Comunidade da UFPel vai à rua em protesto e memória ao Museu Nacional
Por Jessica Alves
Diversos alunos e docentes da Universidade Federal de Pelotas se reuniram na última segunda-feira (3) em uma caminhada de protesto pelas ruas da cidade em luto e memória pelo desastre acontecido ao Museu Nacional no último domingo, (2).
“Um povo sem história é nada! Um povo sem memória é nada!” era o que diziam os manifestantes aos cidadãos pelotenses durante a passeata. O grupo se reuniu em frente ao Instituto de Ciências Humanas às 17 horas e procedeu em uma caminhada de protesto em direção ao Museu Leopoldo Gotuzzo, clamando em defesa da ciência, dos patrimônios e da história.
Um grande círculo foi feito em frente ao museu e todos os participantes promoveram um minuto de silêncio, em memória à nação, aos povos indígenas e ao acervo e pesquisa perdidos no incêndio.
“Posso dizer que eu estou muito triste com o que aconteceu, porque é uma perca nacional muito grande. Nós, alunos das humanas, a gente vê tanta coisa acontecendo com a educação, esses cortes de verbas, principalmente pra nós que fazemos as pesquisas, é muito dolorido ver anos de trabalho queimados” contou Simone Fernandes, aluna do curso de Antropologia e Arqueologia da UFPel.
Por fim, o grupo se dirigiu para frente do Teatro Sete de Abril, o primeiro teatro construído no Rio Grande do Sul e um dos mais antigos do Brasil, onde distribuiu velas para todos os ali presentes, que, emocionados, debateram sobre a situação e as acenderam em frente ao local como símbolo do luto e tristeza pela decadência dos patrimônios culturais, não só da cidade de Pelotas, mas do Brasil inteiro.
“Não são apenas os elementos de 200 anos de historia do Brasil e do mundo que incendiaram na noite de dois de setembro de 2018, são as bases dos saberes contemporâneos sobre a nossa diversidade cultural, as nossas condições de existência e sensação de pertencimento à nossa formação e perspectivas de futuro e cidadania que se tornaram cinza da noite pro dia. Nada disso é acaso ou acidente, trata-se dos efeitos perversos e injustificáveis de opções políticas e governamentais rumo ao desmonte do ensino público da pesquisa e da ciência, com comitente a difamação do pensamento político em prol da privatização de todos os setores da nossa sociedade. Queríamos deixar e a nossa solidariedade aos nossos colegas e a aquelas pessoas que perderam toda a sua pesquisa, nós perdemos muito nessa noite” nota escrita e lida pela coordenadora do curso de Antropologia e Arqueologia.
Em nome de todos os alunos, docentes e funcionários da UFPel e da equipe Em Pauta, demonstramos nosso lamento diante à tragédia acontecida e frente à situação frágil da educação e pesquisa em nosso país.