o tempo tu te aperfeiçoa e aprende a não usar tanta força, usar mais o jeito. Claro que tu vai fazer força e se machucar no início, mas vale a pena, vale muito a pena”, completa.
