Internet é usada como alternativa na prevenção à violência

Por Monique Heemann

Relatos online ajudam a criar mapeamento de locais com maior incidência de crimes

A segurança é um dos direitos que garante a nossa Constituição e é essencial ao ser humano. Contudo, às vezes a proteção não vem de onde deveria – dos órgãos públicos.

A cidade de Pelotas é um reflexo desse quadro. A violência urbana parece não fazer mais distinção de horários ou locais e está presente em diversos espaços. A alternativa encontrada por muitos foi o uso da internet. Ao sofrer ou presenciar um crime, a atitude que se segue é a de avisar, por meio da web, outros habitantes, para que evitem a região.

Exemplo da iniciativa é a página do Facebook Denúncias Pelotas, que publica principalmente relatos de roubos, furtos e arrombamentos. A estudante da UFPel Amanda Abex, 21, criadora da página, conta que, no início de 2015, viu a situação da segurança na cidade piorar. “Eram assaltos à luz do dia e invasões de apartamento, todos com um ponto em comum: a ausência ou falta de prontidão da Brigada Militar, justificada pela ‘falta de viaturas.’”

 

(Página do Facebook publica relatos de crimes)

(Página do Facebook publica relatos de crimes)

Segundo Amanda, o objetivo da página é reunir o maior número de relatos possível para alertar os moradores da cidade e cobrar dos órgãos públicos atitudes em relação à alta incidência de casos de violência em Pelotas.

Dados disponibilizados no site da Brigada Militar apontam que, em outubro de 2014, foram cerca de 140 roubos a pessoa – quando há o uso de violência – e 50 furtos qualificados – caracterizado por fraude ou abuso da confiança da vítima, por duas ou mais pessoas – na cidade. Até o fechamento desta matéria, a Brigada Militar não forneceu dados atualizados.

Para Amanda, a eficácia da internet no auxílio à prevenção da violência tem fundamento por permitir o compartilhamento de uma informação com um grande número de pessoas, além da instantaneidade com que isso pode ser feito.

Além da Denúncias Pelotas, sites como o Onde Fui Roubado – que existe também em formato de aplicativo –permitem fazer um mapeamento dos locais com maior incidência de roubos e furtos. No site, é possível selecionar a cidade, o endereço exato, data e hora do crime e ainda o tipo de crime cometido. Além disso, pode-se selecionar o objeto roubado e o prejuízo estipulado.

(Site permite apontar endereço exato onde crime aconteceu)

(Site permite apontar endereço exato onde crime aconteceu)

É importante salientar, no entanto, que a internet é uma alternativa e tem poderes limitados. Possíveis crimes só poderão ser evitados se relatados por alguém que já os tenha sofrido. Portanto, é necessário cobrar a segurança dos órgãos públicos, além de medidas a longo prazo que busquem a redução da violência.

Compreendendo a violência

Em seu site, o médico Drauzio Varella afirma que, além das raízes orgânicas da violência – como características físicas que determinariam um comportamento violento, segundo certas teorias –, estudos científicos recentes permitem afirmar que a violência tem um fundamento biológico.

No entanto, não estamos condicionados às características genéticas. Nosso comportamento é consequência de interações sutis entre genes, condições ambientais e experiências de vida. Entre os fatores sociais e a bioquímica envolvidos na violência, estão o álcool, os neurotransmissores – existem mediadores químicos envolvidos nos mecanismos que conduzem à agressividade, como a serotonina –, o lobo frontal – muitos cientistas acreditam que o córtex do lobo frontal exerce influência no controle da impulsividade e do comportamento violento –, e a genética.

 

 

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